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Quando Justin Bieber vendeu seu catálogo musical por US$ 200 milhões, em janeiro de 2023, todos elogiaram o que parecia uma jogada estratégica.
Na época, o mercado de direitos autorais estava especialmente aquecido, com investidores buscando ativos diferenciados, e o cantor canadense oferecia uma coleção de hits que valia ouro.
O que ele vendeu foi tudo o que lançou até 2021 – mais de 290 músicas –, incluindo megassucessos como “Sorry“, “Love Yourself“, “Baby“, “Peaches“.
Os direitos de composição, gravação e toda a renda futura foram parar nas mãos da Hipgnosis Songs Capital, um fundo bilionário especializado em transformar legado artístico em fluxo de caixa previsível.
Hoje entendemos, porém, que não foi uma jogada. Foi um resgate.
De acordo com um documentário do canal norte-americano TMZ, Bieber estava quebrado, à beira de um colapso financeiro, e a venda foi para tapar buracos, não para ampliar seu patrimônio.
Apesar de ter acumulado entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão ao longo da carreira, o artista estava duro.
É possível imaginar o buraco por onde se esvai uma fortuna desse tamanho: jatinhos fretados a cada deslocamento, estadias prolongadas em resorts de luxo, uma equipe pessoal com dezenas de profissionais, carros exóticos que mais ficam parados do que rodam, compras impulsivas em joalherias e streetwear, e aquela coisa constante: cercar-se de gente que gasta por você, sem nunca te dizer “não”.
O golpe final ficou por conta do cancelamento da turnê mundial Justice World Tour, que deveria injetar mais de US$ 90 milhões líquidos na conta de Bieber. Boa parte dos compromissos já estavam pagos, a receita esperada evaporou, e o rombo explodiu. Foi aí que ele precisou vender o passado para bancar o presente.
Essa história parece distante da nossa realidade, mas ela ecoa o mesmo erro: confundir renda com riqueza.
É o mesmo padrão que vemos em atletas profissionais. Um estudo recente revela que cerca de 78% dos jogadores da NFL estão falidos ou com sérios problemas financeiros apenas dois anos após deixarem o campo.
Jogadores da NBA, mesma coisa. Mesmo tendo recebido dezenas, às vezes centenas, de milhões ao longo da carreira.
As causas? São sempre as mesmas: má gestão, pressão para sustentar amigos e família, gastos impulsivos, investimentos ruins e ausência de um plano financeiro claro. Ou seja, celebridades, atletas ou nós: o roteiro da ruína é universal.
E é justamente por isso que a disciplina básica faz toda a diferença.
Uma das ferramentas mais simples, e eficazes, é o método dos potes. Em vez de deixar o dinheiro se misturar num só lugar e ser drenado pelo desejo do momento, você o separa por função.
Organiza-se a vida financeira, e distribui-se o dinheiro, em diferentes potes. Um pote para os gastos essenciais. Um para os prazeres e o estilo de vida. E um último, talvez o mais importante, para o futuro, contribuindo para sua liberdade futura, sua reserva, sua renda passiva, sua paz.
É esse último pote que faltou para Bieber. E para tantos atletas. Eles tinham dinheiro, mas nenhum plano para mantê-lo. Nenhum ritual de proteção.
Se Bieber tivesse separado 20% de tudo o que ganhou ao longo da carreira para esse pote do futuro, guardando entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões, poderia ter curtido a vida adoidado e assim mesmo desfrutar de um padrão de vida milionário, sem precisar vender seu valioso catálogo musical.
A verdade é que ninguém quebra por falta de dinheiro. Quebra-se por falta de método.
Você pode não ter milhões entrando na conta, mas pode ter controle, clareza e estrutura. E isso, no longo prazo, vale mais que fama.