Imagem: iStock.com/Saulo Angelo
As ações americanas começaram a semana em território positivo, impulsionadas por um novo fôlego no setor de tecnologia e pelo avanço das apostas em um possível corte de juros pelo Federal Reserve já em dezembro. A melhora no humor dos investidores foi catalisada, sobretudo, pelos comentários de Christopher Waller, membro do Fed, que manifestou apoio explícito a uma redução de 25 pontos-base — um posicionamento que reforçou a percepção de flexibilização monetária que já havia ganhado tração na sexta-feira, após declarações de John Williams (Fed de Nova York) e Mary Daly (Fed de São Francisco). O conjunto dessas falas elevou para cerca de 80% a probabilidade de um corte na reunião do próximo mês, revertendo o ceticismo observado na semana anterior, marcado pela ausência de dados oficiais devido ao shutdown que afetou a divulgação de estatísticas econômicas.
O sentimento mais construtivo foi reforçado pelo desempenho das grandes empresas de tecnologia e pela expectativa em torno de uma série de indicadores econômicos atrasados que devem orientar os próximos passos da política monetária. Alphabet e Nvidia permaneceram no centro das atenções, embora a Nvidia tenha recuado após relatos de que a Meta negocia investir bilhões em chips de IA do Google — um movimento que sugere maior competição no núcleo mais sensível da cadeia. Ao longo da semana, investidores acompanharão a divulgação de dados represados de setembro. Contudo, o PCE, métrica de inflação preferida do Fed, e o PIB do terceiro trimestre serão divulgados apenas em dezembro. No mercado de petróleo, os preços recuam nesta manhã diante de preocupações com excesso de oferta, que se sobrepuseram ao impacto das negociações ainda indefinidas entre Rússia e Ucrânia.
· 00:52 — Restam apenas três semanas…
O Ibovespa voltou ao terreno positivo nesta segunda-feira (24), interrompendo uma sequência de quatro pregões de queda e acompanhando o viés construtivo dos mercados globais, impulsionados pela expectativa de novos cortes de juros nos Estados Unidos. No front doméstico, indicadores de inflação mais benignos e sinais de desaceleração da atividade reforçam a percepção de que o Banco Central começa a ganhar espaço para iniciar um ciclo de afrouxamento já no início de 2026. Esse movimento contribuiu para a queda das taxas futuras e favoreceu especialmente os setores mais sensíveis a juros. O Relatório Focus trouxe melhora adicional das expectativas de inflação para 2025 e 2026, além de uma projeção de Selic mais baixa ao final do próximo ano. Ainda assim, o presidente do BC, Gabriel Galípolo — que fala novamente hoje — deve manter o tom conservador e cauteloso adotado nos últimos meses, preservando a comunicação firme que sustenta a credibilidade institucional (como Galípolo era inicialmente percebido como um nome mais alinhado ao governo e de perfil tradicionalmente heterodoxo, ele precisou, neste primeiro ano de mandato, consolidar credibilidade junto ao mercado adotando um discurso mais firme e ortodoxo — o custo dessa estratégia foi manter os juros mais elevados e por mais tempo, até porque o Banco Central acabou tendo de compensar a ausência de uma âncora fiscal robusta, diante das fragilidades crescentes e estruturais do arcabouço da Fazenda).
No campo político, a escalada de tensão entre Executivo e Congresso permanece como um dos principais pontos de atenção. O Senado deve votar hoje o projeto que cria aposentadoria especial para agentes de saúde — uma pauta com impacto potencial de até R$ 21 bilhões e vista como reação direta de Davi Alcolumbre à indicação de Jorge Messias para o Supremo. Como já mencionamos, existe a possibilidade concreta de Messias se tornar o primeiro nome rejeitado para o STF na Nova República, refletindo uma certa fragilidade política do governo, que acumulou derrotas relevantes no Legislativo e caminha para uma reta final de ano mais difícil. Restam apenas três semanas no calendário legislativo, e temas essenciais — como o Orçamento 2026, o Projeto Antifacção e a proposta do devedor contumaz — seguem travados, com risco crescente de não avançarem antes do recesso. Paralelamente, no ambiente eleitoral, a defesa do ex-presidente Bolsonaro decidiu não apresentar novos embargos. O processo, agora mais próximo do trânsito em julgado, tende a acelerar o movimento de reorganização da oposição e a busca por uma nova liderança para 2026.
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· 01:46 — O corte parece que virá
As bolsas americanas iniciaram a semana em território positivo, sustentadas pelo renovado otimismo em torno do setor de tecnologia e pela crescente probabilidade de que o Federal Reserve corte os juros já em dezembro. A fala do governador Waller, defendendo abertamente um corte de juros com base em sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho, reforçou a narrativa de flexibilização, embora tenha sido lida por parte do mercado como um movimento político (ele tem interesse na cadeira de Powell, que deixa a posição em maio de 2026). Na margem, a temporada de resultados segue surpreendendo positivamente: com cerca de 95% das empresas já divulgadas, o crescimento do lucro por ação do S&P 500 supera 13% no trimestre — quase o dobro das projeções iniciais — enquanto as receitas também vieram acima das expectativas.
