
Imagem: Divulgação/Facebook Gerdau
Na última semana, o governo brasileiro anunciou a prorrogação de 12 meses para as tarifas de importação de aço implementadas no ano passado, e ainda inseriu mais quatro tipos de aço na lista, que agora conta com 23 produtos diferentes.
Mas antes que os acionistas das siderúrgicas se animem, entendemos que a medida não deve alterar o cenário de enorme sobreoferta de aço vindo da China. Como comentamos no ano passado, a taxação implementada na época seria insuficiente para conter as importações.
Para começar, apenas 19 produtos siderúrgicos teriam taxação extra, deixando outras dezenas de fora. Além disso, a alíquota de 25% começaria a valer apenas depois que os volumes de importação de cada produto superassem em 30% as médias de importação dos anos de 2020 e 2022.
Assim como esperávamos, mesmo com as novas tarifas, as importações continuaram e inclusive bateram recordes, gerando muita reclamação das companhias brasileiras – a Gerdau (GGBR4) já hibernou uma fábrica e ameaçou cortar investimentos bilionários no Brasil caso o cenário continue.
Em nossa visão, a prorrogação de 12 meses anunciada nesta semana – combinada com a adição de mais quatro produtos na lista – em nada muda as condições para o setor siderúrgico brasileiro.
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Gerdau (GGBR4): Operação nos EUA mantém a tese atrativa
Por outro lado, também não altera a nossa visão construtiva para a companhia, que apesar de ver as importações atrapalharem os resultados no Brasil, conta com plantas nos Estados Unidos onde o cenário é bem melhor, e parece estar sendo ajudado pelas tarifas sobre aço e alumínio implementadas por Trump em março deste ano.
Na teleconferência de resultados, a gestão já apontava para uma carteira de pedidos acima de 80 dias e escalada nos spreads nos EUA. Além disso, o mix por lá também deve melhorar, com maior demanda de vigas para infraestrutura, data centers e energia renovável. Esses fatores devem resultar em aumento da margem Ebitda da região no 2T25, e devem ser determinantes para um crescimento de Receita e Ebitda na comparação com o 1T25.
Essa possível melhora de resultados em um momento em que as posições short no papel estão próximas das máximas pode inclusive representar um gatilho para os papéis.

Gerdau tem ativos que não parecem corretamente precificados
Por fim, vale mencionar que a companhia possui alguns projetos entrando em operação que não nos parecem precificados neste momento.
A nova plataforma de mineração em Ouro Preto adicionará 5,5 milhões de toneladas de capacidade, e ajudará a incrementar o Ebitda em mais de R$ 1 bilhão a partir de 2026.
Outro exemplo é a recém-concluída ampliação da planta em Ouro Branco, que agregará 250 mil toneladas de capacidade de produção de bobina e aproximadamente R$ 400 milhões de Ebitda por ano. Os dois projetos combinados representam mais de 10% do Ebitda da companhia em 2024.
Por fim, também podemos ver notícias positivas envolvendo o Capex; um dos grandes receios do mercado é que a companhia mantenha o plano de investir R$ 6 bilhões neste ano mesmo em um contexto de preços baixos no Brasil, o que obviamente seria ruim para a geração de caixa. Por outro lado, isso não condiz com a disciplina de capital que temos visto da gestão nos últimos anos, e também vai contra as ameaças de cortes de investimentos caso as condições do mercado brasileiro não melhorem.
Com valuation deprimido (3,9x Valor da Firma/Ebitda), projetos acretivos que ainda não foram precificados e um 2T25 que pode finalmente começar a mostrar crescimento, Gerdau segue entre as recomendações da Empiricus para buscar dividendos.