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O Investor Day da B3 (B3SA3) começou com ênfase no tema diversificação, que fica bastante claro no gráfico abaixo.

Enquanto a receita pró-cíclica (renda variável + derivativos) sofreu nos últimos anos, especialmente pelo aumento dos juros, os segmentos recorrentes (Renda Fixa & Crédito, Dados & Analytics) têm ganhado cada vez mais espaço e contribuído para a maior resiliência do negócio.
O enorme volume de emissões de dívida dos últimos anos combinado com duration elevada dos títulos garantem receitas previsíveis de custódia. Além disso, a possibilidade de negociação no mercado secundário de renda fixa pode trazer uma nova fonte de receita importante a partir de 2026.
B3 busca soluções para fortalecer segmento de Dados e Analytics
Em Dados & Analytics, a gestão fez questão de lembrar o crescimento interessante mesmo com atividade relativamente fraca em 2025, o que reforça o caráter recorrente dessa linha.

No entanto, a B3 segue trabalhando em novas soluções que atendam todos os elos do mercado para aumentar a participação dessa fatia no negócio, inclusive com ferramentas de IA embarcadas – como curiosidade, a Receita Market Data/Trading da companhia atualmente é seis vezes menor do que em pares globais.
Bolsa de olho na melhora da Renda Variável em 2026
Enquanto enaltece as soluções que dependem menos do humor dos investidores e das condições macro, a B3 segue aprimorando e preparando as linhas mais cíclicas para pegar em cheio uma possível melhora da Renda Variável em 2026.
Entre as melhorias recentes estão a modernização de tecnologia, aprimoramento de liquidez, formação de preços e tarifação, tokenização de dados e ativos e ampliação do portfólio de produtos (imagem abaixo).

Apesar da seca de IPOs no passado recente, existem atualmente 54 empresas com registro na categoria A, aptas a realizarem seus IPOs, e o CEO da companhia disse que existem cerca de 100 empresas se preparando para uma oferta – elas apenas aguardam condições mais propícias de mercado.
Além dessas, os executivos entendem que existem outras mil empresas no Brasil com faturamento acima de R$ 500 milhões e que possuem grande potencial de listagem.
Para atender as dezenas de milhares de empresas de menor porte, que também possam se interessar em emitir ações, a companhia disse estar pronta para o Regime Fácil da CVM, que reduz burocracias e custos de listagem para empresas com faturamento de até R$ 500 milhões.

Volume de negociações espera melhora em 2026
A B3 lembrou que as condições seguem muito adversas para o volume de negociação de ações no Brasil. Desde 2019, o percentual de pessoas físicas que negociam ações todo mês caiu de 50% para 30%, a participação de ações brasileiras na alocação dos principais fundos e índices globais caiu pela metade e a participação de ações nas carteiras dos fundos locais despencou de 14% para 8%.
Em uma análise de sensibilidade da própria B3, o volume diário de negociação tem potencial para dobrar caso tenhamos uma normalização dos juros e melhora do fiscal – no melhor cenário, esse volume quase triplicaria.
A companhia aproveitou para divulgar seu guidance, com aumento de 11% nos desembolsos totais (despesa + despesas atreladas ao faturamento + Capex) vs 2025, que ficaram em linha com as expectativas. A meta de alavancagem aumentou de 2,1x para 2,2x dívida líquida/Ebitda, enquanto a distribuição do lucro líquido (payout) deve ficar entre 90% e 110%.
Além disso, foi anunciado mais um programa de recompra de 230 milhões de ações, que abrange 4,6% do free float e terá duração de um ano a partir de março de 2026.
Mais uma vez, o Investor Day da B3 reforçou os benefícios da diversificação, mas deixou um tom um pouco mais otimista para uma possível retomada do mercado a partir do ano que vem.
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