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Banco Inter (BIDI11), Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) foram as ações mais compradas pelos usuários do Real Valor em abril; veja as análises

Em entrevista, o analista Fernando Ferrer, da Empiricus, avalia os papéis preferidos no mês passado dos investidores que usam o Real Valor para controlar suas carteiras no dia a dia

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Data de publicação
17 de maio de 2022
Categoria
Investimentos
Banco Inter (BIDI11), Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) estão entre as ações mais investidas pelos usuários do Real Valor no mês de abril. Fonte: Shutterstock

Banco Inter (BIDI11), Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), CVC (CVCB3) e Magazine Luiza (MGLU3) foram as ações mais investidas em abril pelos usuários do Real Valor, aplicativo de consolidação de investimentos do grupo Empiricus. 

Em uma live especial, o analista da Empiricus Fernando Ferrer comentou a respeito dos tickers mais buscados para as carteiras e sobre o cenário. 

Mudanças no mercado e as carteiras

O analista explicou os principais fatores que movimentaram o mercado desde a fase crítica da Covid-19 até o momento.  “Passamos pela pandemia, um momento de bastante estresse, e o que os bancos centrais fizeram foi injetar muito dinheiro em todas as economias, colocando os juros em níveis baixos”, contextualiza Ferrer.

Já em 2021, ele explica que o movimento foi diferente: “Os fatores domésticos brasileiros começaram a se fortalecer. A Bolsa estava alta, a 130 mil pontos. Então, a inflação começou a crescer e o BC teria que começar a subir os juros”.

Tudo isso levou o investidor a desenvolver um sentimento de aversão ao risco. “Os investidores venderam seus papéis e, com isso, a Bolsa caiu bastante no segundo semestre do ano passado, o que esteve bastante ligado ao mercado doméstico”, explica.

Já em 2022, a preocupação dos investidores passou a ser vinculada ao mercado externo. Entre os fatores que influenciam o cenário, destacam-se a guerra na Ucrânia, a política de Covid zero da China e a decisão do Fed de aumentar a taxa de juros nos EUA.

“É um cenário difícil para os ativos de risco, principalmente para as empresas em crescimento, pois estas têm seu valor projetado no futuro”, destaca Ferrer. 

Mas, ele ressalta: “Se por um lado o cenário está difícil, por outro lado a Bolsa está muito barata”. Um requisito importante, no entanto, é possuir uma carteira diversificada.

Confira agora o que Fernando Ferrer comentou sobre as escolhas dos investidores que controlam seus portfólios no Real Valor:

1. Banco Inter (BIDI11)

O Banco Inter (BIDI11) foi a ação mais procurada pelos usuários do Real Valor.

Ferrer enfatiza que embora o Banco Inter seja uma ótima companhia, está inserido em um cenário macro bastante negativo para esse tipo de empresa, isto é, fintechs em crescimento que não geram lucro hoje, mas sim no futuro.

“Com os juros mais altos, o investidor passa a exigir um retorno maior e essas empresas em crescimento sofrem mais”, comenta.

Ele finaliza: “Pensando em rentabilidade, eu acho que será mais difícil para o investidor rentabilizar seu patrimônio com esse ativo dado esse cenário”.

2. Petrobras (PETR4)

A segunda ação mais procurada na plataforma do Real Valor é a Petrobras (PETR4).

Sobre a petrolífera, Ferrer comenta: “As commodities de modo geral subiram de preço. A ação surfa a onda da alta no preço do petróleo, que está acima de US$ 100, embora não seja tão dependente da China quanto a Vale”.

Ele enfatiza que a companhia extrai petróleo do pré-sal por um custo bastante competitivo de cerca de US$ 6, de modo que gera um caixa muito alto, tanto que o lucro registrado no último balanço foi de R$ 44 bilhões.

Além disso, também se trata de uma das empresas mais baratas da bolsa e, com o atual patamar do petróleo, também gera 25% de yield para o ano. “É um patamar muito atrativo que eu acho que deve ser aproveitado pelo investidor”, afirma.

