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Investimentos

IOF colocou ‘água no chope’ da bolsa brasileira? Analista vê criação de ‘cenário antipático’ para o segundo semestre

O otimismo com a bolsa brasileira durou pouco? No Podca$t da Empiricus, analistas questionam se o novo ciclo “já nasceu morto” e apontam alternativas para o investidor.

Por Mariana Pavão

21 jul 2025, 11:49

Atualizado em 21 jul 2025, 11:49

Imagem representando o IOF, mostrando uma calculadora junto a moedas e dados financeiros.

Até parecia que a bolsa brasileira voltaria de vez ao radar dos investidores. No início de julho, o Ibovespa bateu um novo recorde, superando os 141 mil pontos, embalado por um dólar mais comportado, um cenário de inflação benigna e expectativas de queda na Selic.

Mas o clima de festa durou pouco. O aumento do IOF aprovado pelo STF reacendeu um alerta que tem potencial para frear o otimismo.

A decisão preservou quase integralmente o decreto do governo que eleva as alíquotas. Com isso, o crédito ficou mais caro para praticamente todas as empresas.

E o que talvez seja mais preocupante foi a decisão sobre os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), antes isentos na compra de cotas primárias, passam a pagar 0,38% de IOF.

A medida caiu como uma ducha fria em um momento em que o Brasil parecia caminhar para um ciclo de recuperação.

Nesse contexto, os analistas da Empiricus debateram, no episódio mais recente do Podca$t, os desdobramentos da decisão e seus impactos para a economia real, o mercado financeiro e os investimentos.

Um aperto monetário invisível

Apesar de ser um tributo, o IOF pode funcionar, na prática, como um instrumento de política monetária disfarçado.

“É um aperto monetário, que é inclusive transmitido mais rápido do que seria um aumento de Selic, explica Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus. 

Isso porque, diferentemente da política monetária tradicional — que depende da cadeia de repasse bancário — o imposto atua direto “na veia” do custo de capital.

Para João Piccioni, head da Empiricus Asset, o sinal de alerta está mais do que aceso: 

“O retorno do IOF, a vitória do governo no STF relacionada a essa questão, vai incomodar mais a economia do que a gente está imaginando.”

A medida ainda atinge outros setores da indústria financeira, com pontos críticos na previdência privada e no impacto nos investimentos no exterior. 

O resultado pode ser um ambiente cada vez mais “antipático” para o segundo semestre, conforme aponta João:  

“A gente está criando um cenário bastante antipático para esse segundo semestre. E aí, em paralelo, você tem os Estados Unidos indo muito bem, as criptos andando muito bem, Europa andando relativamente bem… Pra que raios eu vou colocar dinheiro no Brasil com todo esse caldeirão aí?”

E os juros?

Entre os analistas, acredita-se que o IOF pode forçar uma desaceleração econômica mais intensa. O que, por outro lado, poderia antecipar o corte da Selic.

“Pode acelerar a desaceleração econômica, antecipando ainda mais, talvez, um corte de juros”, pondera Larissa. 

Laís Costa, analista de renda fixa, concorda que a perspectiva mudou:

“A inflação está um pouco mais benigna… e mesmo com essa atividade mais forte, a gente tem essa expectativa de que dá para cortar juros.”

Ela observa que o IPCA de junho veio acima do esperado, mas com composição favorável: 

“O núcleo de serviços continua em um patamar elevado, mas a média móvel sazonalizada dos últimos três meses está em níveis que, apesar de ainda acima da meta, são compatíveis com o início de ciclos de corte passados.”

No cenário internacional, os Estados Unidos também discutem cortes. O CPI (Índice de Preços ao Consumidor) de junho acelerou para 2,7% ao ano, puxado por importados, já refletindo o impacto das tarifas anunciadas por Trump. 

Mesmo assim, o núcleo veio abaixo do esperado, e o mercado aposta em dois cortes até o fim do ano. Para João, os cortes virão, mas não por fragilidade da economia americana: 

“A economia dos Estados Unidos está quente. A coleta de impostos no setor informal está crescendo 20% ao ano. No formal, 4%. O varejo veio super forte. Eu acho que vem um corte, mas para aquele ajuste técnico no curto prazo. A inflação desacelera, o Fed abaixa juros, e a economia continua andando.”

Esse desequilíbrio entre a força dos EUA e os ruídos internos podem colocar em xeque o capital que vinha migrando para os mercados emergentes. 

“A volta do excepcionalismo americano é um dos riscos à tese de Brasil”, afirma Larissa, que também questiona “Será que esse ciclo que estava se formando já nasceu morto? Ou realmente vem aí um grande ciclo para emergentes?”.

João reforça o ponto: “A gente precisa ver o mérito próprio em algum momento”, afirmando que o bom resultado brasileiro tem pouco a ver com esforço doméstico.

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Há otimismo em outras praças

Enquanto o Brasil tropeça nos próprios passos, outros ativos seguem em alta e equilibram as perspectivas para o investidor. 

O episódio do Podca$t também abordou o bom momento do Bitcoin, que atingiu US$ 123 mil após o apoio de Donald Trump à pauta pró-cripto no Congresso americano.

Nesse mesmo cenário, o Ethereum também vem se destacando, e ativos de tecnologia, como NVIDIA, continuam atraindo os holofotes.

Mesmo em meio a turbulências fiscais, há razões para otimismo — mas talvez seja preciso buscar também vetores fora da bolsa brasileira.

Para conferir a análise completa sobre cripto, renda fixa, ações e macroeconomia com o time da Empiricus, assista à transmissão completa no vídeo abaixo.

Redatora dos portais Empiricus, Seu Dinheiro e MoneyTimes.