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Na última Empiricus 24/7, eu falei sobre o método dos potes.
Trata-se de um sistema que organiza as finanças, separando o dinheiro de forma organizada, com base em função e objetivos específicos.
O oposto disso? Viver do que entra. Gastar tudo. Depender da próxima entrada. Ser refém da própria renda.
Em inglês, o contraste é ainda mais claro: owner vs. earner.
Essa ideia ganhou uma ilustração perfeita nesta semana.
De um lado, Justin Bieber, o protagonista da newsletter da semana passada, que foi forçado a vender seu catálogo de sucessos para se salvar do colapso financeiro.
Do outro, Hailey Bieber. Sua esposa.
Menos barulho. Mais estratégia.
Sua marca de beleza Rhode, lançada em 2022, foi comprada agora pela e.l.f. Beauty por nada menos que US$ 1 bilhão.
Sim, um bilhão de dólares.
A notícia saiu na CNBC e na Fox Business como um verdadeiro blockbuster.
Mais impressionante ainda: as ações da empresa adquirente, e.l.f., subiram 23% no dia seguinte ao anúncio.
Pensa nisso: o mercado adorou pagar um bilhão por uma empresa de skincare de três anos de idade.
Não é comum. Geralmente, em um M&A, o comprador é punido pelo mercado, sob acusação de ter pago demais pelo ativo adquirido. Aqui, foi o contrário. A compra de Rhode virou case de criação de valor.
E não é difícil entender por quê.
A Rhode não é só mais uma marca de celebridade. Ela tem produto. Tem posicionamento. Tem comunidade. Tem repetição de compra.
Faturou mais de US$ 110 milhões no último ano. Cresceu 135% de um ano para o outro. E foca justamente onde a e.l.f. quer crescer: skincare.
Hailey, além de continuar como Chief Creative Officer, segue com participação na nova estrutura.
Ela não está saindo do negócio. Está elevando o jogo.
Não vendeu tudo — vendeu bem. Não se aposentou — alavancou.
Enquanto Justin olha para trás, tentando manter viva a renda do passado, Hailey constrói um futuro do qual ela é sócia.
Isso é ser owner.
O casal virou meme recentemente: ela arrumada como se fosse a uma reunião de conselho; ele, largado, como se estivesse indo andar de skate.
A estética dizia mais do que parecia.
Um está construindo equity. O outro queima cash.
Não é uma crítica pessoal. É uma metáfora econômica.
Justin representa o artista que ganha muito, mas não constrói nada além da própria imagem. Quando o contrato some, o dinheiro também desaparece.
Hailey representa a nova geração de empreendedoras que entendem marca, canal, margem, distribuição. Que constroem com consistência. Que criam valor.
O que ela fez com a Rhode não foi só empreender. Foi transformar sua visibilidade em patrimônio.
Ela não lucrou com a fama. Ela multiplicou a fama com método.
E isso, pra mim, é o resumo do jogo.
Ser famoso dá dinheiro. Ser dono constrói riqueza.
Foi disso que eu falei na última edição: “Enchendo os potes”.
Hailey não está enchendo os potes. Ela está criando a fábrica dos potes.