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Investimentos

Bolsas e petróleo sobem, com economia globais em transição em novembro; veja o que esperar da semana

Resultados corporativos ao redor do mundo, acordos de Trump e Xi Jinping, e Ibovespa renovando recordes. Confira destaques.

Por Matheus Spiess

03 nov 2025, 09:28

Atualizado em 03 nov 2025, 09:28

bolsa de valores b3 mercado ações ativos gráfico (2)

Imagem: iStock.com/primeimages

Os resultados corporativos na Europa mostram um cenário mais robusto do que o previsto diante das tarifas impostas pelos EUA. O movimento de busca por risco também se estendeu para outros mercados: ações asiáticas e futuros americanos e europeus abriram o pregão em alta, enquanto o petróleo registrou avanço após a OPEP+ anunciar a suspensão do aumento de produção abaixo do esperado no início de 2026. Já o ouro se estabilizou, após cair abaixo de US$ 4.000, pressionado pelo fim de um programa fiscal na China que beneficiava varejistas locais.

No cenário internacional, as tensões comerciais ganharam novos contornos, agora com sinais de distensão. Como parte de um acordo firmado entre Donald Trump e Xi Jinping, a China suspendeu a implementação de novos controles de exportação de terras raras e encerrou investigações contra empresas americanas de semicondutores, ao mesmo tempo em que retomou a compra de soja. Em contrapartida, os Estados Unidos retiraram parte das tarifas impostas anteriormente. Aproveitando o momento, a Índia planeja quase triplicar os incentivos para a produção doméstica de ímãs de terras raras, buscando fortalecer sua posição estratégica. Assim, novembro começa com a economia global em um estado de transição: forte demais para justificar estímulos adicionais, mas ainda sem espaço para novas medidas de aperto. Nos Estados Unidos, o ciclo de corte de juros continua; na China, a recuperação permanece irregular; e na Europa, surgem sinais de melhora. Nesse ambiente, as bolsas reagem positivamente.

· 00:56 — Esperando pela flexibilização do tom

No Brasil, o Ibovespa encerrou a semana renovando recordes e se aproximando da marca de 150 mil pontos, acumulando alta de 24,3% no ano. A atenção agora se volta para a reunião do Copom desta quarta-feira, que deve manter a Selic em 15% ao ano. Dados mais fortes de emprego reduziram as apostas em cortes, mas a sinalização recente de arrefecimento na inflação e atividade de maneira geral indica que a política monetária já surte efeito. Assim, é possível que o Banco Central adote uma comunicação gradualmente mais flexível nesta semana, mantendo em aberto a chance de um primeiro corte já na reunião inaugural de política monetária do ano que vem.

A agenda doméstica também traz uma nova bateria de resultados corporativos, com destaque para nomes de peso como Itaú, Petrobras, Suzano e Magazine Luiza. Além disso, começa a COP30, em Belém, enquanto prosseguem as negociações sobre o tarifaço com os EUA. Segundo a imprensa, o governo brasileiro pode propor um acordo mais amplo ou tratativas setoriais com concessões e reduções tarifárias, além de sugerir a meta de elevar o comércio bilateral para US$ 200 bilhões até 2030 e sinalizar compras na área de Defesa. Uma comitiva formada por Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Mauro Vieira deve viajar a Washington para avançar nas conversas.

No campo fiscal, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado vota nesta terça-feira o projeto que amplia a faixa de isenção do IR, enquanto seguem as discussões sobre compensações à MP alternativa ao IOF. Já no ambiente político, o debate esteve dominado pelo aumento da tensão entre o governo federal e o Rio de Janeiro após uma operação policial de grande repercussão, que reacendeu a pauta da segurança pública — tema que tende a ganhar protagonismo na eleição de 2026, conforme já antecipado neste espaço. Pesquisas mostram ampla aprovação à megaoperação, acompanhada de um avanço na popularidade do governador Cláudio Castro.

Ao mesmo tempo, a declaração do presidente Lula sobre traficantes foi mal recebida e acabou deteriorando sua imagem no tema. A reabertura do debate sobre segurança pública também deu novo fôlego à oposição de direita, que havia perdido espaço nos últimos meses, reforçando a possibilidade ainda existente de alternância de poder nas eleições do ano que vem. Em síntese, o sentimento predominante na opinião pública é de apoio à ação policial e preocupação com o avanço do crime organizado, sugerindo uma mudança de mentalidade com potencial peso eleitoral.

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· 01:49 — Alta apesar da incerteza

A semana começa carregada de números e incertezas. A pesquisa de sentimento do setor manufatureiro do ISM deve ser divulgada em breve, mas sua força como indicador tem perdido peso: a queda de confiança nas respostas e a crescente polarização política vêm reduzindo a credibilidade desses levantamentos. Paralelamente, dois discursos de dirigentes do Federal Reserve podem oferecer novos sinais sobre a trajetória dos juros, justamente em um momento de divisão interna no comitê e de maior cautela por parte de Jerome Powell, que evita confirmar cortes adicionais. No campo político, acontecem amanhã eleições estaduais e municipais, enquanto a Suprema Corte analisará a legalidade das tarifas impostas por Trump — um julgamento que pode até abrir espaço para reembolsos a empresas americanas. 

