Investimentos

‘Excepcionalismo dos EUA vai prevalecer’, diz CIO da Empiricus Asset; como fica a bolsa brasileira neste cenário?

Fluxo estrangeiro deve continuar a alimentar a bolsa brasileira não pelo fim do excepcionalismo americano, mas por uma redução marginal de alocação nos Estados Unidos, opinam analistas

Por Juan Rey

01 jul 2025, 19:30

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Imagem: iStock/ JayLazarin

Um dos grandes movimentos do mercado no primeiro semestre de 2025 foi a saída de recursos dos Estados Unidos com destino a outros países, entre eles, o Brasil. Com isso, muitos investidores passaram a questionar se este seria o fim – ou, ao menos, o pico – do excepcionalismo norte-americano. Isto é, os EUA vão perder o status de “porto seguro” do mundo?

Para o CIO da Empiricus Asset, João Piccioni, a resposta é não. “Acredito bastante que o excepcionalismo americano vai prevalecer”, disse no evento Onde Investir no 2º semestre, do portal Seu Dinheiro.

Piccioni avalia que é não é possível olhar para outra economia global e criar um comparativo justo com a “máquina americana”. “É uma economia muito focada em tecnologia, em inovação, e tem um setor financeiro extremamente pujante”, disse.

Também participaram do painel sobre cenário macroeconômico o ex-diretor de política monetária do Banco Central e sócio-fundador da Ibiúna Investimentos, Rodrigo Azevedo, e Natalia Szyfman, head de Client Strategy da Lifetime Investimentos (assista na íntegra ao final da matéria).

Segundo Azevedo, o movimento observado no primeiro semestre não é um sinal de que a economia dos Estados Unidos vai deixar de ser pujante, mas que o “desempenho dos ativos dos EUA não vai ser tão diferenciado como foi nos últimos cinco anos”.

“Está acontecendo uma realocação em que os investidores estão buscando ter menos Estados Unidos no portfólio do que tinham antes”, disse, destacando que uma parcela desse dinheiro destinada ao Brasil pode fazer muita diferença para os ativos domésticos.

Imprevisibilidade de Trump: mais volatilidade à vista? 

Um dos motivos que justificaram a saída de capital dos Estados Unidos ao longo do primeiro semestre foi a imprevisibilidade da Trumponomics – a condução econômica de Donald Trump.

No momento mais emblemático, o republicano anunciou, no dia 2 de abril, as controversas “tarifas recíprocas” aos parceiros comerciais dos EUA, e elevou a desconfiança do mercado.

Para Piccioni, Trump deve continuar o recuo já observado em relação às tarifas no segundo semestre e voltar o foco para o crescimento econômico.

Ele vê, inclusive, uma oportunidade pontual para comprar ativos norte-americanos no início de julho.

“Devemos ter uma janela perigosa, em especial no mercado acionário. Tem a decisão do Fed, a decisão do limite da dívida dos EUA, a necessidade de emissão de títulos do tesouro… Parece a grande oportunidade de comprar bolsa americana para aproveitar o rali do final de ano”, disse. 

Bom momento da bolsa brasileira deve continuar? 

Depois de um início de ano em que a maioria dos investidores estava pessimista com a bolsa local, o Ibovespa surpreendeu positivamente e valorizou 15% no primeiro semestre. 

Para Natalia Szyfman, da Lifetime Investimentos, a bolsa brasileira contemplava um valuation como “se o Brasil fosse acabar”. No entanto, os bons resultados do primeiro trimestre de 2025, a condução da política monetária pelo Banco Central e a entrada de fluxo estrangeiro contribuíram para a “virada” da bolsa.

Na visão de Piccioni, o fluxo estrangeiro deve continuar a beneficiar os ativos locais no segundo semestre. 

“O fluxo do exterior está mandando. A entrada de capital está acontecendo, especialmente para o mercado de equity. Não temos visto dias ruins de bolsa na mesma intensidade do ano passado”, afirma.

Para os analistas, além da continuidade dos recursos estrangeiros, outro fator pode impulsionar a bolsa local: o trade eleitoral.

Uma eventual mudança no pêndulo político para um governo que faça o ajuste fiscal pode entrar ainda mais no preço no segundo semestre, conforme as eleições se aproximam. 

Onde investir no 2º semestre?

Com o cenário macroeconômico explanado (veja todas as opiniões na íntegra no vídeo ao final da matéria), os especialistas também falaram sobre como estão posicionados em termos de alocação de recursos. 

Dentre as recomendações, estão moedas fiduciárias, ativos de renda fixa, ações internacionais, small caps e mais.

Para conferir o painel completo com as recomendações e análises, clique no player abaixo:

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br