O ambiente parece ter voltado a ser favorável às empresas expostas ao tema da inteligência artificial. O desempenho consistente de gigantes como Google e Nvidia ajudou a sustentar o apetite ao risco, reforçando a percepção de que a IA seguirá como um dos pilares estruturais do mercado em 2026. Ao longo da semana, investidores ainda acompanharão uma bateria de indicadores — vendas no varejo, inflação ao produtor, preços de imóveis e confiança do consumidor. Esses dados devem definir o humor dos mercados antes do feriado de Ação de Graças, em um contexto em que o consumidor americano ainda mostra força, mas pressões inflacionárias continuam no radar e podem influenciar o debate sobre a trajetória da política monetária.
· 02:39 — Problemas internos
A União Europeia segue projetando uma imagem de unidade — sustentada pelo choque provocado pela guerra na Ucrânia e por respostas econômicas coordenadas —, mas essa aparência de coesão convive com três fraturas internas que expõem a tensão permanente entre solidariedade supranacional e interesses domésticos. A primeira delas diz respeito ao financiamento da Ucrânia: embora diversos países defendam utilizar os ativos russos congelados como fonte de recursos, a proposta encontra resistência firme de Bélgica, Eslováquia e Hungria. A segunda divergência envolve a implementação do novo pacto migratório europeu, que reacende o conflito entre os países do sul — pressionados pelo fluxo contínuo de imigrantes — e os países do leste, contrários à redistribuição obrigatória de solicitantes de asilo ou ao pagamento de compensações financeiras. Por fim, consolida-se um choque institucional mais profundo: o embate entre soberania nacional e a primazia do direito europeu. A Eslováquia, ao alterar sua Constituição para colocar suas leis acima das normas da UE — em linha com o precedente polonês de 2021 —, desafia diretamente o arcabouço jurídico que sustenta a integração europeia. Em conjunto, esses três pontos de pressão revelam que, apesar da retórica unificada, a UE atravessa um período de estresse que pode limitar sua capacidade de agir de forma coordenada em questões estratégicas.
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· 03:24 — Vem um novo acordo por aí?
As negociações para um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia avançaram com a formulação de um novo plano de 19 pontos, elaborado após a forte reação negativa ao rascunho anterior de 28 pontos, considerado excessivamente favorável a Moscou. Autoridades americanas e ucranianas classificaram a reunião mais recente como “positiva”, mas o novo documento deliberadamente evita os temas mais sensíveis — concessões territoriais, ingresso da Ucrânia na OTAN e garantias de segurança de longo prazo — empurrando essas decisões para o momento final, quando Trump e Zelensky deverão discutir os termos antes do prazo estabelecido por Washington. A incerteza persiste porque o novo rascunho se distancia quase por completo do plano original, aumentando a probabilidade de rejeição pelos russos.
· 04:18 — Nervos à flor da pele
Como já comentamos neste espaço, as tensões entre Japão e China ganharam intensidade após a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmar que um ataque ou bloqueio chinês a Taiwan poderia configurar uma ameaça direta à sobrevivência do Japão — linguagem específica da legislação de segurança de 2015 que autoriza o país a empregar suas Forças Armadas em legítima defesa coletiva. A declaração rompe com a ambiguidade tradicional de Tóquio e sinaliza de forma explícita que o Japão estaria preparado para intervir ao lado dos EUA em um cenário de crise no Estreito de Taiwan. Pequim reagiu de maneira contundente: adotou retaliações econômicas informais, como suspensão de importações de frutos do mar, cancelamento de voos e bloqueio ao turismo chinês; cancelou shows e cruzeiros ligados ao Japão; evocou crimes históricos japoneses em uma carta ao secretário-geral da ONU; e acusou Tóquio de cruzar uma “linha vermelha” ao alinhar publicamente sua política de segurança à dos EUA. O governo japonês, por sua vez, rejeitou a leitura chinesa, manteve sua posição e viu a popularidade de Takaichi subir — reflexo de uma opinião pública desconfiada da China e que interpretou as retaliações como excessivas.
O episódio aprofunda o risco geopolítico na Ásia, em um momento em que a China intensifica exercícios militares próximos a Taiwan e aumenta a presença de sua guarda costeira ao redor das Ilhas Senkaku, pressionando as capacidades de vigilância de Tóquio. A postura mais assertiva do Japão pode reforçar a dissuasão, mas também acelerar os cálculos chineses sobre o timing de uma eventual ofensiva, sobretudo antes que Tóquio conclua seu plano de elevar o gasto militar a 2% do PIB até 2025. Os Estados Unidos, sob Donald Trump, assumiram papel de mediadores, conversando com Xi Jinping e com Takaichi na tentativa de evitar uma escalada maior, ao mesmo tempo em que equilibram interesses estratégicos com as duas maiores economias da região. A disputa evidencia que o atrito bilateral deixou de ser apenas diplomático e comercial, tornando-se foco de atenção global em um ambiente global fragmentado.
· 05:05 — Um salto estratégico
Nesta manhã, a Alibaba superou as expectativas de receita no trimestre, impulsionada pela forte expansão do comércio instantâneo — com entregas em até uma hora — e pelo crescimento robusto da divisão de computação em nuvem, fatores que ampliaram o número de usuários nos aplicativos da companhia. As ações sobem quase 5% no pre-market, enquanto a empresa também se beneficiou, ainda que temporariamente, dos subsídios governamentais para troca de eletrodomésticos, que se encerram em dezembro. No total, a receita alcançou 247,8 bilhões de yuans (US$ 35 bilhões), acima das projeções de 242,6 bilhões, em um momento em que a Alibaba intensifica seus investimentos em inteligência artificial para fortalecer seus negócios de consumo e cloud, consolidando a tecnologia como principal motor de crescimento futuro.
Mas não para por aí. A Alibaba …