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Na semana passada, realizamos uma reunião de atualização com a Localiza (RENT3). Após a conversa, reforçamos nossa visão construtiva sobre a companhia, com expectativa de melhora gradual nos resultados. O processo de rejuvenescimento da frota deve sustentar margens e mitigar os efeitos da dinâmica ainda adversa de preços no mercado de veículos.
O foco da companhia segue sendo o ROIC Spread das operações, ou seja, a diferença entre o retorno sobre o capital investido e o custo desse capital. Ainda que a expansão seja importante, crescer sem rentabilidade é bastante arriscado, ainda mais para uma empresa de capital intensivo, que precisa de crédito para financiar suas operações.
Os principais vetores para vermos o retorno sobre capital investido aumentar são: boa precificação, menor custo de crédito, dinâmica favorável de compra e venda de carros e fim de contratos com retorno menor. O grupo tem se movimentado com disciplina nessa direção. Por partes:
Aluguéis de carros deve ter alta no 3T25
Aluguéis de carros (RAC) deve apresentar um trimestre com leve crescimento de volume na comparação anual, mas com melhora mais notável na receita (+10% yoy) por conta do aumento de tarifas.
O movimento quase lateral esperado para o número de diárias é explicado por um arrefecimento na atividade, que já deve ser perceptível nos aluguéis empresariais. Em contrapartida, a alta temporada de pessoas físicas deve compensar a queda.
O repasse das tarifas é mérito da gestão de compra e venda de veículos, o que vem reduzindo a idade média dos automóveis, que comentaremos abaixo, na frente dos seminovos.
Essa estratégia também proporciona maior eficiência de custos, uma vez que carros mais novos demandam menor dispêndio com manutenção. Por isso, esperamos uma melhora da margem bruta para os próximos trimestres, em linha com as recorrentes melhoras desde o 3T24.
Gestão de frotas deve ter aumento de receita mas com volume anual estático
Em Gestão de frotas (GTF), o pano de fundo é parecido, mas com mais sensibilidade à atividade, já que essa frente tem maior concentração em aluguéis corporativos. Assim, esperamos um volume anual praticamente estático na frota média alugada, mas com um ligeiro aumento na receita, impulsionado por aumentos de tarifas. À medida que a empresa incremente a rentabilidade, pode voltar a focar em expansão, retomando volume no segmento.
Um movimento favorável é o avanço da estratégia de redução de frotas em uso severo (aluguéis para polícia, bombeiros, agronegócio). Apesar de oferecerem maior margem bruta devido aos altos preços, são os contratos menos rentáveis, devido à alta depreciação gerada.
Ainda existem cerca de 22 mil aluguéis ativos desse tipo de serviço. Conforme vencem, as métricas de ROIC Spread da companhia tendem a melhorar.
Vendas no segmento de Seminovos devem seguir em ritmo forte
Em Seminovos, frente de eficiência da Localiza, as vendas devem seguir em ritmo forte. Apesar do momento mais difícil para financiamento de veículos, com juros mais altos e crédito mais restrito com a inadimplência crescendo no país, esperamos que a compra de automóveis no médio prazo permaneça em linha com o visto recentemente.
A companhia segue com o guidance de trazer a idade média da frota operacional para o patamar dos 15 meses (o indicador estava em 23 meses na última divulgação). Com uma frota próxima de 330 mil veículos, o ideal para atingir essa idade seria vender cerca de 265 mil automóveis por ano (66 mil por trimestre, aproximadamente) e manter as compras também nesses patamares. Nesse caso, a frota deveria atingir a idade média esperada em cerca de 1 ano.
Esperamos vendas de cerca de 75 mil carros por trimestre. Como parte desses veículos são da frente de gestão de frotas, estimamos que em meados do 4T26 a empresa deva estar próxima de 15 meses de idade média da frota.
Projetamos um aumento tanto no preço médio de compra quanto no de venda dos veículos, movimento bastante positivo diante do IPCA negativo para seminovos em 2025, agravado nos veículos afetados pela redução do IPI. Esse resultado indica que o mix de veículos e a redução da idade média da frota têm tido um peso mais relevante sobre o valor de venda do que a própria queda de preços no mercado.
Sobre o impairment anunciado no início de agosto, estimamos um impacto de R$900 milhões na depreciação dos veículos, trazendo o EBIT para cerca de R$1,2 bilhão. Entretanto, esse efeito já é sabido pelo mercado e, portanto, deveria fazer pouco preço. Excluindo o impairment não recorrente, estimamos um EBIT próximo de R$2,17 bilhões, um crescimento de 6% a/a, em linha com o crescimento de receita.
É hora de investir nas ações RENT3?
Ainda assim, entre as empresas do setor, a Localiza se destaca como a mais preparada para atravessar esse momento, dada sua operação robusta. Enquanto outras locadoras podem ter de desacelerar ou sofrer mais, a Localiza pode atravessar o período com ainda mais vantagens competitivas.
Na última divulgação, o ROIC Spread anualizado da companhia era de 4,1%. A expectativa é que esse número se aproxime de 5% ao fim deste ano e siga crescendo, amparado por uma operação mais rentável e perspectiva queda da Selic. O número ideal para Localiza é 8%, patamar que esperamos vê-la atingir entre o 4T26 e 1T27.
Negociando a 9x o lucro projetado para 2026 segundo o consenso de mercado, as ações RENT3 seguem como recomendação Empiricus.
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