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Investimentos

Ibovespa bate recorde na expectativa de corte de juros nos EUA e manutenção da Selic; veja o que deve ecoar no mercado nesta quarta (17)

A decisão dos dirigentes do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil e discussões sobre o futuro do TikTok nos EUA são destaques; confira

Por Matheus Spiess

17 set 2025, 09:25

Atualizado em 17 set 2025, 09:25

economia mercado mundo global finanças

Imagem: iStock/ Athitat Shinagowin

O mercado financeiro global volta-se inteiramente para a decisão do Federal Reserve, que deve anunciar hoje um corte de 25 pontos-base na taxa básica de juros, ajustando-a para o intervalo de 4,00% a 4,25%. Embora alguns economistas mais ousados defendam cortes maiores, de até 50 pontos-base, o consenso predominante é de que a autoridade monetária optará por uma postura mais cautelosa. Afinal, a inflação segue rodando quase um ponto percentual acima da meta, e os indicadores recentes não configuram deterioração suficiente para justificar medidas emergenciais.

A precificação do mercado indica expectativa de até 75 pontos-base em reduções até o fim do ano, distribuídas ao longo das três reuniões restantes. Nesse sentido, tanto a coletiva de Jerome Powell quanto a atualização das projeções econômicas terão papel crucial para calibrar o apetite por risco dos investidores. Os cortes de juros tendem a favorecer os ativos de risco no cenário global, ao mesmo tempo em que pressionam o dólar para níveis mais fracos frente às principais moedas, inclusive contra o real.

Enquanto isso, os mercados globais operam em compasso de espera. Na Ásia, os resultados foram mistos: bolsas chinesas e de Hong Kong reagiram positivamente a estímulos domésticos, ao passo que Japão, Coreia do Sul e Taiwan encerraram no campo negativo. Já na Europa, o tom foi mais construtivo, com índices em alta apoiados por dados de inflação que mostraram estabilidade na zona do euro e no Reino Unido — ainda que ambos continuem acima das metas de seus respectivos bancos centrais.

Nos Estados Unidos, os futuros de Nova York amanheceram estáveis, após o dólar recuar ontem para mínimas de 52 semanas, em um movimento de ajuste pré-Fed. Além da política monetária americana, os investidores também monitoram a trajetória do petróleo, que devolve parte das altas recentes ligadas a riscos de oferta na Rússia. Nesse contexto, o corte de juros esperado pelo Fed tende a funcionar como verdadeiro divisor de águas: de um lado, podendo sustentar a continuidade da alta do mercado acionário americano; de outro, abrindo espaço para uma realização de lucros no curto prazo, caso Powell adote um discurso mais conservador do que o precificado.

· 00:56 — Os primeiros 144 mil pontos a gente nunca se esquece…

No Brasil, as atenções também se voltam para o Copom, que divulga sua decisão ao final do dia. A expectativa majoritária é de manutenção da taxa Selic em 15% — ao menos por enquanto. O cenário, contudo, pode evoluir: caso se confirmem novos cortes de juros nos Estados Unidos, sinais mais claros de enfraquecimento da atividade doméstica e a continuidade da convergência da inflação, abre-se espaço para que o Banco Central brasileiro inicie seu próprio ciclo de flexibilização ainda neste ano, possivelmente em dezembro. Esse movimento seria positivo para ativos de risco locais, reforçando o ambiente favorável que já vem sendo impulsionado por fatores externos, como a perspectiva de juros menores no exterior e a fraqueza recente do dólar.

Ontem, o Ibovespa atingiu a marca inédita de 144 mil pontos, encerrando o pregão em nova máxima histórica de 144.062 pontos, enquanto o dólar recuou para o menor patamar em 15 meses, negociado abaixo de R$ 5,30. Do ponto de vista histórico, o desempenho do índice costuma ser positivo em janelas de seis e 12 meses após cortes de juros pelo Federal Reserve, o que contribui para o otimismo dos investidores. No plano doméstico, o mercado de trabalho permanece apertado, ainda que comece a mostrar sinais marginais de moderação: a taxa de desemprego recuou para 5,6% no trimestre até julho, ficando abaixo do consenso e marcando a mínima em 15 anos.

