1 2019-12-09T13:32:41-03:00 xmp.iid:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 xmp.did:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 xmp.did:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 saved xmp.iid:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 2019-12-09T13:32:41-03:00 Adobe Bridge 2020 (Macintosh) /metadata
Day One

Só um momento, por favor

É mesmo tão absurdo esperar um minutinho, ainda mais em um restaurante lotado?

Por Rodolfo Amstalden

13 ago 2025, 13:10

Atualizado em 13 ago 2025, 13:10

tempo relógio minuto (

Imagem: iStock.com/Valerii Evlakhov

Isto é meio estranho em São Paulo.

Muitas pessoas que frequentam restaurantes na capital paulista se sentem marginalmente ofendidas quando chamam o garçom e recebem como resposta: “só um momento, por favor”.

É mesmo tão absurdo esperar um minutinho, ainda mais em um restaurante lotado?

Bem, enquanto o cardápio não chega, podemos guardar o celular no bolso e ponderar que toda decisão de investimento demanda algum tipo de posicionamento em relação ao futuro.

No entanto, essa relação entre o hoje e o amanhã não é direta, e tampouco trivial. Conforme Taleb nos ensinou, “x is not f(x)”. 

Ou seja, a exposição que construímos para aguardar o futuro (ou, sendo mais rigoroso, para aguardar uma variedade topológica de diferentes futuros) não deve ser confundida com a pobreza epistemológica de uma simples previsão vetorial.

De qualquer forma, com ou sem arrojo intelectual, somos sempre impelidos a olhar para frente, e devemos fazê-lo ao menos com humildade.

O bom investidor se encontra logo após a letargia do momento que acabou de passar, e logo antes da ânsia por um evento que ainda não aconteceu.

Portanto, em algum lugar entre a passividade e a hiperatividade.

Essa breve reflexão budista remete a um capítulo instigante de nossa última reunião de análise, no qual estávamos considerando as atualizações do cenário eleitoral no Brasil.

Algumas das melhores cabeças da política e da economia nacional (exempli gratia, última carta do Verde) entendem que a aparente recuperação de Lula nas pesquisas de aprovação é insustentável.

E nisso concordamos também – seja pela mera reversão à média, seja pelo presidente estar fazendo um uso oportunista do embate contra Trump.

Porém, inexiste, até a presente ocasião, qualquer marcador empírico que tenha apontado convincentemente no sentido de um voo de galinha de Lula.

E está tudo bem, provavelmente não deu tempo ainda. 

Novas pesquisas serão divulgadas nos próximos meses, e então saberemos, de fato, se estamos diante de uma recuperação estrutural ou transitória da popularidade do Governo.

Agora, contudo, não sabemos, e nem podemos saber.

Logo, qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida por essa indefinição em relação ao futuro.

Isso não significa que não devemos fazer a aposta, e com certeza não significa que devemos fazer oito apostas.

Significa apenas que chegou o couvert.

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.