Investimentos

Por que o Ibovespa teve reação tímida ao tarifaço de Trump?

O analista Matheus Spiess, da Empiricus, explica a reação de investidores e comenta qual é a melhor saída para o Brasil.

Por Maisa Leme

11 jul 2025, 12:06 - atualizado em 17 jul 2025, 16:22

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Imagem: iStock.com/studiocasper | Edição CanvaPro

Na última quarta-feira (09), por meio de uma carta à Lula, Donald Trump anunciou uma tarifação de 50% sobre exportações do Brasil para os EUA que deverá valer a partir de 1 de agosto. Havia grande expectativa pela reação do mercado. E, apesar de negativa, ela foi mais tímida que o esperado: o Ibovespa caiu 0,5% na quinta-feira (10).

Porque a reação do Ibovespa não foi tão negativa? 

De acordo com o analista Matheus Spiess, da Empiricus, a movimentação do mercado foi menos reativa devido ao modus operandi do presidente norte-americano, que ameaça e depois recua. Essa estratégia não é novidade, pois Trump já a usava no primeiro mandato, mas agora ela é mais agressiva

“Ele ameaça para cima depois fecha no meio do caminho, é o estilo dele. Trump vem postergando as tarifas recíprocas desde abril, primeiro seria logo depois que foi anunciado, depois postergou para 90 dias, agora para agosto. Talvez volte a postergar, mas há ao menos 20 dias para negociar algo”, diz Spiess. 

Além disso, o analista explica que o impacto é limitado uma vez que as exportações do Brasil para os EUA correspondem a menos de 15% das exportações total do país, o equivalente a cerca de 2% do PIB brasileiro

“Há impacto em setores importantes como o agronegócio, mas é contornável e, ao longo das próximas semanas, a negociação é mitigável”, complementa Spiess. 

Quais os próximos passos que o Brasil deve seguir? 

O melhor cenário para para o Brasil é não escalar a tensão e nem retaliar, segundo Spiess. O momento é ideal para negociação ecolocar a equipe técnica do Itamaraty e do MID (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) para amenizar a situação.

“Felizmente nós temos bons técnicos no Brasil. Temos que deixar esse pessoal trabalhando em um acordo que possa servir de meio de caminho, em algo como 20% ou 25% de tarifa”, complementa o analista. 

Além disso, Spiess aponta que a duração dessas tarifas ainda são incertas, uma vez que não há como saber o que o próximo presidente americano decidirá sobre esses acordos. Ou seja, elas podem não se sustentar a longo prazo

O que os investidores devem fazer com suas ações? 

Spiess aponta que os investidores devem ter calma, pois situações parecidas já aconteceram e, apesar de uma correção inicial, o mercado costuma recuperar. Porém, ele alerta que a proteção da carteira é essencial.

“Não pode ter todos os seus recursos no Brasil, é importante ter moedas fortes, de 15% a 30%. Tenha caixa para sustentar a volatilidade e comprar ações em momentos de queda, como agora. Eu tenho confiança de que quem seguiu as recomendações, está com a carteira estável hoje”, afirma o analista.

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Sobre o autor

Maisa Leme

Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero. Atualmente, estagia em redação no site da Empiricus.