É importante lembrar, contudo, que dados de emprego são indicadores defasados, o que sugere que a desaceleração já perceptível na atividade tende a impactar o mercado de trabalho apenas no último trimestre do ano. Se essa tendência se confirmar, aumenta a probabilidade de um corte em dezembro; caso contrário, o Banco Central pode se ver obrigado a adiar essa decisão. Por fim, no campo político, a pesquisa Quaest divulgada nesta manhã mostrou estabilidade nas avaliações do governo: desaprovação em 51% e aprovação em 46%. O resultado reforça um ponto que já destacamos aqui anteriormente — os ganhos recentes de popularidade do presidente Lula tendem a ser limitados e de curta duração, refletindo mais ajustes de percepção conjuntural do que uma mudança estrutural no humor do eleitorado.

· 01:42 — Quando um cortezinho de 25 bps vale mais que mil promessas

Os mercados globais iniciam esta semana em compasso de espera, com os olhos voltados para a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros. O clima é de expectativa elevada, refletido no desempenho contido de Wall Street na véspera: Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram de forma modesta, em um típico movimento de cautela antes de um anúncio relevante. O receio dos investidores é que, após a forte valorização recente das bolsas, qualquer sinal minimamente mais hawkish de Jerome Powell possa servir como gatilho para uma realização de lucros no curto prazo. Ainda assim, a experiência histórica mostra que, mesmo com episódios de volatilidade imediata, em horizontes mais longos decisões de corte de juros tendem a favorecer ativos de risco, reforçando a atratividade do mercado acionário.

No pano de fundo, os indicadores de consumo continuam transmitindo uma mensagem de resiliência. As vendas no varejo cresceram 0,6% em agosto, superando as projeções do mercado e mantendo o ritmo robusto observado em meses anteriores. A temporada de volta às aulas e a manutenção dos gastos em restaurantes sustentaram esse resultado, embora o impulso tenha vindo, em grande medida, das famílias de renda mais alta. Já entre os consumidores de menor poder aquisitivo, sinais de pressão começam a se intensificar, refletindo maior sensibilidade à inflação. Com isso, ainda que o consumo siga forte, há expectativa de moderação nos próximos meses, à medida que tarifas mais elevadas se espalham pela economia. Para completar o quadro, o calendário econômico prevê também a divulgação dos dados de novas construções residenciais, que devem apontar retração em relação a julho, adicionando novas camadas de incerteza à leitura sobre a trajetória da economia americana.

· 02:34 — Tensão adicional

A reunião do FOMC desta semana carrega uma dose extra de tensão, não apenas pela já complexa missão de conciliar uma inflação que insiste em permanecer acima da meta de 2% com sinais crescentes de enfraquecimento no mercado de trabalho, mas também por fatores institucionais que adicionam ruído político ao processo. O encontro começou ontem mais tarde do que o habitual em razão da posse de Stephen Miran, novo indicado por Donald Trump, que passa a integrar o colegiado em meio à tentativa da Casa Branca de remover Lisa Cook. Sua permanência, ao menos por ora, foi assegurada por decisão judicial, criando um ambiente institucionalmente sensível. Ainda assim, esse embate de bastidores não deve comprometer a expectativa predominante do mercado: a de um corte de 25 pontos-base na taxa de juros.

O debate, no entanto, tende a ser mais acalorado que o costumeiro. Depois das divergências já expostas na reunião de julho, parte dos formuladores de política pode até levantar a hipótese de um corte mais agressivo, de 50 pontos-base — cenário que, sem dúvida, agradaria aos mercados, mas que não encontra respaldo nos indicadores atuais. A inflação segue pressionada, e métricas como lucros corporativos e spreads de crédito não apontam para a deterioração típica que justificaria uma ação dessa magnitude. O verdadeiro foco, portanto, não recai apenas sobre a decisão imediata, mas sobre o novo conjunto de projeções econômicas que será divulgado: nele, o Fed deve detalhar sua visão para crescimento, emprego e preços nos próximos trimestres. O comunicado oficial será seguido pela coletiva de Jerome Powell, ocasião em que os investidores buscarão pistas sobre a cadência e a intensidade do ciclo de cortes.

· 03:21 — Foco no longo prazo?