3. Vale (VALE3)

A terceira ação que o investidor do Real Valor mais buscou foi a Vale (VALE3).

Ferrer destaca que gosta bastante da ação, que é inclusive uma de suas maiores posições. É, também, uma das empresas mais descontadas na Bolsa.

“É uma empresa de commodities, então seu faturamento varia de acordo com o preço da commodity. Grande parte dessa commodity é vendida para a China, então essa política de Covid zero acaba atrapalhando um pouco a companhia”, afirma.

Contudo, muitas províncias chinesas já estão retornando à normalidade, sinalizando um retorno do consumo e, assim, um potencial para a Vale.

“Como forma de estimular a economia, o governo chinês está estudando um pacote de infraestrutura próximo de US$ 2 trilhões, o dobro do pacote de infraestrutura do Biden. A infraestrutura é diretamente influenciada pelo minério, e a Vale é uma das maiores produtoras de minério do mundo”, explica.

Haja vista que a empresa está bastante barata e gerando muito caixa já que o minério está negociando a preços muito atrativos, a empresa está devolvendo muito em dividendos. “Eu espero um dividendo de 20% para esse ano”, avalia Ferrer.

Além disso, a Vale anunciou um programa de recompra de 10% de seu capital social. “Ou seja, são formas dela voltar a captar o acionista”. 

Ele conclui que o investimento nessa ação o agrada muito e que a considera um must-have, ou seja, essencial na carteira. “Fico feliz com a escolha dos investidores do Real Valor”, diz.

4. CVC (CVCB3)

A CVC (CVCB3) foi a quarta ação mais procurada pelos usuários do Real Valor.

Ao contrário da Magalu, a CVC sofreu bastante impacto no começo da pandemia, mas vale ressaltar que mesmo antes da pandemia, a companhia esteve em situações internas complicadas e até mesmo mudou sua diretoria, segundo Ferrer.

Agora, há uma recuperação no setor do turismo, mas não anula o fato de a empresa estar bastante fragilizada estruturalmente

“Dado o valuation barato da Bolsa, e dado que os ativos sofreram bastante nos últimos tempos, eu acredito que tem outros cases para surfar na onda da retomada do lazer e do consumo”, afirma Ferrer.

5. Magazineluiza (MGLU3)

A quinta ação mais investida do último mês foi a da Magazine Luiza (MGLU3)

“De fato, é uma belíssima companhia. Eles estão construindo um ecossistema digital bastante relevante. É uma das maiores varejistas do Brasil e tem um marketplace muito bom”, fala Ferrer. 

No entanto, ele explica que, no início da pandemia, quando a população migrou o processo de compras para o ambiente virtual, a Magalu teve um faturamento muito alto. 

A quantidade de reformas também aumentou, visto que as pessoas estavam passando mais tempo em suas casas, aumentando mais ainda a demanda pelos serviços da varejista.

Mas, agora, com inflação e juros altos e queda da confiança do consumidor, pode haver um impacto negativo. Além disso, como o core business da loja são bens duráveis, muito do que foi adquirido em 2020 se mantém até o momento, não sendo necessário fazer mais aquisições.

“Acontece que, como é uma empresa vista e negociada como tech, a Magalu precisa de um crescimento muito acelerado para entregar esse valuation que ela tinha na tela. Antigamente, ela valia R$ 25, mas hoje está R$ 4”, aponta Ferrer.

Ele afirma que, pela dificuldade de entregar esses resultados, a ação da Magalu caiu bastante, e isso pode ter atraído a atenção dos investidores, que esperam uma valorização subsequente análoga à do início da pandemia.

“O que eu acho é que o cenário mudou. Esse cenário macro mais desafiador e a antecipação das compras traz uma maior dificuldade para a companhia. É uma empresa muito boa, mas que deve passar por turbulências de curto prazo. Mesmo com a queda, o valuation ainda está bastante caro, portanto, não está na minha carteira sugerida no momento”, conclui o analista. 

Você pode conferir a entrevista completa abaixo: