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Investimentos

Shutdown recorde está perto do fim e mercado ativa modo apetite ao risco; veja destaques desta terça (11)

A paralisação recorde de mais de 40 dias do governo americano pode estar chegando ao fim. Veja mais destaques.

Por Matheus Spiess

11 nov 2025, 09:37

Atualizado em 11 nov 2025, 09:37

mercado eua usa bolsas dolar

Imagem: iStock.com/Dilok Klaisataporn

A paralisação recorde de mais de 40 dias do governo americano pode estar chegando ao fim. O Senado aprovou um projeto de financiamento provisório que mantém a maior parte das atividades federais até 30 de janeiro. Agora, o texto segue para a Câmara, onde o presidente Mike Johnson já sinalizou apoio e expectativa de votação rápida. A possibilidade de reabertura reduziu parte das incertezas fiscais e ajudou o mercado a retomar o foco nos resultados corporativos, impulsionando o S&P 500. As bolsas europeias acompanharam o movimento, enquanto a Ásia teve desempenho misto, ainda ajustando a notícia da venda de ações da Nvidia pelo SoftBank.

A perspectiva de normalização também reforçou o apetite global por risco, beneficiando especialmente commodities como o petróleo — apesar de persistirem dúvidas sobre o excesso de oferta da Opep+ e o impacto das tensões entre Rússia e Ucrânia. No Japão, o governo prepara um amplo pacote de estímulos voltado a 17 setores estratégicos, entre eles semicondutores, inteligência artificial e defesa, buscando acelerar o crescimento. Nos EUA, os mercados de títulos permanecem fechados hoje por conta do feriado do Dia dos Veteranos, mas as bolsas seguem operando.

· 00:55 — O corte de juros em janeiro ainda é possível

Seguindo o bom humor global com o fim do shutdown nos EUA, o Ibovespa voltou a renovar máximas. O índice superou os 155 mil pontos pela primeira vez, emplacou a 14ª alta consecutiva e registrou seu 11º recorde de fechamento. Nesse ambiente, todas as atenções estavam voltadas para a ata do Copom e para o IPCA de outubro.

A ata, já divulgada, trouxe uma leitura mais construtiva para quem espera cortes de juros no início de 2026. O Banco Central confirmou que suas projeções de inflação já incorporam estimativas preliminares do impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda — o que suaviza o efeito inflacionário da medida e abre espaço para flexibilização monetária. Paralelamente, o IPCA de outubro, estimado em 0,14% (abaixo dos 0,48% de setembro), deve levar a inflação em 12 meses de 5,32% para 4,74%, reforçando a tese de início do ciclo de corte já em janeiro, caso essa trajetória se mantenha em novembro e dezembro, o que seria bom para ativos brasileiros.

O desafio, porém, é o descompasso entre política fiscal e monetária. O aperto nos juros precisou ser mantido por mais tempo exatamente porque falta uma âncora fiscal crível — quando o governo atua de forma anticíclica, gasta mais e estimula a demanda, a política monetária perde eficácia, tornando o combate à inflação mais lento e custoso. Ainda assim, com inflação convergindo e a comunicação do BC mais suave, o ciclo de cortes deve começar em breve. Historicamente, o mercado tende a subestimar a duração das quedas da Selic, e há chance de que o ciclo vá além do consenso atual.

A tendência é de duas etapas: a primeira com juros caindo para algo entre 12% e 11% ao longo do ano que vem; a segunda, mais profunda, dependerá do resultado eleitoral e das sinalizações fiscais para 2027, quando um ajuste será inevitável. Caso haja uma agenda fiscal mais firme após as eleições, o Brasil pode voltar a conviver com juros de um dígito entre 2027 e 2028 — algo hoje impensável, mas não impossível.

· 01:43 — Sinais positivos

Nos EUA, os mercados de títulos estão fechados hoje em função do feriado do Dia dos Veteranos, mas as bolsas seguem abertas e refletem um humor mais construtivo graças ao avanço político em torno do fim do shutdown mais longo da história. No Senado, um acordo provisório para financiar o governo até janeiro foi aprovado. A expectativa agora é que a Câmara vote o texto entre quarta e quinta-feira. O movimento foi suficiente para impulsionar os ativos: o Dow Jones encerrou o pregão em alta de 0,8%, o S&P 500 subiu 1,5% e o Nasdaq avançou 2,3%.

A resolução da paralisação tende a remover parte das incertezas fiscais, permitir a retomada dos indicadores oficiais e oferecer mais visibilidade para o Federal Reserve — aumentando a probabilidade de aceleração no ciclo de cortes de juros. Com a temporada de resultados praticamente concluída, o foco dos investidores pode migrar para o conjunto de estímulos previstos para os próximos trimestres, incluindo aproximadamente US$ 250 bilhões em cortes de impostos e condições financeiras mais frouxas. 

· 02:39 — Perto do fim

O Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei para encerrar o shutdown, após oito senadores democratas romperem com a orientação do partido e aderirem à proposta republicana. A Casa Branca sinalizou apoio ao acordo, que retira, por enquanto, a exigência democrata de estender o prazo que garante acesso a planos de saúde subsidiados para milhões de americanos. A movimentação gerou forte reação interna: enquanto os republicanos celebraram o resultado como vitória política, lideranças democratas classificaram o gesto como “traição”, com críticas até de familiares de congressistas que votaram a favor.

Do ponto de vista prático, o acordo reabre o governo federal, assegura o pagamento retroativo dos salários atrasados e restaura os cargos de servidores afetados pela paralisação. Em troca, os republicanos se comprometeram a colocar em votação, no futuro, a extensão dos subsídios do Obamacare — promessa ainda sem garantia de aprovação, seja na Câmara ou por sanção presidencial. Em outras palavras: o shutdown mais longo da história americana está perto do fim, mas as divergências políticas que o originaram continuam abertas, mantendo o risco de novos impasses à frente.

· 03:27 — Apoio governamental?

Na semana passada, a OpenAI virou alvo de críticas depois que sua diretora financeira, Sarah Friar, afirmar que a empresa gostaria de contar com algum tipo de apoio governamental para custear até US$ 1,4 trilhão em data centers e infraestrutura nos próximos oito anos. A declaração levantou dúvidas imediatas: como uma empresa que ainda não é lucrativa — e que recentemente lançou produtos controversos, como conteúdo erótico — poderia ter relevância estratégica a ponto de justificar respaldo estatal? Sam Altman tentou suavizar o impacto, afirmando que a OpenAI não pretende se tornar “grande demais para falir”, enquanto autoridades dos EUA garantiram que os contribuintes não bancariam resgates. Ainda assim, o sinal de alerta já estava dado.

O debate não se limita ao tamanho da empresa: o ponto sensível é a interdependência entre OpenAI e gigantes como Nvidia, Microsoft, AMD, Oracle e CoreWeave — relações financeiras e operacionais profundas que lembram a fragilidade sistêmica vista em setores como o bancário em 2008. Em um momento em que o Vale do Silício vem sustentando boa parte do crescimento em uma economia global enfraquecida, a preocupação é que uma eventual ruptura no ciclo de investimentos em IA possa ter reflexo amplo. 

· 04:11 — Avanço na distensão

China e União Europeia deram um sinal de distensão em meio às tensões comerciais envolvendo semicondutores. Depois de semanas de impasse, Pequim concordou em restabelecer o fluxo de chips produzidos pela Nexperia — empresa holandesa controlada por grupo chinês — enquanto o governo dos Países Baixos avalia suspender a intervenção temporária que havia imposto para garantir o abastecimento das montadoras europeias. O conflito começou quando os holandeses assumiram o controle da companhia, e a resposta chinesa veio na forma de um bloqueio ao acesso da Nexperia a uma fábrica essencial, o que paralisou sua produção.

A perspectiva de acordo trouxe alívio imediato aos mercados: as ações da controladora Wingtech Technology saltaram quase 10% na Bolsa de Xangai, e montadoras europeias também reagiram em alta. Ainda assim, o episódio é apenas uma peça dentro de um tabuleiro bem mais amplo. A União Europeia segue preocupada com medidas restritivas da China, especialmente no mercado de terras raras, insumo crítico para setores como energia limpa, defesa e eletrônicos. Autoridades europeias defendem que o bloco precisa proteger suas indústrias estratégicas e manter vigilância sobre os movimentos de Pequim — lembrando que, apesar do alívio de curto prazo, a disputa tecnológica continua aberta.

· 05:06 — Um ritmo mais lento

A TSMC, maior fabricante de semicondutores avançados do mundo e peça-chave na cadeia de produção da Nvidia, reportou crescimento de 17% nas vendas de outubro em relação ao ano anterior. Embora o valor mensal tenha sido recorde, o ritmo é o mais lento em 18 meses, o que gerou questionamentos sobre uma possível desaceleração do ciclo de inteligência artificial. Ainda assim, a leitura de um único mês pode distorcer a percepção, já que variações de pedidos e cronogramas costumam produzir oscilações pontuais sem mudar a tendência de fundo.

A própria dinâmica comercial sugere que a demanda…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.