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Os mais recentes comunicados do Comitê de Política Monetária (Copom) indicaram que a taxa Selic deve continuar no patamar atual, de 15% ao ano, por um longo período.
No evento Onde Investir no 2º semestre, organizado pelo portal Seu Dinheiro, a analista responsável pelas carteiras de renda fixa e fundos de investimentos da Empiricus, Lais Costa, falou sobre sua estratégia de olho nos próximos meses de taxa de juros elevada e quais ativos da cesta se destacam neste contexto.
Junto com Costa, estavam no painel de Renda Fixa Mariana Dreux, gerente de portfólio na Itaú Asset Management, e Reinaldo Le Grazie, ex-diretor do Banco Central e sócio da Panamby (confira a entrevista completa ao final da matéria).
Como a Selic a 15% a.a. até o final do ano afeta os investimentos?
Na última reunião do Copom, concluída em 18 de junho, as expectativas do mercado estavam divididas. Enquanto boa parte dos analistas esperava a manutenção da taxa a 14,75% a.a., outra parte relevante acreditava que ainda poderia vir mais uma alta de 25 pontos-base, o que se concretizou por uma votação unânime dos diretores.
No espectro dos investimentos em renda fixa, Costa afirma que este novo patamar não provoca uma grande alteração no portfólio.
“A alta foi um ajuste mais marginal que não deveria mudar de forma relevante a alocação estrutural da pessoa física. Então, por mais que a gente veja o mercado precificando cortes [de juros] e tentando antecipar, o Banco Central impõe a comunicação de que não vai cortar tão rapidamente”, avalia.
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Analista dá dicas de onde investir em renda fixa no segundo semestre de 2025
Considerando o cenário macroeconômico brasileiro e global, Laís Costa oferece uma perspectiva detalhada sobre a alocação em títulos de renda fixa.
Em primeiro lugar, a analista considera os pós-fixados, indexados ao CDI, muito atrativos para o investidor pessoa física, especialmente pela “baixíssima volatilidade em comparação com outros ativos”.
Quanto aos papéis indexados à inflação, como Tesouro IPCA+, Costa afirma preferir os de curto prazo (B’s curtas) em detrimento aos de prazos mais estendidos. A decisão da analista é justificada pela preocupação de que, com a aproximação das eleições, a discussão fiscal se deteriore, impactando a inflação e o prêmio de juro real de longo prazo.
Embora as taxas dos títulos de longo prazo (B’s longas) pareçam altas hoje, Laís alerta para a volatilidade significativa. Há um risco não trivial, segundo a analista, de que as eleições tragam novas surpresas fiscais.
“À medida que nos aproximamos do período eleitoral, pode haver uma deterioração não muito suave. Temos um histórico [no Brasil] de usar bastante a máquina pública para ajudar nestes momentos. Por isso, estou dando preferência à alocação na parte mais curta da curva de juros”, comentou.
Como a taxação de CRIs, CRAs, LCIs, LCAs e debêntures impacta a carteira?
O universo dos investimentos de renda fixa ainda passou por um grande abalo nas últimas semanas, desde a decisão da implementação a partir de 2026 de um Imposto de Renda de 5% sobre LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas, títulos hoje isentos.
“Acredito que são investimentos que continuam na carteira, pois o imposto ainda é menor do que outros concorrentes diretos de alocação. O mercado, naturalmente, deve arbitrar sobre os 5%, então deve ter um pouco de abertura de prêmio”, afirmou. Segundo ela, devem ocorrer novas emissões ainda em 2025, antes da medida começar a valer em janeiro de 2026.
Por isso, a analista não enxerga “um fluxo de saída de capital tão forte desses títulos para a renda variável, pois não há uma alternativa óbvia de isenção no mercado”, diz.
Onde investir no segundo semestre de 2025?
Junto com Costa, os outros especialistas também compartilharam suas visões sobre alocação de recursos, estratégias de investimento e como cada instituição financeira enxerga o atual cenário econômico brasileiro.
Confira a entrevista completa no Onde Investir no 2º semestre no vídeo abaixo e entenda as perspectivas que estão guiando as decisões de alguns dos principais players do mercado: