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A SLC Agrícola (SLCE3) divulgou os números do 3T25 em linha com o esperado, com o avanço na produtividade das culturas de soja e milho mais do que compensando os baixos preços dos grãos. Porém, o destaque foi o anúncio de uma nova parceria (JV) com o objetivo de monetizar as terras e financiar seu projeto de irrigação.
A nova JV prevê a criação de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) com participação de 50,01% da SLC Agrícola e 49,99% de Fundos de Investimento em Participações (FIPs), geridos pelo BTG Pactual.
A SLC entrará na sociedade cedendo a fazenda Piratini com sua infraestrutura e equipamentos de irrigação. Os demais sócios vão aportar R$ 1,0 bilhão, que serão utilizados na compra da fazenda Paladino (pertencente à própria SLC) e no desenvolvimento de seu projeto de irrigação.
O contrato tem 18 anos de duração, renovado automaticamente a cada três anos, e a SPE terá direito a uma remuneração equivalente a 19% da produção nas áreas envolvidas na parceria.
Além de destravar valor por meio da venda por preços atrativos, a companhia conseguirá acelerar seu projeto de irrigação (um dos grandes pilares de geração de valor no longo prazo) sem comprometer a alavancagem. Em nossa visão, a estratégia poderá ser replicada em outras fazendas, liberando ainda mais recursos para a SLC focar cada vez mais no aumento de produtividade.
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Resultados trimestrais da SLC
Sobre os resultados trimestrais, o aumento de +11,3% na área plantada e melhora de produtividade das culturas de soja e milho (este último inclusive atingiu um recorde), levaram a receita líquida a marcar R$ 2,1 bilhões, +27,9% vs 3T24.
Inclusive, a melhora expressiva da cultura de milho com aumento de volume, preços e redução do custo unitário, ajudou o lucro bruto consolidado, que atingiu R$ 601,7 milhões (+37,6% vs 3T24) com ganho de +2 p.p. de margem, já desconsiderando os efeitos não caixa.
Apesar de um incremento nos dispêndios com frete e armazenagem, e de um aumento de +1,4 p.p. de participação das despesas sobre as receitas, o ebitda ajustado apresentou uma alta interessante de +14,7% a/a, para R$ 531,4 milhões e margem de 25,5%.
Com um aumento da dívida líquida por conta das aquisições realizadas no período e alta dos juros, o resultado financeiro piorou 59,0% na comparação anual. Ainda assim, a alavancagem segue em nível controlado de 2,34x, mas deve frear novos arrendamentos até o indicador voltar para o nível de 2x, idealizado pelo Conselho.
Por fim, a companhia apresentou um prejuízo de -R$ 14,5 milhões, que apesar da melhora na comparação anual, ainda mostra um ambiente de preços de grãos pressionados, mas assimétrico em nossa visão.
Com a sazonalidade favorável pelo fim dos pagamentos de insumos e início do faturamento, a SLC reportou uma geração de caixa livre de R$ 566,9 milhões em comparação com R$ 147,5 milhões no 3T24.
A companhia aproveitou para divulgar o novo programa de recompra de ações, que abrange até 5% dos papéis em circulação, com prazo de 18 meses, o que mostra a atratividade dos papéis nos preços atuais.
Mesmo com um ambiente desfavorável para o setor, a SLC mostrou resultados consistentes e produtividade acima da Conab por mais um trimestre. Além do mais, a JV para compartilhar os gastos dos projetos de irrigação reforçam a eficiência da companhia na alocação de capital. Por 5,8x valor de firma/ebtida e 6,6% de yield esperados para 2026, SLCE3 permanece com recomendação de compra na Empiricus Research.