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‘Fuga’ de investidores dos EUA já tem possíveis vencedores? Analistas avaliam como investir em meio ao novo xadrez global; confira

No Podca$t da Empiricus, João Piccioni, Matheus Spiess e Larissa Quaresma discutem a perda de força da economia americana e os destinos da alocação internacional

Por Mariana Pavão

09 jun 2025, 15:00

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Imagem: Edição CanvaPro

O movimento crescente de rotação internacional de portfólios desenha um mapa cada vez mais interessante — especialmente para o investidor que olha além das fronteiras do próprio país.

Esse é o aviso de João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, no novo Podca$t da Empiricus:

“Eu acho que está muito legal para o investidor que olha globalmente, que pensa globalmente seus portfólios.”

No episódio, Piccioni se junta a Larissa Quaresma e Matheus Spiess para debater as tendências do mercado financeiro global e como elas têm impacto direto na carteira dos investidores.

O pico do excepcionalismo americano?

O maior vetor por trás da atual movimentação de peças da economia global é o questionamento da supremacia norte-americana como destino preferencial de capital.

Com inflação ainda pressionada, desaceleração à vista e incertezas fiscais em alta, a invencibilidade da economia americana começa a perder brilho. 

“Eu ainda vejo uma economia saudável, ainda vejo uma economia forte, mas, assim como nas expectativas para os investimentos, perdeu-se um pouco o apelo do excepcionalismo americano”, avaliou Spiess. 

Apesar de ainda robusta, segundo o analista, a economia americana deve desacelerar aos poucos, diante dos choques comerciais e da postura errática do novo governo Trump.

Esse movimento de fragilização não é súbito nem absoluto, mas abre espaço para reconfigurações globais. Para Piccioni:

“O investidor está saindo dos Estados Unidos para tomar risco no resto do mundo.”

Seja por motivos fiscais, seja por menor crescimento relativo ou mesmo pelo fortalecimento de outras moedas, o resultado é uma redistribuição de capital global.

E para onde está indo esse dinheiro? Europa, Ásia e emergentes como o Brasil.

Europa: corte de juros, euro em alta e ativos em ascensão

Enquanto os EUA flertam com instabilidade, a Europa parece ensaiar um novo ciclo de crescimento.

Após anos de juros altos, o Banco Central Europeu anunciou o primeiro corte em anos, levando a taxa para 2% ao ano

Ao contrário do que se poderia esperar, o euro não perdeu força — pelo contrário.

“Você tem uma queda dos juros que teoricamente deveria levar à fuga do euro… E o que a gente está vendo é o pessoal comprando euro, comprando ativos de risco”, comentou Piccioni.

A valorização de 10% do euro em relação ao dólar em 2025 é reflexo desse fluxo.

Isso mostra que o apetite vai além da moeda. Investidores estão apostando em um novo impulso econômico, especialmente na Alemanha.

“O setor bancário está andando muito. As small caps começaram a andar. E o grande destaque é a Alemanha, sem sombra de dúvidas”, reforçou Piccioni.

Entre os destaques, está a Wise, fintech britânica cujas ações subiram mais de 11% após anunciar listagem na bolsa americana.

Em meio à fuga, ainda há uma ponta de esperança na tecnologia americana

Apesar da rotação global, os Estados Unidos não estão fora do jogo, especialmente no setor mais valioso de sua economia: a tecnologia.

Empresas como NVIDIA e a Circle, companhia de stablecoins cujo IPO rendeu alta de 200% no primeiro dia, reforçam a percepção de que há uma demanda reprimida por ativos tech.

E esse é justamente o diferencial competitivo dos EUA, conforme aponta Piccioni:

“No fundo, não existe uma nova fronteira de tecnologia que não nos Estados Unidos.”

Em tempos de rotação global, pensar além de fronteiras deixa de ser uma escolha e passa a ser quase uma obrigação estratégica.

“Nos Estados Unidos, eu vou para o canal da tecnologia. Na Europa, eu vou apostar na reindustrialização. E nos emergentes, eu vou procurar oportunidades por conta de desconto”, sintetizou Piccioni.

Durante o episódio, os analistas também discutiram o cenário econômico brasileiro, os ajustes do IOF, a trajetória dos juros e suas análises para o Petróleo, Azul (AZUL4) e Cosan (CSAN3).

Para conferir a análise completa de Matheus Spiess, Larissa Quaresma e João Piccioni, assista à transmissão completa no vídeo abaixo.

Sobre o autor

Mariana Pavão

Redatora dos portais Empiricus, Seu Dinheiro e MoneyTimes.