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O antigo debate sobre a política fiscal de Lula vive um de seus maiores capítulos. Nesta terça-feira (1º), o governo decidiu acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a validação do decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
“A crise do IOF não é causa de nada, ela é um sintoma”, afirma Matheus Spiess, analista macroeconômico da Empiricus Research. Na visão do analista, a economia brasileira sofre de um engessamento do orçamento público que deriva da Constituição de 1988. Apesar dos méritos do documento legislativo, o analista acredita que alguns pontos ainda precisam ser aprimorados.
“Nós precisamos de uma reforma profunda de desenho orçamentário, mas o governo atual não tem convicção nem força política, especialmente agora que entrou em guerra com o Congresso,” falou ao Giro do Mercado, do Money Times, nesta quarta-feira (2).
Desdobramentos da tensão fiscal brasileira e mudança de pêndulo político
Em mais um capítulo de confrontos, o governo aprofundou a tensão com o Congresso, indo de encontro à decisão de derrubar o decreto presidencial que alterava as regras de cobrança do IOF, aplicado sobre operações de câmbio (compra de dólar, euro e outras moedas estrangeiras), seguros e investimentos, como a negociação de títulos.
“Com a judicialização da questão do IOF, o governo parece mais estridente e de difícil diálogo. O Congresso deve interpretar a medida como um confronto,” analisa Spiess.
Sob essa ótica, o analista acredita que o impasse tende a piorar ainda mais, com duas possibilidades no horizonte para os três poderes:
- Se o STF for em linha com o entendimento do Congresso, o governo só vai ter gasto de capital político e tempo;
- Porém, se o STF escolher apoiar o governo, haverá um clima ruim em Brasília, pois o Congresso (Legislativo) vai entender o Judiciário como um ‘sócio’ do Executivo.
Neste cenário, Spiess enxerga cada vez mais a possibilidade de uma mudança do pêndulo político para as eleições de 2026 em busca de um candidato com medidas mais fiscalistas, reformistas e pró-mercado.
“É preciso um candidato com força política para promover essa reforma da dinâmica de gastos públicos brasileiros. A sociedade não topa mais arrecadação e o governo nos trouxe uma situação de insustentabilidade fiscal”, conclui.
Por fim, Spiess salienta que ainda este ano, duas datas-chave podem ser relevantes para entender a dinâmica econômica dos próximos meses: 22 de julho, dia da divulgação do Relatório bimestral de receitas e despesas, e 31 de agosto, limite para apresentação do Orçamento de 2027.
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Para saber mais sobre o cenário político e econômico brasileiro, confira a entrevista completa no Giro do Mercado desta quarta-feira (2) abaixo: