
Imagem: Edição CanvaPro
O movimento crescente de rotação internacional de portfólios desenha um mapa cada vez mais interessante — especialmente para o investidor que olha além das fronteiras do próprio país.
Esse é o aviso de João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, no novo Podca$t da Empiricus:
“Eu acho que está muito legal para o investidor que olha globalmente, que pensa globalmente seus portfólios.”
No episódio, Piccioni se junta a Larissa Quaresma e Matheus Spiess para debater as tendências do mercado financeiro global e como elas têm impacto direto na carteira dos investidores.
O pico do excepcionalismo americano?
O maior vetor por trás da atual movimentação de peças da economia global é o questionamento da supremacia norte-americana como destino preferencial de capital.
Com inflação ainda pressionada, desaceleração à vista e incertezas fiscais em alta, a invencibilidade da economia americana começa a perder brilho.
“Eu ainda vejo uma economia saudável, ainda vejo uma economia forte, mas, assim como nas expectativas para os investimentos, perdeu-se um pouco o apelo do excepcionalismo americano”, avaliou Spiess.
Apesar de ainda robusta, segundo o analista, a economia americana deve desacelerar aos poucos, diante dos choques comerciais e da postura errática do novo governo Trump.
Esse movimento de fragilização não é súbito nem absoluto, mas abre espaço para reconfigurações globais. Para Piccioni:
“O investidor está saindo dos Estados Unidos para tomar risco no resto do mundo.”
Seja por motivos fiscais, seja por menor crescimento relativo ou mesmo pelo fortalecimento de outras moedas, o resultado é uma redistribuição de capital global.
E para onde está indo esse dinheiro? Europa, Ásia e emergentes como o Brasil.
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Europa: corte de juros, euro em alta e ativos em ascensão
Enquanto os EUA flertam com instabilidade, a Europa parece ensaiar um novo ciclo de crescimento.
Após anos de juros altos, o Banco Central Europeu anunciou o primeiro corte em anos, levando a taxa para 2% ao ano.
Ao contrário do que se poderia esperar, o euro não perdeu força — pelo contrário.
“Você tem uma queda dos juros que teoricamente deveria levar à fuga do euro… E o que a gente está vendo é o pessoal comprando euro, comprando ativos de risco”, comentou Piccioni.
A valorização de 10% do euro em relação ao dólar em 2025 é reflexo desse fluxo.
Isso mostra que o apetite vai além da moeda. Investidores estão apostando em um novo impulso econômico, especialmente na Alemanha.
“O setor bancário está andando muito. As small caps começaram a andar. E o grande destaque é a Alemanha, sem sombra de dúvidas”, reforçou Piccioni.
Entre os destaques, está a Wise, fintech britânica cujas ações subiram mais de 11% após anunciar listagem na bolsa americana.
Em meio à fuga, ainda há uma ponta de esperança na tecnologia americana
Apesar da rotação global, os Estados Unidos não estão fora do jogo, especialmente no setor mais valioso de sua economia: a tecnologia.
Empresas como NVIDIA e a Circle, companhia de stablecoins cujo IPO rendeu alta de 200% no primeiro dia, reforçam a percepção de que há uma demanda reprimida por ativos tech.
E esse é justamente o diferencial competitivo dos EUA, conforme aponta Piccioni:
“No fundo, não existe uma nova fronteira de tecnologia que não nos Estados Unidos.”
Em tempos de rotação global, pensar além de fronteiras deixa de ser uma escolha e passa a ser quase uma obrigação estratégica.
“Nos Estados Unidos, eu vou para o canal da tecnologia. Na Europa, eu vou apostar na reindustrialização. E nos emergentes, eu vou procurar oportunidades por conta de desconto”, sintetizou Piccioni.
Durante o episódio, os analistas também discutiram o cenário econômico brasileiro, os ajustes do IOF, a trajetória dos juros e suas análises para o Petróleo, Azul (AZUL4) e Cosan (CSAN3).
Para conferir a análise completa de Matheus Spiess, Larissa Quaresma e João Piccioni, assista à transmissão completa no vídeo abaixo.