
(Imagem: Montagem Canva Pro)
Os últimos dias têm sido agitados no cenário global. De um lado, o presidente americano Donald Trump impôs uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras.
O anúncio da tarifa, feito em tom provocativo e recheado de referências políticas, pegou os mercados de surpresa.
Na outra ponta, o Bitcoin renovou sua máxima histórica, ultrapassando US$ 121 mil pela primeira vez, e voltou a atrair os holofotes como proteção e investimento estratégico.
Esses dois movimentos foram foco do novo episódio do Podca$t, com Matheus Spiess, analista de macroeconomia, João Piccioni, head da Empiricus Asset, e Enzo Pacheco, analista de ações internacionais da casa.
Brasil na mira de Trump: ameaça real ou mais um caso de ‘TACO trade’?
A ofensiva de Trump contra o Brasil veio mais forte do que o esperado. O presidente já ameaçava novas tarifas desde a última cúpula do BRICS, mas poucos previam um aumento tão agressivo.
“Ele já vinha falando sobre 10% adicional… eu imaginava que viria algo como 20%. Mas daí ele veio com 50%, pegou todo mundo de surpresa”, observou Spiess.
Além do tamanho da tarifa, o que mais chamou atenção foi o tom da carta. Ao mencionar STF, Bolsonaro e ameaças às empresas de tecnologia americanas, Trump deu à medida um caráter nitidamente político.
“Foi uma decisão basicamente política […] o Brasil tem déficit comercial com os Estados Unidos. Todas as outras tarifas exacerbadas eram com países que possuem superávit com os EUA”, resumiu Spiess.
Pacheco reforçou o espanto do mercado:
“As pessoas da diplomacia americana ficaram até assustadas com essa decisão do Donald Trump […] tem um quê muito político nessa carta, que foi totalmente desnecessário, ele não colocou isso em nenhuma outra carta […] Parece até que ficou o bode expiatório do BRICS.”
Na prática, o impacto econômico pode ser limitado. Hoje, cerca de 12% das exportações brasileiras têm como destino os Estados Unidos, o que representa apenas 2% do PIB nacional.
Para os analistas, ainda é necessário aguardar.
“Na verdade, ele está esperando que o governo brasileiro dobre a aposta, para ele dobrar a aposta de novo”, disse Piccioni.
Ainda há tempo para negociação. O prazo para implementação das tarifas está previsto para 1º de agosto e Trump tem seguido um padrão de “morde e assopra”, recuando após confronto.
Padrão esse “carinhosamente” apelidado pelo mercado de “TACO trade”, acrônimo para “Trump Always Chickens Out” — ou, em bom português, ele costuma “amarelar” em suas decisões.
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Bitcoin já é o novo ouro? Para os analistas, pode ser que sim — e tem ETF novo na bolsa brasileira
Enquanto o noticiário agita Brasília, o Bitcoin atinge sua maior cotação da história: US$ 121 mil.
No episódio, os analistas comentam como o discurso em relação ao Bitcoin mudou nos últimos anos. O ativo passou de “aposta especulativa” a uma reserva de valor comparável ao ouro.
A entrada de grandes instituições e o nascimento de ETFs nos Estados Unidos reduziram a volatilidade e aumentaram a confiança.
“O Bitcoin se destacou das demais criptomoedas. Ele passou a ser, sim, visto como um instrumento de reserva de valores e de diversificação de portfólio”, apontou Piccioni.
Pacheco reforçou a ideia:
“O Bitcoin está se tornando o ouro digital. É uma forma de você proteger seu portfólio […] Você pode ter até 5% [do portfólio de investimentos] no Bitcoin”, recomendou, acrescentando que a criptomoeda é volátil.
Piccioni também comentou sobre o lançamento do EBIT11, novo ETF de Bitcoin da Empiricus Asset em parceria com o BTG Pactual. Trata-se de um fundo monoativo listado na B3, que permite a exposição à maior criptomoeda do mundo de forma prática, regulada e segura.
“A ideia do fundo é simplesmente prover uma forma fácil de o cliente comprar Bitcoin sem se preocupar com chaves ou segurança”, explicou o head da Asset.
Além do EBIT11, os analistas também destacaram a Coinbase como uma forma de se expor ao setor de cripto via bolsa de valores. A empresa é a maior exchange regulada dos Estados Unidos e vem ganhando tração com a institucionalização do mercado cripto.
A parceria com a Circle, emissora da stablecoin USDC, é mais um pilar da tese. E mesmo com riscos de entrada de bancos tradicionais no mercado, a empresa ainda é vista como uma referência.
O mercado está agitado — e o Podca$t mergulha fundo nas oportunidades
No episódio, os analistas também trouxeram reflexões mais amplas sobre o momento dos mercados, com análise dos impactos do tarifaço na economia americana e global.
Um debate que reforçou o momento atual: com o cenário político cada vez mais ruidoso e os mercados reativos, é preciso saber onde estão os riscos — e onde estão as oportunidades.
O Podca$t completo já está disponível e você pode assisti-lo no vídeo abaixo. Aproveite também para se inscrever no canal e acompanhar os novos episódios, que vão ao ar todas as quintas-feiras.