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Investimentos

Petrobras (PETR4) reduz no preço da gasolina e guerra comercial entre EUA e China escala; confira destaques

Uma nova escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China segue como uma sombra sobre os mercados globais.

Por Matheus Spiess

21 out 2025, 09:50

Atualizado em 21 out 2025, 09:50

mercado ibovespa ações bolsa b3

Imagem: iStock.com/Thx4Stock

A perspectiva de uma nova escalada na guerra comercial entre Estados Unidos e China continua a lançar sombra sobre os mercados globais, ainda que o histórico recente sugira uma maior probabilidade de acordo do que de ruptura. Nos últimos dias, o presidente Donald Trump alternou entre o tom de pressão e o de conciliação: após apresentar uma lista de demandas americanas, o presidente voltou a adotar um discurso mais otimista, mencionando a possibilidade de um “acordo fantástico” com Pequim. O mercado, por sua vez, parece precificar uma trégua, com empresas mais expostas à relação sino-americana, como a Apple, atingindo novas máximas. Ainda assim, mesmo um eventual entendimento parcial dificilmente eliminará as tensões estruturais entre as duas potências: de um lado, os EUA seguem reforçando a produção doméstica de insumos estratégicos; de outro, a China acelera investimentos para alcançar autossuficiência tecnológica, sobretudo no setor de semicondutores.

Nesse contexto, os investidores permanecem atentos tanto aos desdobramentos da política comercial quanto à nova temporada de balanços corporativos e à evolução dos principais indicadores globais. A melhora dos dados de atividade na China, a queda dos rendimentos dos Treasuries de 10 anos para abaixo de 4% e o tom momentaneamente mais moderado de Trump ajudaram a sustentar um sentimento de alívio nos mercados. As bolsas asiáticas fecharam próximas da estabilidade, assim como fazem os índices europeus nesta manhã, refletindo um compasso de espera, enquanto o petróleo segue sem direção definida, mesmo diante do aumento da oferta global. O cenário geral ainda é de otimismo contido — os investidores aguardam uma definição mais clara nas negociações entre as duas maiores economias do mundo.

· 00:51 — Cuidado com o tom

No Brasil, o Ibovespa voltou a se aproximar da marca dos 145 mil pontos no fechamento de ontem, refletindo um ambiente doméstico de notícias positivas no curto prazo. O destaque ficou por conta da Petrobras, que anunciou uma redução de 4,9% no preço da gasolina — o equivalente a R$ 0,14 por litro. Essa é a segunda queda do ano e reflete o recuo recente nas cotações internacionais do petróleo. A medida deve exercer impacto desinflacionário relevante, contribuindo para que o IPCA encerre o ano abaixo de 5% no acumulado de 12 meses (ainda elevado, claro, mas em trajetória de queda). O movimento ocorre em meio a um cenário externo mais benigno, com o dólar em queda e as expectativas inflacionárias recuando Ainda assim, o Banco Central mantém postura prudente, especialmente diante da fragilidade fiscal. Na ausência de uma âncora fiscal, a política monetária precisa continuar exercendo um papel de contenção. Nesse contexto, ao que tudo indica, o BC tende a iniciar um ciclo de cortes da Selic apenas em 2026, a menos que a autoridade monetária sinalize uma mudança de tom rapidamente, evitando uma eventual correção brusca de rota adiante.

Em Brasília, o mercado acompanha a disputa pela nova vaga no Supremo Tribunal Federal, aberta com a saída do ministro Luís Roberto Barroso. O advogado-geral da União, Jorge Messias, é apontado como favorito na corrida pela posição. Além disso, como antecipamos aqui, o presidente Lula anunciou a nomeação de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência — movimento interpretado como parte de um reposicionamento do governo para 2026 e de um progressivo afastamento do Centrão. Contudo, esse rearranjo reforça a percepção de uma governabilidade mais frágil, cenário que já se reflete nas dificuldades recentes do Executivo no Congresso. Aliás, sobre o tema, a Comissão Mista de Orçamento voltou a adiar a votação do relatório final da LDO de 2026, evidenciando a indefinição política e o desafio do governo em conduzir sua agenda fiscal em um ambiente legislativo cada vez mais fragmentado.

· 01:45 — Se recuperando

Nas últimas semanas, o apetite por risco dos investidores nos EUA arrefeceu de maneira significativa. A combinação entre a retomada das tensões tarifárias e o aumento dos temores de perdas de crédito gerou um ambiente de maior cautela, refletindo-se principalmente no desempenho mais fraco dos bancos. Apesar de os indicadores de estresse de liquidez e solvência terem mostrado alguma alta, o impacto sobre o mercado de crédito segue limitado: os spreads permanecem controlados e não há sinais consistentes de deterioração estrutural. Em outras palavras, embora o sentimento tenha se deteriorado, os fundamentos do sistema financeiro continuam robustos, indicando mais uma correção técnica do que o início de um risco sistêmico.

Mesmo diante desse cenário de incerteza, os mercados acionários mantiveram desempenho positivo ontem. O S&P 500 avançou 1,1% e o Nasdaq subiu 1,4%, apoiados pelo otimismo em torno de uma possível reaproximação diplomática entre Estados Unidos e China. As reuniões previstas entre autoridades econômicas dos dois países reacenderam expectativas de distensão comercial e impulsionaram o humor dos investidores. Ao mesmo tempo, o foco se volta para a nova temporada de resultados corporativos, que tende a exercer um papel estabilizador sobre os preços. Historicamente, os lucros das companhias do S&P 500 têm superado as estimativas iniciais em cerca de sete pontos percentuais, e o desempenho das gigantes Tesla, Netflix e Coca-Cola — que divulgam balanços nesta semana — deverá servir como termômetro do sentimento do mercado e ajudar a definir o tom das próximas semanas.

· 02:34 — Um acordo interessante

Os EUA e a Austrália anunciaram um acordo estratégico voltado ao fortalecimento da produção e do fornecimento de terras raras — um passo importante na tentativa de reduzir a dependência global da China em um setor vital para a economia atual. Esses minerais são essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia, como eletrônicos, veículos elétricos e equipamentos de defesa. A estrutura de cooperação prevê investimentos iniciais de US$ 1 bilhão por país nos próximos seis meses e pode movimentar até US$ 8,5 bilhões em projetos conjuntos. A iniciativa surge em meio ao agravamento da guerra comercial entre Washington e Pequim e à intensificação das restrições chinesas sobre a exportação desses insumos — um movimento sensível, considerando que a China concentra cerca de 70% da produção e 90% do refino.

A reação dos mercados foi imediata e positiva, especialmente na Austrália, onde as ações de mineradoras de terras raras registraram forte valorização. A Arafura Rare Earths chegou a disparar 29% após o anúncio de que o Export-Import Bank dos EUA avalia conceder um financiamento de US$ 300 milhões ao seu projeto Nolans, um dos mais promissores do país. Outras companhias do setor, como VHM e Northern Minerals, também avançaram significativamente, com altas de até 30% e 19%, respectivamente. O acordo marca um avanço relevante na estratégia ocidental de diversificação das cadeias de suprimento e de redução da influência chinesa sobre setores críticos da indústria global. Além do impacto simbólico, o movimento reforça a confiança dos investidores na capacidade de Austrália e Estados Unidos de liderarem uma nova etapa na segurança mineral, energética e tecnológica do Ocidente.

· 03:29 — Situação aparentemente normalizada

Após um fim de semana marcado por novos confrontos, o cessar-fogo em Gaza foi restabelecido, conforme confirmaram autoridades de Israel e dos Estados Unidos. A escalada teve início quando militantes do grupo terrorista Hamas lançaram mísseis antitanque e disparos contra soldados israelenses, resultando na morte de dois militares. Em resposta, Israel realizou uma série de ataques aéreos de caráter defensivo, direcionados a posições estratégicas do Hamas dentro do enclave, atingindo alvos militares previamente identificados. O episódio expôs a fragilidade do acordo de paz firmado na semana anterior e evidenciou as dificuldades persistentes em conter facções extremistas que continuam agindo à revelia de qualquer entendimento diplomático, colocando em risco o cessar-fogo e a estabilidade de toda a região.

Apesar da tensão, a trégua foi retomada com o apoio de mediadores norte-americanos, entre eles Jared Kushner e Steve Witkoff, que se reuniram com representantes israelenses para consolidar os termos do acordo e restabelecer a confiança entre as partes. Israel, por sua vez, condiciona devidamente a continuidade do cessar-fogo ao cumprimento integral dos compromissos assumidos — incluindo a devolução dos restos mortais dos últimos reféns e a interrupção total das hostilidades por parte do Hamas —, enquanto o grupo extremista tenta instrumentalizar a ajuda humanitária como ferramenta de pressão política. Embora parte do fornecimento de suprimentos tenha sido retomada, a passagem de Rafah permanece fechada por razões de segurança, naturalmente. O equilíbrio da trégua segue, portanto, delicado, refletindo a complexidade da região. Assim, a instabilidade no Oriente Médio volta a despertar cautela entre os investidores, repercutindo em volatilidade no petróleo e sustentando o movimento de alta do ouro, que permanece como refúgio em tempos de incerteza.

· 04:18 — Finalmente oficializada

O Japão vive um momento histórico com a ascensão de Sanae Takaichi como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do país. A líder do tradicional Partido Liberal Democrata (PLD), predominantemente de centro-direita, alcançou o posto após firmar um acordo de coalizão com o Partido da Inovação do Japão (Ishin), de direita, substituindo o antigo parceiro centrista Komeito. A nova aliança, mais alinhada a pautas pró-mercado e conservadoras, garante maioria parlamentar suficiente para confirmar sua nomeação, oficializando-a finalmente. Takaichi assume o governo em meio a um cenário econômico desafiador — com inflação persistente e crescimento moderado — e a um ambiente geopolítico tenso, em que o fortalecimento das forças armadas e a relação estratégica com os EUA ganham destaque. A expectativa é de que sua gestão represente uma guinada mais clara à direita, reforçando uma postura mais assertiva em defesa dos interesses japoneses.

Com estilo firme e discurso nacionalista, Takaichi é frequentemente comparada a Margaret Thatcher e se apresenta como uma figura determinada a revitalizar o prestígio do Japão, tanto internamente quanto no cenário global. Sua vitória, obtida por pequena margem no Parlamento, reflete uma aposta do PLD em reconquistar os eleitores mais jovens e conservadores que migraram para partidos populistas de direita. No campo econômico, sua plataforma promete estímulos à atividade, ecoando os princípios da “Abenomics”, embora sua prioridade imediata seja conter a inflação. No plano internacional, Takaichi deve reforçar laços com os americanos — especialmente durante o encontro com o presidente Trump — e adotar uma postura mais dura em relação à China. A reação inicial dos mercados foi cautelosa: o iene cedeu, e o índice Nikkei ficou de lado após altas recentes. Agora, o desafio da nova premiê será equilibrar ambição política e pragmatismo econômico, provando se poderá, de fato, tornar-se a “Dama de Ferro da Ásia”, aos moldes do que foi Thatcher.

· 05:02 — Prévias alvissareiras

Nos últimos dias, as prévias operacionais de Cyrela e Direcional, referentes ao terceiro trimestre de 2025, reforçaram a boa fase do setor imobiliário, ainda que em um contexto macro contido. Ambas as empresas apresentaram avanços expressivos em lançamentos e vendas, demonstrando resiliência e execução sólida dentro de seus respectivos nichos. A Cyrela manteve sua posição de liderança no segmento de média e alta renda, sustentada por uma expansão vigorosa no volume de novos projetos, enquanto a Direcional consolidou sua força no mercado de baixa e média renda, com destaque para o desempenho da marca Riva e pela robusta geração de caixa.

A Cyrela (CYRE3) mostrou, mais uma vez, por que…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.