1 2019-12-09T13:32:41-03:00 xmp.iid:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 xmp.did:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 xmp.did:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 saved xmp.iid:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 2019-12-09T13:32:41-03:00 Adobe Bridge 2020 (Macintosh) /metadata
Investimentos

Petrobras (PETR4) anuncia manutenção da política de dividendos, mas intenções do novo governo preocupam; o que esperar da ação?

Para analista, plano estratégico divulgado pela companhia pode não estar alinhado com o próximo governo da Petrobras

Por Ruy Hungria

01 dez 2022, 12:48

Atualizado em 01 dez 2022, 12:48

Petrobras PETR4
Imagem: Shutterstock/ Montagem: Maria Eduarda Nogueira

A Petrobras (PETR4) divulgou seu tão aguardado Plano Estratégico 2023-2027, com poucas mudanças comparado com a versão anterior. 

O plano atualizado estima um aumento de US$ 10 bilhões nos investimentos. Mais uma vez, o foco será no segmento de Exploração & Produção de petróleo, que ficará com 83% dos US$ 78 bilhões que a empresa espera investir entre 2023 e 2027.

Dos US$ 64 bilhões destinados para a E&P, o pré-sal terá direito a 67% dos investimentos.

Fonte: Petrobras

Isso está em linha com o plano anterior e com os desejos do mercado também, dada a grande produtividade e rentabilidade desses campos. O pré-sal é o grande responsável pela enorme geração de caixa e, consequentemente, pelos dividendos gigantescos que PETR4 tem distribuído aos acionistas nos últimos anos. 

Política de dividendos será mantida

Aliás, a política de dividendos era uma das grandes dúvidas do mercado e, de acordo com o novo plano, ela será mantida, permitindo bons dividendos nos próximos anos: 60% do fluxo de caixa operacional após investimentos, desde que a dívida bruta permaneça abaixo de US$ 65 bilhões (hoje está em US$ 54 bilhões).

Outro papel importante do pré-sal é garantir à Petrobras custos de extração baixos, o que por sua vez garante a ela geração de caixa mesmo em cenários de preços de petróleo deprimidos. Nas projeções atualizadas, o custo total do petróleo produzido subiu de US$ 29 por barril de óleo equivalente (boe) para US$ 33/boe, um pouco afetado por pressões inflacionárias, mas também por maiores pagamentos de royalties.

Fonte: Petrobras

A parte positiva é que esses ajustes para cima resultam de uma projeção de petróleo bem mais valorizado do que no plano anterior, o que deixa o saldo final positivo. Além disso, é importante lembrar que, ainda que a expectativa de custo tenha aumentado, ele ainda permanece em níveis baixos e capazes de permitir à companhia enfrentar preços de petróleo bem mais baixos do que os atuais.   

Fonte: Petrobras

Ainda sobre o segmento de E&P, uma das grandes mudanças foi um foco maior na Margem Equatorial, que passará a ter mais importância na exploração do que as Bacias do Sudeste, indicando que ali provavelmente está o grande potencial de crescimento de produção do período. A ver. 

Fonte: Petrobras

Em termos de produção, a projeção recuou cerca de  0,1 milhão de boed em cada ano, refletindo a redução de participação em Sépia e Atapu, em linha com as expectativas. 

O plano ainda prevê aumento na eficiência dos parques de refino, geração termelétrica e na infraestrutura de gás, parecido com a versão anterior. 

Gostamos da mensagem de continuidade da administração e da manutenção do foco em E&P, mais especificamente no pré-sal, além da política de distribuição de dividendos – que permitiria manter yields acima de 20%, considerando o petróleo ainda em níveis elevados, manutenção da paridade de preços internacionais, e dos desinvestimentos de ativos pouco rentáveis. 

  • Acesse a lista gratuita com 3 ações boas pagadoras de dividendos para começar a buscar renda extra ainda hoje. Clique aqui para ver.

Questão é: plano apresentado pela Petrobras está alinhado com o novo governo da companhia?

Mas existe um (grande) problema: será que o Plano 2023-2027 da atual gestão está de acordo com os planos do próximo governo para a companhia? Ao que tudo indica, não!

Segundo notícias recentes e entrevistas de membros da equipe de transição, os planos do PT para os próximos anos envolveria mais investimentos em segmentos com retornos menores (energias renováveis e construção de refinarias, por exemplo), suspensão de venda de vários ativos e, consequentemente, redução na distribuição de dividendos para os acionistas.

Ainda é difícil saber se é realmente isso o que acontecerá, mas neste momento preferimos adotar premissas bem menos favoráveis para os resultados do que as que foram consideradas no plano 2023-2027.

No entanto, entendemos que, pelos preços atuais (2 vezes EV/Ebitda), a Petrobras (PETR4) segue bastante barata e oferecendo bons dividendos, mesmo já considerando uma piora da alocação de capital pela frente.

Para um investidor focado em dividendos e com uma carteira diversificada, PETR4 ainda tem potencial para gerar valor aos acionistas, especialmente através de proventos.

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.