Mesmo assim, o mercado de ações vem sustentando uma trajetória favorável. O S&P 500 avançou 0,7% na última semana e acumula ganho de 2,3% em outubro, enquanto o Nasdaq sobe 4,7% no mês e emenda seu sétimo mês consecutivo de alta, puxado pelo sólido desempenho das gigantes de tecnologia. O grande combustível dessa performance é a temporada de resultados: cerca de 83% das empresas do S&P 500 já superaram as projeções de lucro, e o avanço consolidado nos ganhos do trimestre chega a 13,8%. Setores de tecnologia e imobiliário lideram o crescimento. Ao longo dos próximos dias, o foco dos investidores permanece nos resultados — com Palantir, AMD, Pfizer, McDonald’s e Airbnb na agenda — além dos dados de emprego e do desenrolar da paralisação do governo, que pode se tornar a mais longa da história.

· 02:33 — Mais uma semana

A paralisação do governo americano já alcança a quinta semana e começa a provocar efeitos mais profundos sobre serviços essenciais. Um dos impactos mais imediatos recai sobre o programa nacional de educação infantil voltado a famílias de baixa renda. Com centros em diversos estados ficando sem verba, mais de 65 mil crianças correm o risco de perder acesso às atividades. A situação tende a se agravar à medida que novas unidades aguardam repasses originalmente programados para novembro e dezembro.

No setor aéreo, o governo afirmou que não pretende punir controladores de tráfego que deixarem de trabalhar sem salário, mas advertiu que a falta de pessoal deve resultar em cancelamentos para preservar a segurança. Já o secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou que o governo pode efetuar os pagamentos do setor até quarta-feira. Se o impasse não for resolvido até lá, a paralisação se tornará a mais longa da história.

· 03:21 — Negociação delicada

Negociadores da União Europeia e da China estão tratando do acesso a terras raras, insumos essenciais para cadeias produtivas de tecnologia, energia e defesa. A agenda ganha relevância adicional após Trump afirmar que os EUA já teriam solucionado a questão diretamente com Xi Jinping, movimento que aumenta a pressão sobre o bloco europeu para assegurar sua autonomia e proteger o abastecimento estratégico.

Diante do risco de dependência excessiva, a União Europeia estuda alternativas além da diplomacia tradicional, entre elas uma tarifa “em espécie”. Pela proposta, exportadores chineses seriam obrigados a fornecer matérias-primas críticas sempre que enviassem determinados produtos ao mercado europeu. As discussões ainda estão em andamento e nenhuma decisão foi tomada. Qualquer medida, porém, exigirá consenso na Comissão Europeia e apoio de países influentes — e alguns demonstram resistência a retaliações por temer um agravamento da disputa com Pequim.

· 04:17 — Tendência para os próximos anos

A taxa de obesidade entre adultos nos Estados Unidos recuou para 37%, abaixo do recorde de quase 40% observado há três anos. O movimento coincide com a rápida adoção dos medicamentos da classe GLP-1 voltados para perda de peso, cuja utilização mais que dobrou desde fevereiro de 2024 e já alcança 12,4% da população adulta. As estatísticas mostram ainda que mulheres aderem mais ao tratamento do que homens, e que a faixa etária entre 50 e 64 anos é a que mais recorre a esses remédios. Tais números ajudam a ilustrar como esses medicamentos se popularizaram rapidamente, tornando-se um segmento estratégico dentro da indústria farmacêutica.

Do ponto de vista corporativo, a disputa pelos GLP-1 movimenta cifras bilionárias e está longe de arrefecer. A Eli Lilly, impulsionada pela forte demanda por Zepbound e Mounjaro, revisou para cima suas projeções de receita e fechou parceria com o Walmart para comercializar doses a menos de US$ 500. Enquanto isso, a Novo Nordisk trabalha para preservar sua liderança e ofereceu US$ 9 bilhões pela Metsera, superando um acordo que já havia sido negociado com a Pfizer. Com estimativas de que o mercado global de medicamentos contra obesidade possa atingir US$ 150 bilhões até 2030, a disputa entre as grandes farmacêuticas está apenas no início — e tende a ser um dos segmentos mais competitivos da próxima década.

· 05:03 — Nova disputa nuclear?

O episódio recente envolvendo Estados Unidos e Rússia revela um novo capítulo da disputa nuclear. Após Putin aparecer na TV estatal exaltando suas “superarmas” movidas a energia nuclear — como o míssil de cruzeiro Burevestnik e o torpedo Poseidon — Trump respondeu determinando que as Forças Armadas americanas iniciem testes nucleares em igualdade de condições. O gesto tem forte carga política, embora não esteja claro se se trata de testes de detonação, que os EUA não realizam desde 1992, ou apenas verificações técnicas de armamentos. Moscou reagiu, minimizando a importância dos testes e acusando Washington de interpretar mal suas demonstrações. A tensão aumentou após o fracasso de uma segunda cúpula entre os dois líderes e diante das novas sanções contra as principais petrolíferas russas.

A estratégia de Trump, no entanto, parece ter…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.