
Imagem: Reprodução/ Seu Dinheiro
A sequência de recordes históricos nominais do Ibovespa e a melhora de perspectiva para a bolsa brasileira empolgaram os investidores no primeiro semestre de 2025. Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus, acredita que a “decolagem” das ações locais não seja um “voo de galinha”.
“Foi um excelente primeiro semestre. Houve uma descompressão do risco, o cenário global ajudou muito, o local não atrapalhou tanto. Assim, enxergamos o Ibovespa barato nesse patamar de múltiplos a 9x P/L”, comenta a analista em participação ao evento especial Onde Investir no 2º semestre, do portal de notícias Seu Dinheiro.
Junto com Quaresma, participam do painel os analistas Lucas Stella, head de research da Santander Asset Management, e Gustavo Heilberg, CEO da HIX Capital.
Conforme conversam os analistas, nos últimos 10 anos (de 2015 a 2025), a bolsa passou por períodos muito difíceis e há uma grande expectativa de melhora adiante. A seguir, aprofunde-se nos fatores que podem colocar o mercado em uma temporada mais otimista.
Comportamento do investidor gringo é termômetro relevante de atratividade para a bolsa brasileira
Os Estados Unidos, principal potência econômica global, nos últimos meses demonstrou sinais de desaceleração econômica, fenômeno causado principalmente pelas incertezas que o presidente Donald Trump provoca.
O estilo de governo imprevisível do republicano balança o mercado, ainda sem saber quais serão os próximos passos do trato das questões tarifárias com produtos estrangeiros, assim como do seu envolvimento na resolução de conflitos geopolíticos.
Com as incertezas provocadas pela “Trumponomics”, os investidores estrangeiros passaram a ver os mercados emergentes como opções viáveis de investimento, em especial o Brasil.
“Sob a ótica do investidor gringo, o mercado brasileiro está a 45% abaixo da máxima de 2008 [do Ibovespa em dólar]. Olhando do ponto de vista do alocador global, se ele decidir aumentar a exposição a mercados emergentes, o Brasil é uma alternativa muito atrativa”, comenta Quaresma.
Pico da Selic? Cortes de juros podem ser um gatilho à vista
O ponto atual do ciclo de política monetária, de acordo com Quaresma, também é muito interessante para os investidores. Com a taxa Selic a 15% ao ano após a última decisão do Copom, a analista acredita que o valor chegou em seu pico e que investidores devem aproveitar o momento antes dos cortes.
“É a taxa de juro nominal mais alta desde 2006. Quando os analistas começarem a contar com um modelo de juro menor, isso significa despesa financeira menor e lucros maiores. Acho que haverá bastante upside na nossa bolsa”, afirma.
Riscos externos e internos para investidores brasileiros
Apesar do otimismo, durante a entrevista a analista trouxe alguns pontos de atenção para os investidores na hora de selecionar as melhores ações para o seu portfólio nos próximos meses:
- Risco geopolítico global: A principal ameaça no globo atualmente é o conflito no Oriente Médio entre Irã e Israel, com o envolvimento dos EUA e possivelmente outros países. O impasse aumenta os “riscos de cauda”, como um potencial bloqueio no Estreito de Ormuz , o que poderia ameaçar a desinflação global e atrasar os cortes de juros, inclusive no Brasil.
- Tarifas comerciais: Outro risco externo está na ameaça incerta das tarifas comerciais trazidas por Trump, que podem levar a uma eventual desaceleração do comércio global, embora nenhum sinal significativo tenha sido observado ainda.
- Ritmo econômico norte-americano: Vinculada ao ponto anterior, economias emergentes dependem dos EUA desacelerando, havendo margem para corte de juros, mas sem colapsar. Se a economia dos EUA estiver muito forte (atraindo dinheiro) ou em recessão (desencadeando aversão a risco), ela se torna um “ímã de capital”.
- Risco fiscal local: O principal risco local não é a situação fiscal em si (que está precificada), mas o quanto ela pode se agravar até 2027 ou que uma resolução estrutural não seja encontrada no mandato de um próximo presidente. O trabalho da administração atual para não descumprir o arcabouço fiscal ao menos ajuda a evitar maiores complicações.
Ainda sobre a questão local, Quaresma também aponta que a mera expectativa de uma mudança de pêndulo político para um governo pró-mercado em 2027 já é um fator de impacto nas negociações financeiras.
Para o próximo mandato presidencial, a analista ressalta que será preciso um ajuste fiscal mais profundo, pois o arcabouço fiscal atual “não vai aritmeticamente parar de pé”.
Analista conta estratégia para investir no segundo semestre de 2025
De olho nesta complexa teia de acontecimentos, a analista revela qual estratégia adota para compor a carteira de ações da Empiricus Research.
“A composição do portfólio ainda é defensiva, embora menos que no início do ano. Começamos 2025 com as carteiras da casa muito voltadas para os setores elétrico, financeiro e de exportadoras, com uma exposição bem menor àquelas teses cíclicas domésticas ou empresas com uma alavancagem maior. Gradualmente, estamos aumentando a exposição a nomes mais sensíveis a juros”, explica.
A analista ressalta que não é hora de assumir riscos elevados em turnarounds difíceis ou negócios altamente alavancados – o foco ainda está na qualidade das companhias.
Durante a entrevista, Larissa Quaresma revelou duas ações – uma large cap e uma small cap – com boas teses para investir de olho no cenário que se desenha para o segundo semestre.
Apesar das ações estarem “fora do consenso do mercado”, em suas palavras, a equipe de analistas da Empiricus destaca que são empresas promissoras, que podem gerar uma captura de lucros no médio e longo prazo.
No quadro abaixo, você pode conferir a entrevista completa ao Onde Investir no 2º semestre sobre o panorama do mercado de ações e ainda descobrir quais são estas empresas: