
Após 12 dias de conflito entre Irã e Israel, o petróleo chegou a disparar 13%. Mas a alta não se sustentou, após o cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos o valor do barril recuou para a casa dos US$ 66.
Nesse cenário, questiona-se: trata-se de uma oscilação pontual ou de um alerta para reposicionar a carteira?
No novo episódio do Podca$t da Empiricus, Larissa Quaresma e João Piccioni recebem Matheus Spiess, analista de política e macroeconomia da casa, para colocar o tema em pauta.
‘Escalar para desescalar’
Para Spiess, a volatilidade do petróleo mostrou que o mercado rapidamente percebeu que o risco de uma escalada no conflito era limitado.
“Ainda que o petróleo tenha escalado em preços de barril de maneira bastante substancial, você teve uma retomada de patamares pré-crise de maneira muito rápida também.”
Para o analista, a ameaça iraniana de fechar o Estreito de Ormuz — canal estratégico por onde passa cerca de um quarto do petróleo mundial — foi considerada uma hipótese improvável desde o início.
Apesar do apoio de aliados regionais como Houthis e Hezbollah, o país está politicamente enfraquecido e isolado.
“A rede de influência do Irã ao longo dos últimos meses foi sendo derrubada. Então ele estava numa posição fraca, politicamente o regime está abalado.”
Além disso, seus principais aliados — China e Rússia — evitariam se envolver, devido a seus próprios impasses geopolíticos.
Para Spiess, a ofensiva dos Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano e a resposta “telegrafada” do Irã demonstram uma estratégia clara de contenção.
“Foi aquele típico escalar para desescalar.”
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E o petróleo, ainda vale?
Com o sobe e desce das últimas semanas, muitos investidores se perguntam se ainda vale a pena manter a commodity na carteira.
Na visão do gestor João Piccioni, o petróleo tem enfrentado uma mudança estrutural de fundamentos.
A chamada “gig economy” nos EUA, com menos consumo de energia, e o avanço dos carros elétricos na China estão transformando a demanda global.
“Essa economia é menos consumidora de commodities. Ela é menos consumidora de combustível, de energia […] A indústria automobilística chinesa vende 12 milhões de carros por ano e mais da metade é carro elétrico.”
Mesmo assim, Piccioni não descarta oportunidades táticas:
“Nesses níveis de preço, talvez tenha alguma oportunidade. Mas eu não diria no preço da commodity. Ainda continuo olhando sob a ótica das empresas.”
Nesse contexto, a discussão sobre a Petrobras (PETR4) entra em cena.
Mesmo diante de um petróleo oscilante, os analistas ainda acreditam que a estatal apresenta valuation atrativo e bons dividendos.
Além disso, Spiess aponta que o papel oferece proteção: “é um hedge geopolítico, tem exposição a dólar, tem exposição a petróleo e captura bem o rali eleitoral”.
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Urânio é um novo favorito?
Enquanto o petróleo gera dúvidas, o urânio surge como uma das teses mais sólidas para o médio e longo prazo e integra vários fundos da casa.
Em 2025, o ETF URA já acumula alta superior a 40%, e, para os analistas, esse movimento pode estar ainda no início. Para Piccioni:
“Apesar dessa boa arrancada, tem um espaço ainda para o urânio voltar para as máximas históricas ali de trás.”
O metal chegou a ultrapassar os US$ 100 no início de 2024 e hoje gira em torno dos US$ 78. O novo impulso pode vir de uma nova frente: as big techs.
Empresas como Google, Amazon e Microsoft anunciaram planos para investir em fontes nucleares para abastecer seus data centers.
A recomendação dos analistas é de compra, com alocação temática, ou seja, com peso menor na carteira, mas com horizonte de longo prazo.
Com geopolítica agitada, petróleo oscilando e urânio em alta, o cenário atual exige atenção — mas também oferece boas portas de entrada para o investidor estratégico
Para entender melhor os fundamentos por trás dessas recomendações, além das análises sobre juros e o debate sobre o IOF no Congresso, assista ao episódio completo do Podca$t no vídeo abaixo.