Investimentos

Direcional (DIRR3): Venda de participação da Riva abre caminho para valorização das ações e aumenta potencial de dividendos

Direcional vendeu parte da Riva com base em um valuation de R$ 2,65 bilhões

Por Caio Araújo

05 jun 2025, 11:12 - atualizado em 05 jun 2025, 11:12

direcional riva DIRR3

Imagem: Divulgação/Riva

A Direcional (DIRR3) deu um passo importante nos últimos meses ao atrair novos investimentos para a Riva, sua subsidiária voltada ao mercado de imóveis para famílias de média renda.

Essa movimentação fortalece a estrutura financeira da Direcional e abre caminho para uma valorização maior de suas ações, além de permitir o pagamento em potencial de mais dividendos aos acionistas.

Venda teve base em um valuation de R$ 2,65 bilhões para a Riva

Em dezembro de 2024, a empresa anunciou a venda de uma parte da Riva (participação mínima de 7,55%, podendo crescer até 15%) para a gestora Riza, com base em um valuation de R$ 2,65 bilhões para a Riva. Esse valor representava, na época, aproximadamente metade do valor de mercado da Direcional. Hoje, essa fatia corresponde a 38%, já que as ações da Direcional subiram mais de 50% no acumulado do ano.

O acordo previa o pagamento da primeira parcela do investimento, de R$ 100 milhões, agora, e uma segunda até outubro, podendo elevar o total investido para até R$ 397,5 milhões (15% do total), caso a Riza opte por aumentar sua participação.

Além do investimento, o acordo incluía o pagamento de R$ 150 milhões em dividendos da Riva para sua controladora, a Direcional. Na segunda-feira, 2 de junho, a empresa informou que a participação inicial subscrita pela Riza ficou em 9,98%, equivalente a aproximadamente R$ 264 milhões (2,6x o valor inicialmente esperado para esta primeira parcela), o que mostra que a demanda superou as expectativas iniciais. Em paralelo, a Riva anunciou também o pagamento de R$ 65 milhões em dividendos em maio de 2025.

De acordo com os termos do acordo, a Riza tem até outubro de 2025 para decidir se quer exercer seu direito de ampliar a participação até 15%, o que exigiria um investimento adicional de cerca de R$ 130 milhões – o acordo prevê a manutenção do valuation de R$ 2,65 bilhões para a Riva.

Como avaliamos a operação?

Do ponto de vista estratégico, esse movimento é bastante positivo para a Direcional. A venda de parte da Riva foi feita com base em um valor significativamente maior do que o consenso tem atribuído à Direcional como um todo. Isso mostra que o mercado talvez esteja subestimando o quanto a Riva vale dentro da empresa. Hoje, a Direcional é negociada a um múltiplo de preço/patrimônio líquido (P/B) de cerca de 3,2x segundo o consenso, enquanto a Riva foi avaliada em mais de 5x, conforme o valuation estipulado pelo acordo.

Na nossa avaliação, além de destacar o valor escondido nas ações da Direcional, essa operação contribui para manter o endividamento da empresa sob controle — que já era baixo, com uma dívida líquida em torno de 15% o valor de seu patrimônio líquido — e abre espaço para um pagamento ainda maior de dividendos em 2025. Atualmente, o mercado estima um dividend yield de cerca de 9,5% para os próximos 12 meses, mas com o acordo em andamento, vemos chance desse rendimento podendo subir até 5 pontos percentuais.

Para a Direcional, os efeitos são positivos em dois sentidos. Primeiro, ao vender parte da Riva, a empresa mostra ao mercado que esse ativo tem alto valor. Segundo, com o acordo evoluindo e a captação de mais recursos para o caixa da Direcional, a capacidade de distribuição de dividendos aos acionistas por parte da companhia é impulsionado.

Direcional (DIRR3): Empiricus recomenda compra das ações

Em relação à nossa alocação, seguimos com a Direcional (9x P/L para 2025 segundo o consenso) entre as ações recomendadas, sustentados pela visão positiva que temos sobre o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).

A criação da nova “Faixa 4” amplia o alcance do programa para famílias de média renda, segmento no qual a Direcional e sua subsidiária Riva atuam com forte presença. Com isso, a companhia deve ser diretamente beneficiada pelas mudanças mais recentes do MCMV, ganhando ainda mais relevância dentro do mercado habitacional brasileiro.

Sobre o autor

Caio Araújo

Administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) e profissional da Empiricus Research desde 2016. Com certificação CNPI, é o analista de Real Estate e responsável pela série Renda Imobiliária, que atua no mercado de fundos de investimento imobiliários.