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A troca de liderança em uma empresa raramente é um movimento suave para o mercado. Ela envolve uma intensa repercussão de notícias, muitas especulações e um “feedback” dos acionistas no preço das ações.
Entre as 84 empresas listadas no índice Ibovespa, 30 passaram por uma troca de lideranças nos últimos dois anos. O dado foi divulgado pela consultoria de recrutamento Flow Executive Finders em uma pesquisa feita para o portal de notícias NeoFeed.
Por que a troca de CEOs se intensificou nos últimos anos?
O aumento de mudanças entre os líderes empresariais parece ser um fenômeno que está tomando forma há alguns anos no mercado. Para medida de comparação:
- Em 2018 e 2019, foram contabilizadas 16 mudanças de CEOs;
- Em 2021 e 2022, foram 21 trocas.
Conforme explica a analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, desde a pandemia, a economia brasileira, assim como as globais, passaram por mudanças de paradigma importantes.
“Saímos de um mundo de inflação e juros baixos para um ambiente de juros elevados e inflação pressionada. Empresarialmente, é mais difícil navegar por esse ambiente, pelo desafio imposto pelo custo de capital alto por um período prolongado”, comenta Quaresma.
Tanto é que, nesta intensa “dança das cadeiras”, a pesquisa da Flow indica que apenas 3 CEOs do total de 84 entre as empresas listadas no índice estão há mais de duas décadas na presidência da companhia.
“A barra fica mais alta em termos de rentabilidade para novos investimentos, e projetos que antes faziam sentido, como os ligados ao ESG, deixam de fazer. Isso pode demandar perfis executivos diferentes daqueles mais adequados a um mundo de custo de capital baixo e alto incentivo ao crescimento”, explica a analista.
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Petrobras e Vale: CEOs que balançaram a bolsa
Apenas no último mês, notícias sobre a troca no comando do Carrefour (CRFB3), Mercado Livre (MELI34), Hershey (HSHY34) e Fertilizantes Heringer (FHER3) apontam como esta rotatividade acontece não apenas em diversos setores do mercado brasileiro, como também no internacional.
Algumas destas trocas, porém, são mais marcantes para os investidores. Foi o caso do anúncio da entrada de Magda Chambriard em junho de 2024 para a presidência da Petrobras. A engenheira foi a segunda mulher a presidir a petrolífera.
Seu perfil mais desenvolvimentista do que o do antecessor (Jean Paul Prates) provocou de início uma reação negativa no mercado, especialmente atrelado à proximidade da executiva com o governo. Ao fim de 2024, Chambriard conseguiu atingir todas as metas de produção estabelecidas no Plano Estratégico 2024-2028+ da petroleira e, para o próximo quadriênio, pretende expandir os investimentos em 9%.
Outro caso recente, em agosto de 2024, foi a passagem do então diretor financeiro da mineradora, Gustavo Pimenta, para o cargo de CEO da Vale.
A recepção foi positiva, o mercado comemorou, os papéis subiram. Para Ruy Hungria, analista de ações da Empiricus Research, o executivo foi bem recebido pois, estando na Vale desde 2021, era mais próximo ao mercado e tinha a confiança dos acionistas.
Além disso, o analista também apontou um sentimento de “alívio” dos mercados. Em suas palavras, “a boa governança venceu” na decisão da mineradora, e a escolha do líder foi feita com base em questões técnicas, e não políticas, como foi cogitado anteriormente.
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