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Empiricus 24/7

Revelando negócios

A confiança se consolida antes da audiência, e a reputação chega antes do número.

Por Caio Mesquita

24 nov 2025, 09:06

Atualizado em 24 nov 2025, 09:06

Revelando negócios day one

Imagem: Edição CanvaPro

Nesta semana a Larissa me enviou o post do Instagram que conta o sucesso financeiro do ator George Clooney com sua marca de tequila Casamigos.

A história da Casamigos sempre me chamou atenção porque ela revela, de forma quase silenciosa, como grandes negócios realmente começam. É o tipo de caso que explica mais sobre empreendedorismo do que muitos livros de gestão.

A badalada tequila não nasceu como empresa, nasceu como solução. Clooney e os sócios só queriam uma bebida mais suave, mais equilibrada e que não carregasse o estigma do shot apressado.

Durante dois anos, o projeto existiu apenas como lotes privados ajustados artesanalmente. O foco era a qualidade, não o mercado.

Só depois, quando amigos, e eles tinham muitos, começaram a pedir garrafas e a demanda apareceu espontaneamente, eles perceberam que tinham um produto de verdade. A empresa foi criada porque o produto convenceu, não porque havia um plano ambicioso.

Esse padrão se repete em muitos negócios bem-sucedidos. Na Empiricus, a lógica também começou com um incômodo real e não com um business plan.

Havia um vazio enorme entre o que o investidor institucional recebia e o que chegava ao investidor comum. Os nossos primeiros relatórios nasceram como resposta a esse problema, e não como um produto pensado para escalar.

A segunda lição da Casamigos é sobre posicionamento. Clooney não reinventou a tequila, apenas mudou a forma como ela era percebida.

Ele tirou a bebida do território do exagero e a levou para o da experiência cuidadosa. Foi uma operação de narrativa tanto quanto uma operação de produto.

A Empiricus cresceu porque apresentou temas conhecidos sob a luz que o mercado evitava. O leitor não precisava de mais complexidade, precisava de clareza.

A terceira lição é sobre consistência. A Casamigos cresceu devagar porque tinha o luxo de crescer devagar.

A preocupação era o refinamento, não os holofotes. Quando a demanda explodiu, o produto já estava pronto.

Quando a Diageo comprou a marca por US$ 1 bilhão, comprou a credibilidade construída em silêncio. Comprou anos de obsessão pelo detalhe.

Negócios de conteúdo funcionam da mesma maneira. A confiança se consolida antes da audiência, e a reputação chega antes do número.

A quarta lição é sociedade. Os sócios da Casamigos já compartilhavam visão estética e afinidade intelectual.

Isso elimina ruído e acelera decisões difíceis. Empreendimentos longevos quase sempre nascem desse tipo de alinhamento.

No evento de aniversário da Empiricus na semana passada, lembrei dos valores que compartilho com meus colegas fundadores, fundamentais para a longevidade da nossa sociedade.

A última lição é reconhecer ciclos. Os criadores da Casamigos sabiam que tinham levado a marca até onde uma estrutura enxuta permitia.

A próxima fase exigia escala industrial e alcance global. Eles entenderam o momento de passar o bastão.

De certa forma, nossa associação com o BTG Pactual partiu do nosso entendimento de que o cenário competitivo que enfrentávamos exigia uma estrutura mais robusta.

No mercado, esse movimento aparece em teses que amadurecem e narrativas que perdem força. Saber ler ciclos é habilidade central para quem investe e para quem empreende.

Por isso gosto tanto desse caso. Ele mostra que grandes negócios começam resolvendo um problema real e não preenchendo uma planilha.

Mostra que posicionamento vale tanto quanto produto. E mostra que consistência funciona melhor do que qualquer pressa.

Empreender é isso: encontrar um desequilíbrio, escolher um caminho e caminhar sem pressa, tendo convicção antes de ter reconhecimento.