O debate sobre a periodicidade ideal para a divulgação de resultados corporativos voltou a ganhar força após o presidente Donald Trump propor que as empresas americanas passem a reportar seus lucros apenas semestralmente, em substituição ao modelo trimestral em vigor. Para Trump, essa mudança reduziria custos administrativos e permitiria que executivos concentrem maior atenção na estratégia de longo prazo, em vez de estarem presos ao calendário de curto prazo. O histórico ajuda a entender a dimensão do tema: a obrigatoriedade de relatórios trimestrais foi introduzida em 1970, substituindo o padrão semestral vigente desde 1955. Antes disso, as exigências eram menos uniformes, embora, desde o Securities Exchange Act de 1934, já houvesse a obrigação de publicação anual do 10-K, documento auditado e padronizado. Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a ideia surge: durante seu primeiro mandato, Trump já havia ventilado essa possibilidade, em linha com práticas de países desenvolvidos, como Reino Unido e membros da União Europeia, que se limitam a exigir divulgações semestrais. Na ocasião, a SEC chegou a abrir uma consulta pública, mas não houve mudanças concretas. Agora, sob a liderança de Paul Atkins, o tema retorna à agenda com a promessa de aliviar encargos considerados excessivos. 

De fato, a obrigação de reportes trimestrais estimula um foco exagerado no curto prazo, levando gestores a priorizar resultados imediatos e metas financeiras pontuais em detrimento de estratégias consistentes e sustentáveis. Ao mesmo tempo, a frequência das divulgações é essencial para garantir transparência e previsibilidade em um mercado que opera em tempo real, proporcionando aos investidores uma visão mais próxima da realidade financeira das companhias. Como alternativa de meio-termo, poderíamos ter algo como manutenção da obrigatoriedade de resultados trimestrais, mas eliminar a prática de oferecer projeções de curto prazo — o chamado guidance trimestral, que se tornou popular a partir da década de 1990. Essa prática, embora útil para balizar expectativas, muitas vezes pressiona empresas a perseguirem metas de curtíssimo prazo, prejudicando a construção de valor no horizonte mais amplo. Pode ser um caminho a ser seguido pela companhia nos próximos anos.

· 04:17 — Estendeu o prazo

As discussões em torno do futuro do TikTok nos Estados Unidos ganharam novo fôlego com a definição de um consórcio liderado pela Oracle, em parceria com Silver Lake e Andreessen Horowitz, para estruturar uma nova entidade americana responsável por controlar aproximadamente 80% da operação do aplicativo. A chinesa ByteDance permaneceria com os 20% restantes, mas, para os usuários nos EUA, a mudança implicaria a migração para um novo aplicativo, atualmente em fase de testes. A governança da nova empresa reforçaria o caráter político da operação: o conselho seria formado majoritariamente por americanos e incluiria um representante indicado diretamente pelo governo dos EUA. Em paralelo, o presidente Trump decidiu mais uma vez estender o prazo para a conclusão do acordo, agora até 16 de dezembro, de modo a permitir ajustes finais na estrutura de propriedade e, possivelmente, a reconstrução do algoritmo de recomendação, que seria licenciado da ByteDance.

Sob a ótica geopolítica, o arranjo representa uma concessão relevante da China em um contexto de negociações comerciais mais amplas com Washington. A disposição de transferir o controle do TikTok para mãos americanas indica busca por uma trégua parcial, mesmo diante da manutenção da pressão dos EUA em frentes sensíveis, como as restrições a empresas de semicondutores e a imposição de tarifas comerciais. Para os mercados, a mensagem principal é clara: evitou-se uma ruptura definitiva que poderia ter escalado as tensões bilaterais. Mais do que isso, aumentaram as chances de que a atual trégua tarifária de 90 dias seja renovada e pavimente o caminho para um acordo mais consistente. A percepção imediata é positiva, pois reduz um risco relevante de curto prazo para o apetite global por ativos de risco, reforçando a leitura de que ambos os lados reconhecem a importância de preservar canais de cooperação.

· 05:09 — Uma oportunidade complementar em renda fixa que pode fazer sentido para alguns investidores qualificados

Quem acompanha este espaço no M5M+ sabe que, de tempos em tempos, destacamos oportunidades em renda fixa capazes de complementar bem as carteiras dos investidores. A emissão de…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.