Investimentos

Alpargatas (ALPA4) foca expansão em Havaianas e sinaliza mudança de estratégia; veja análise

Depois de retornos ruins buscando uma nova galinha de ovos de ouro, a Alpargatas busca fortalecer sua maior marca.

Por Ruy Hungria

13 jun 2025, 11:06 - atualizado em 13 jun 2025, 11:06

alpargatas azza

Imagem: iStock.com/cmcderm1

Não é novidade para ninguém que somos grandes apreciadores do poder da marca Havaianas, da Alpargatas (ALPA4). O que sempre tivemos dificuldades para entender era a enorme necessidade que a companhia tinha de comprar outras marcas, tentando encontrar uma nova galinha dos ovos de ouro, sendo que a própria Havaianas ainda guardava muito potencial de crescimento. 

Depois de obter retornos ruins com Rainha, Osklen, Mizuno, Topper e, mais recentemente, com a Rothy’s, a companhia dá sinais de que está mudando sua forma de pensar. Desde que a nova gestão assumiu, foram endereçados problemas de estoques e logísticos que já resultaram em um ótimo 1T25. 

Presidente da Havaianas Brasil conta como marca está explorando expandir seu público

Ademais, em entrevista recente de Fernando Rosa, presidente da marca, ficamos com a sensação de que a nova gestão entendeu que ainda há muito potencial a ser explorado nas Havaianas. 

Por exemplo, apesar de ter quase 90% de market share no segmento feminino, a participação de mercado é bem menor no público masculino e infantil. Para o primeiro público, que preza o conforto, a companhia apresentou mais opções com tiras largas e de tecido. Para o segundo, a iniciativa foi trazer coleções com personagens infantis. Essas mudanças já se refletem em vendas +30% maiores nos dois segmentos. 

A companhia também enxerga oportunidade de aumentar a presença nos pés dos brasileiros mesmo em ambientes um pouco mais formais. 

Parcerias com artistas e marcas pode impulsionar principal vertente da Alpargatas

Para isso, a Havaianas vem criando modelos mais sofisticados e também tem investido em parcerias para trazer mais requinte às sandálias. 

Imagem: Reprodução

Um exemplo disso é a collab com a grife Dolce&Gabbana em 2024, que resultou em pares de R$ 350 esgotados em menos de 48 horas. A parceria se repetiu em 2025, e a nova coleção recém-lançada já está com as vendas esgotadas no e-commerce!

Apesar de não mexer muito o ponteiro em termos de receita consolidada, a campanha mostra que a companhia está conseguindo entrar em mais um nicho que antes parecia distante: o público de alta renda, disposto a pagar R$ 500 em um chinelo. 

Falando em parceria, a companhia passou a contar com a top model Gigi Hadid como embaixadora da marca. Com 70 milhões de seguidores, ela deve ampliar o alcance da Havaianas num momento em que a companhia começa a dedicar mais tempo no turnaround das operações internacionais.

Essas iniciativas também estão de acordo com o discurso da gestão da Alpargatas, que elegeu o marketing como um dos principais pilares para reforçar ainda mais sua presença na cabeça dos brasileiros e, quem sabe, dos estrangeiros também. 

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.