1 2019-12-09T13:32:41-03:00 xmp.iid:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 xmp.did:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 xmp.did:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 saved xmp.iid:217a1f9b-69a9-426f-a7e6-7b9802d22521 2019-12-09T13:32:41-03:00 Adobe Bridge 2020 (Macintosh) /metadata
Investimentos

Fed confirma corte de juros nos EUA e Alphabet, Microsoft e Meta divulgam resultados do 3T25; veja mais

A temporada de resultados agita o mercado das big techs após o balanço de Alphabet, Microsoft e Meta. Leia mais.

Por Matheus Spiess

30 out 2025, 09:39

Atualizado em 30 out 2025, 09:40

mercado eua usa bolsas dolar

Imagem: iStock.com/franckreporter

O Federal Reserve reduziu a taxa básica de juros em 25 pontos-base, mas esfriou o entusiasmo dos investidores ao afirmar que um novo corte em dezembro “não é uma conclusão inevitável”. A decisão evidenciou um comitê dividido: enquanto um dirigente defendia manter os juros inalterados, outro queria um corte mais agressivo. O Fed também anunciou o encerramento do programa de quantitative tightening a partir de 1º de dezembro, interrompendo a drenagem de liquidez que vinha apertando as condições financeiras. Sem acesso a dados oficiais de emprego e inflação — suspensos pela paralisação do governo — o banco central teve de se apoiar em indicadores privados, o que aumenta a incerteza e reforça a mensagem de cautela.

No campo geopolítico, o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping trouxe sinais de uma trégua parcial entre as duas maiores economias do mundo. Trump anunciou a redução das tarifas sobre produtos relacionados ao fentanil e afirmou que a China voltará a comprar grandes volumes de soja e outros bens agrícolas dos EUA. Além disso, Pequim suspenderá por um ano parte das restrições à exportação de terras raras, insumos essenciais para setores de tecnologia e energia. Embora não tenha havido um acordo comercial amplo, o clima foi descrito como positivo, e Trump declarou que visitará a China em abril. As bolsas asiáticas reagiram de forma mista, refletindo alívio moderado, mas também prudência em relação às próximas etapas.

No ambiente corporativo, Alphabet, Microsoft e Meta divulgaram resultados robustos, confirmando o papel central da inteligência artificial como motor de receita e investimento. Ainda assim, a reação de mercado foi desigual: as ações da Alphabet avançaram, enquanto Microsoft e Meta recuaram no pós-mercado devido ao aumento previsto nos gastos com infraestrutura de IA e surpresas tributárias. Na Europa, as bolsas operaram em queda, com investidores aguardando a decisão do Banco Central Europeu, que deve manter os juros estáveis. Já no Japão, o Banco do Japão preservou a taxa básica inalterada, mesmo com o iene mais fraco, adotando um tom de prudência enquanto monitora inflação e volatilidade cambial. Em conjunto, o quadro global segue dominado por ajustes de política monetária, IA e sinais intermitentes de distensão entre EUA e China — combinação que sustenta o ambiente de volatilidade moderada.

· 00:54 — Sem novidades

O mercado brasileiro voltou a se destacar: o Ibovespa engrenou seu terceiro recorde nominal seguido, chegou a tocar os 149 mil pontos e foi puxado, sobretudo, pela alta da Vale. A agenda doméstica desta quinta-feira traz dados relevantes — emprego formal, déficit do Governo Central e IGP-M. Sobre o dado de emprego, inclusive, circulou no mercado que devemos ver a criação líquida de cerca de 155 mil vagas formais em setembro (a mediana das projeções é maior, em 169 mil), acima de agosto.

