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A Amazon e a Apple deram um tom mais otimista aos mercados ao divulgarem resultados acima das expectativas. A Amazon se destacou com um trimestre excepcional: receita de US$ 180 bilhões, lucro por ação muito superior ao consenso e a maior aceleração da AWS em três anos, amenizando o temor de perda de espaço para Microsoft e Google.
A Apple, por sua vez, mostrou resiliência. Mesmo com vendas de iPhone e desempenho na China abaixo das projeções, superou a meta de receita e projetou uma temporada de fim de ano mais forte, com alta de dois dígitos nas vendas do novo iPhone 17.
O detalhe interessante é que, dentro das “Magnificent 7”, Amazon e Apple vinham entre as piores performances do ano — e justamente por isso ilustram como ações subestimadas podem reagir quando números surpreendem positivamente.
O noticiário corporativo também trouxe novos pontos de atenção. A Nvidia fechou acordos para fornecer mais de 260 mil chips a grandes grupos da Coreia do Sul, reforçando sua estratégia de expansão global em inteligência artificial.
Em um episódio curioso, um vídeo viral do CEO Jensen Huang comendo frango frito em um restaurante local impulsionou as ações de empresas do setor avícola na bolsa de Seul, mostrando como o mercado pode reagir a ruídos de curtíssimo prazo.
No cenário macro, o PMI industrial chinês voltou a apontar contração, indicando que a recuperação segue lenta e desigual, enquanto Japão e Coreia do Sul apresentaram dados industriais mais fortes.
Já na Europa, os índices recuaram diante de balanços mistos e da expectativa pela decisão da Opep+, que avaliará se amplia ou não a oferta de petróleo.
· 00:56 — Um mercado de trabalho ainda forte
Por aqui, o Ibovespa renovou ontem, pela quarta sessão seguida, seu recorde nominal, em um pregão de expectativa pela divulgação dos resultados de Vale, Gerdau e Ambev. No pós-mercado e no pré-abertura desta manhã, os ADRs da Vale subiram em Nova York após a companhia reportar lucro acima do esperado e forte geração de caixa — um movimento relevante dada a representatividade sistêmica da mineradora no índice brasileiro, que tende a influenciar o desempenho do pregão de hoje.
No campo macro, o Caged surpreendeu com contratações acima do previsto, reduzindo o espaço para apostas de corte da Selic. Hoje, o mercado acompanha a divulgação da taxa de desemprego da Pnad Contínua, com projeção de 5,5%, patamar historicamente baixo.
Se confirmada, a força do mercado de trabalho deve dificultar qualquer flexibilização no discurso do Copom na reunião da semana que vem, tirando de cena a possibilidade de corte em dezembro. Mesmo assim, vejo chance de corte de juros no início de 2026 — na primeira ou na segunda reunião do ano.
No noticiário político, o presidente Lula embarca neste sábado para Belém, onde permanecerá até a COP 30, que reunirá líderes globais no fim da próxima semana. Em paralelo, em Brasília, ficou para terça-feira a apresentação do parecer sobre o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda. Dependendo das alterações no relatório, o texto pode retornar à Câmara para nova rodada de discussões.
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· 01:43 — Falta de dados
A divulgação dos dados de renda e gastos pessoais nos EUA — fundamentais para medir a saúde do consumo — foi novamente adiada por causa da paralisação do governo. Isso eleva a incerteza, já que o consumidor de renda média tem sido o principal responsável por evitar uma recessão neste ano.
Indicadores de cartão de crédito ainda mostram padrões de gasto estáveis, mas, sem estatísticas oficiais, o espaço para ruídos aumenta. Em cenários assim, más notícias circulam mais rápido que fatos, e o temor de desemprego pode deteriorar a confiança antes mesmo de haver sinais concretos de enfraquecimento da economia.
Na agenda corporativa, a temporada de balanços segue movimentada: AbbVie, Chevron, Exxon Mobil e outras grandes companhias reportam resultados até sexta-feira, com atenção especial para as gigantes de energia, que divulgam seus números antes da abertura em Nova York.
· 02:31 — Belos números
A Amazon e a Apple divulgaram resultados melhores do que o esperado, reforçando seu peso entre as gigantes de tecnologia voltadas ao consumidor.
A Amazon teve um trimestre particularmente expressivo: lucro por ação muito acima do consenso, vendas de US$ 180 bilhões — crescimento de 13% em relação ao ano anterior — e forte aceleração da AWS, com avanço de 20% na receita impulsionado pela demanda por inteligência artificial. As receitas com publicidade, assinaturas e capacidade computacional também cresceram de forma sólida, refletindo o aumento do uso da plataforma e a diversificação de fontes de faturamento.
Já a Apple apresentou números mais moderados: as vendas de iPhone e o desempenho na China ficaram abaixo das projeções, mas mesmo assim a companhia superou a meta de receita trimestral, demonstrando resiliência operacional e capacidade de entregar resultados consistentes, mesmo em um ambiente mais desafiador.
Olhando para frente, as duas empresas também mostraram confiança em relação ao quarto trimestre. A Apple projeta uma temporada de festas bastante forte, com expectativa de crescimento de dois dígitos nas vendas do iPhone 17 — cenário que, se confirmado, pode resultar no melhor trimestre de receita de sua história.
A Amazon, por sua vez, prevê aumento de faturamento e lucro operacional acima das estimativas, apoiada principalmente na expansão contínua da AWS e no reforço dos investimentos em data centers. Agora, o foco do mercado se volta para o comportamento do consumo no fim do ano, etapa decisiva para confirmar se o ritmo de crescimento observado até aqui se manterá no fechamento de 2025.
· 03:27 — Preocupação com o fiscal
Com a dívida pública americana se aproximando de US$ 40 trilhões — impulsionada pelo novo pacote fiscal aprovado no verão — o país caminha para um risco estrutural, caso não consiga acelerar seu crescimento nos próximos anos.
A leitura não é isolada: cresce entre interventores, analistas e economistas a percepção de que os EUA, assim como outras economias avançadas, tornaram-se excessivamente dependentes de estímulos financiados por endividamento.
É uma fórmula que funciona no curto prazo, mas que não se sustenta indefinidamente sem maior expansão da atividade. A mensagem é clara: para economias com dívidas já elevadas, não existe solução mágica. Ou o crescimento acelera, ou o ajuste virá de forma mais dolorosa adiante.
· 04:19 — Um dado um pouco frustrante…
O desempenho da indústria chinesa voltou a frustrar expectativas. O índice oficial de gerentes de compras (PMI) recuou para 49 em outubro, sinalizando a pior sequência de contração em mais de nove anos e confirmando que a atividade opera no ritmo mais fraco em seis meses.
A queda mais intensa dos novos pedidos, superior à registrada em 2023, expõe o peso das barreiras comerciais, da demanda doméstica enfraquecida e do mau humor generalizado no setor produtivo. Esse pano de fundo ajuda a entender a urgência do recente acordo entre Xi Jinping e Donald Trump, que reduziu tarifas sobre produtos chineses na tentativa de aliviar a pressão sobre a indústria.
Mesmo assim, a perspectiva permanece nebulosa. As exportações líquidas respondem por quase um terço do crescimento da China em 2025 e, embora o país ainda esteja a caminho de atingir a meta de expansão de 5% no ano, muitos analistas preveem que o último trimestre será o mais fraco desde os lockdowns de 2022.
Com a demanda interna caminhando lentamente e as relações com os EUA ainda sujeitas a sobressaltos, aumentam as expectativas por mais estímulos fiscais e monetários. Para o mercado, a mensagem se mantém: a indústria segue como elo sensível do crescimento chinês, e sua estabilização será determinante para a confiança no futuro.
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· 05:04 — Iniciativa vinda de Washington
As ações de empresas ligadas à computação quântica tiveram um forte rali após a informação de que o governo Trump estaria negociando a compra de participações acionárias em companhias do setor, oferecendo pelo menos US$ 10 milhões a cada uma por meio de recursos da Lei CHIPS. Mesmo após o Departamento de Comércio negar a possibilidade de aportes diretos — afirmando avaliar apenas empréstimos — o mercado reagiu prontamente. Para os investidores, a simples sinalização de que Washington pode acelerar o desenvolvimento dessa tecnologia estratégica já basta para reprecificar o setor, especialmente depois de o governo ter adquirido participações na Intel e na mineradora de terras raras MP Materials.
A corrida quântica tem uma justificativa clara…