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Investimentos

Bradesco (BBDC4) sofre com inadimplência e entrega performance ruim no 3T22; análise

Resultado negativo da tesouraria e aumento da inadimplência – que parece não ter atingido o pico – prejudicam resultado; veja outra opção de banco para investir

Por Larissa Quaresma, CFA

09 nov 2022, 09:02

Atualizado em 09 nov 2022, 09:02

bradesco bbdc4
Imagem: Divulgação/Bradesco

O Bradesco (BBDC4) divulgou na terça-feira (8), após o fechamento do mercado, seus números do 3T22, que frustraram as expectativas.

O resultado negativo da tesouraria, aliado ao aumento expressivo da inadimplência, prejudicaram sensivelmente a linha final do resultado.

A carteira de crédito cresceu 3% contra o trimestre anterior, atingindo R$ 879 bilhões, com expansão em quase todas as linhas, mas com destaque para cartão de crédito (+4%) e crédito rural à pessoa física (+15%). A margem com clientes (receita de juros líquida do custo de captação), por sua vez, cresceu em linha com a carteira de crédito (+3%), para R$ 17,5 bilhões, com spread médio de 10,1% (melhora de 0,1p.p.), em função do menor custo de captação. 

Já a margem com o mercado, um dos destaques negativos do trimestre, foi um prejuízo de R$ 1,2 bilhão, aprofundando a perda do trimestre anterior e refletindo os desafios impostos pela marcação a mercado da Selic mais alta – esse efeito também foi observado no Santander Brasil. Com isso, a margem financeira total do Bradesco, incluindo clientes e mercado, foi de R$ 16,2 bilhões, queda trimestral de 0,5%.

Inadimplência atinge 4% da carteira de crédito total

A inadimplência, outro destaque negativo, teve um aumento expressivo: o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias cresceu 0,4 p.p. trimestralmente, atingindo 3,9% da carteira de crédito total. O aumento foi puxado pelas categorias de pessoa física (+0,3 p.p.) e de pequenas e médias empresas (+0,6 p.p.). Com isso, a companhia provisionou R$ 7,2 bilhões para perdas de crédito no trimestre, despesa 37% maior que a do trimestre anterior. Isso gerou uma queda de 18% na margem financeira líquida (após inadimplência), que totalizou R$ 9,0 bilhões.

As demais linhas de negócio, apesar de não terem sido tão ruins, também deixaram a desejar. A receita de prestação de serviços caiu 1%, para R$ 8,9 bilhões, impactada pela administração de consórcios (-23%) e pelas tarifas de operações de crédito (-9%). O resultado da operação de seguros, por sua vez, caiu 6%, para R$ 3,5 bilhões, sentindo o impacto da deflação do IPCA sobre o resultado financeiro da operação.

As despesas de pessoal e administrativas cresceram 8% trimestralmente, fruto do acordo coletivo que reajustou os salários em 8% a partir de setembro.

BBDC4: pico da inadimplência ainda pode demorar a chegar

Com tudo isso, o Bradesco entregou um lucro líquido recorrente de R$ 5,2 bilhões, queda de 26% contra o trimestre anterior, e com um retorno sobre patrimônio líquido de 13,0%, 5,1 p.p. menor sequencialmente.

Ainda, o Bradesco revisou seu guidance de inadimplência para o ano fechado, sinalizando que a despesa de provisão será 39% maior que o estimado anteriormente. Ao que tudo indica, a piora sistêmica no ciclo de crédito tem impactado BBDC4 mais intensamente que seus pares – e, com o banco ainda crescendo as modalidades mais arriscadas de forma acelerada, perguntamo-nos quando será o pico de inadimplência, que pode demorar mais um pouco para chegar.

Dentre os grandes bancos brasileiros, reiteramos nossa preferência por Itaú Unibanco (ITUB4), que divulga seu resultado amanhã.

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.