Em Brasília, a Câmara começou a destravar parte das medidas que haviam sido derrubadas com a MP 1303, incorporando-as a projetos que já tramitavam, para acelerar a aprovação. O avanço mais importante foi o projeto de Regularização Patrimonial, que carrega a limitação das compensações tributárias e o programa Pé-de-Meia. O texto segue agora para o Senado e deve recuperar parcela da arrecadação perdida. A limitação das compensações é o ponto de maior peso: o governo estima arrecadar R$ 10 bilhões em 2025 e outros R$ 10 bilhões em 2026. Para taxar bets, fintechs e alterar regras do JCP, o Executivo deve mandar novos projetos com urgência constitucional, algo que veremos nas próximas semanas.

O lado negativo é que, enquanto busca novas receitas, o Congresso também amplia renúncias fiscais. Um projeto aprovado cria incentivos à indústria química a partir de 2027, com renúncia anual de R$ 3 bilhões até 2031. Na prática, a falta de coordenação fiscal e a tendência de trocar ajuste estrutural por arranjos improvisados continua gerando “gambiarras” no Orçamento, adiando soluções mais consistentes para o equilíbrio das contas públicas. A solução, como tenho dito, só virá em 2027.

· 01:41 — Hawkish cut

O Federal Reserve reduziu a taxa básica de juros em 25 pontos-base, para o intervalo de 3,75% a 4,00%, mas deixou claro que a continuidade do ciclo de cortes não está garantida. Como a paralisação do governo interrompeu a divulgação oficial de dados de emprego e inflação, o comitê teve de decidir com base em indicadores privados e estaduais — um movimento raro na história recente do banco central. Em tom prudente, Jerome Powell afirmou que um novo corte em dezembro “não é uma conclusão inevitável”, ressaltando que a ausência de informações confiáveis limita a leitura da economia. A votação também mostrou divisões internas: um dirigente preferia manter a taxa e outro queria um corte maior (naturalmente, se trata de Stephen Miran, indicado por Trump), evidenciando a falta de consenso sobre os próximos passos.

Além disso, o Fed anunciou o fim do processo de aperto quantitativo a partir de 1º de dezembro, encerrando a redução do seu balanço patrimonial e aliviando parte das condições financeiras. Na prática, o banco central tenta equilibrar dois riscos simultâneos: um mercado de trabalho que perde força, sugerindo estímulo, e pressões inflacionárias que ainda não desapareceram. Powell comparou o cenário a “dirigir na neblina” — é possível avançar, mas com mais cautela. Com isso, o mercado revisou suas apostas e agora atribui menor probabilidade a um novo corte este ano, aguardando dados mais claros para calibrar as expectativas sobre a política monetária.

· 02:39 — As gigantes de tecnologia

As principais empresas de tecnologia voltaram a mostrar números robustos, reforçando que a inteligência artificial segue como força motora de crescimento e de valor para o setor. Alphabet, Microsoft e Meta apresentaram resultados positivos, ainda que com leituras distintas pelo mercado: a Alphabet surpreendeu com forte expansão no Google Cloud e no YouTube, o que levou suas ações a subir no after-market; a Microsoft também superou estimativas e entregou mais um trimestre robusto no Azure, embora os papéis tenham recuado após o fechamento (o capex veio maior do que o esperado; já a Meta registrou avanço importante na receita publicitária, mas desapontou no lucro por ação por conta de uma despesa tributária extraordinária — sem esse efeito, o resultado teria superado com folga o consenso, mas as ações reagir mal mesmo assim.

O ponto central é que a demanda por IA permanece intensa e estrutural, estimulando receitas, novos produtos e um ciclo pesado de investimentos. A Alphabet projeta gastos mais elevados com data centers; a Microsoft pretende dobrar a capacidade de seus centros de processamento nos próximos anos; e a Meta prepara um forte aumento de despesas de capital para sustentar seus projetos em IA, mesmo à custa de fluxo de caixa no curto prazo. As reações imediatas do mercado foram diferentes, mas a mensagem é a mesma: o ciclo de inteligência artificial continua impulsionando o lucro das big techs e segue no centro do interesse dos investidores, sustentado por crescimento real de receitas e pela expansão constante da infraestrutura tecnológica.

  • VEJA MAIS: Acesse gratuitamente os principais resultados corporativos do trimestre com avaliações pelos analistas da Empiricus Research  – saiba mais aqui.

· 03:25 — Embate contínuo

A paralisação do governo dos EUA expôs de forma clara o desgaste da população com um Congresso que não consegue sequer aprovar os projetos de gastos mais elementares. A combinação de lealdade partidária rígida, medo de retaliação interna e uma cultura política orientada ao embate elimina qualquer espaço para negociação ou consenso, mesmo entre parlamentares moderados. Nesse ambiente, cresce a percepção de que lideranças que “entregam resultados”, independentemente do método, representam uma forma mais efetiva de governar. Isso acaba fortalecendo figuras como Trump, visto por parte do eleitorado como alguém capaz de agir diante da inércia institucional.

O problema é que essa dinâmica abre caminho para um uso cada vez mais amplo de medidas executivas como atalho para contornar o Legislativo, estabelecendo um precedente que pode ser replicado por futuros governos, inclusive democratas. O dilema que se coloca agora é se os eleitores ainda estariam dispostos a apoiar um líder que tente reduzir o tom da polarização e reconstruir pontes políticas — sem ser interpretado como fraco — ou se o país já se acostumou demais à lógica permanente de confronto, na qual governar significa atropelar, e não negociar.

· 04:11 — Trégua parcial

O encontro entre Donald Trump e Xi Jinping marcou uma trégua parcial na disputa comercial que domina a relação entre EUA e China. Trump anunciou a redução pela metade das tarifas americanas sobre produtos chineses ligados ao fentanil, enquanto Pequim se comprometeu a reforçar o controle sobre o envio dos precursores químicos usados na droga e a suspender, por um ano, as restrições à exportação de terras raras — insumos essenciais para setores de tecnologia, energia e defesa. A China também voltará a comprar grandes volumes de soja e outros produtos agrícolas dos EUA (ponto de atenção para o Brasil, que vinha fornecendo esses produtos aos chineses no lugar dos americanos diante do conflito comercial). Embora o acordo não avance em temas estruturais, como Taiwan, subsídios industriais ou restrições tecnológicas, ele reabre canais formais de negociação e reduz parte das tensões recentes. Trump classificou a reunião como muito boa e ambos os líderes sinalizaram futura cooperação em temas geopolíticos, incluindo Ucrânia, além de visitas recíprocas ao longo de 2026.

Ainda assim, o gesto está longe de representar uma pacificação definitiva. Os mercados reagiram de forma cautelosa. A disputa por influência tecnológica permanece no centro do tabuleiro — incluindo o acesso da Nvidia ao mercado chinês, que será discutido diretamente entre a companhia e Pequim. Na prática, o acordo funciona como uma pausa em uma rivalidade estrutural que seguirá moldando o comércio global. Xi Jinping usou uma metáfora náutica para pedir que os dois países “mantenham o rumo estável”, mas o verdadeiro teste será o comportamento de cada lado quando os líderes retornarem para casa — e o que sair das próximas rodadas de negociação.

· 05:06 — US$ 5 trilhões

A Nvidia alcançou um marco histórico ao se tornar a primeira empresa do mundo a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado. O avanço foi impulsionado por encomendas excepcionais de chips de inteligência artificial — estimadas em cerca de US$ 500 bilhões até 2026 — e por uma série de acordos estratégicos. Entre eles, destacam-se a parceria de US$ 1 bilhão com a Nokia para redes 5G e 6G, o auxílio ao Departamento de Energia dos EUA na construção de sete novos supercomputadores e o projeto de produção de 100 mil robôs-táxis autônomos. A fabricação da plataforma Blackwell em território norte-americano simboliza a pressão política por repatriar a cadeia de semicondutores e fortalecer a infraestrutura tecnológica doméstica.

Esse avanço não é isolado: a Nvidia tornou-se a …

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.