Investimentos

Prio (PRIO3): O que achamos da aquisição de 60% do Campo de Peregrino?

Prio exerceu seu direito de preferência para se tornar dona de 100% do ativo

Por Larissa Quaresma, CFA

07 maio 2025, 16:40 - atualizado em 07 maio 2025, 16:40

Prio PRIO3

Imagem: Divulgação

A Prio (PRIO3) anunciou a aquisição de 60% do Campo de Peregrino das mãos da Equinor, após a compra de 40% em setembro de 2024, adicionando 202 milhões de barris à sua reserva de óleo.

A companhia exerceu seu direito de preferência para se tornar dona de 100% do ativo, tornando-se sua operadora integral. Isso permite a captura de sinergias operacionais mais profundas, para além das comerciais já destravadas com a participação de 40%. Colocando esses ganhos na conta, a companhia estima uma taxa interna de retorno real acima de 20% ao ano, o que vemos como bastante atrativo.

Valor pago pela Prio foi atrativo?

A Prio pagará US$ 3,5 bilhões pelos 60%, o que implica um prêmio de 22% pelo controle do ativo. Entretanto, a companhia tem direito à geração de caixa desde janeiro de 2024, que estimamos em US$ 1 bilhão até o fechamento da transação, previsto para o 1T26.

Com isso, o desembolso efetivo é estimado em US$ 2,5 bilhões, o que implica um múltiplo EV/EBITDA de 3,5x, abaixo do múltiplo de negociação da própria PRIO3 (5,4x), o que nos parece bem atrativo. Em termos de alavancagem, o índice dívida líquida / EBITDA deve atingir 2,0x no fechamento da transação, devendo cair para 1,0x até o final de 2026, bem confortável.

Companhia estima que o custo de extração de Peregrino deve cair

Diferentemente de aquisições anteriores da Prio, a absorção das sinergias não depende de investimentos adicionais. Ela virá do compartilhamento de infraestrutura com Polvo + Tubarão Martelo, que ficam próximos de Peregrino (veja no mapa abaixo).

Ademais, o religamento de um gasoduto da Equinor, já previsto no contrato da transação, permitirá o uso de gás na produção do ativo. Finalmente, a eliminação de estruturas comerciais e administrativas duplicadas finaliza as sinergias esperadas.

Com isso, a companhia estima que o custo de extração de Peregrino deve cair em 50%, para US$6/barril, e que o desembolso operacional total deve sair dos atuais US$500 milhões ao ano para US$ 270 milhões ao ano. Essas premissas, além dos ganhos comerciais já capturados com a participação minoritária, devem gerar o retorno superior a 20% anuais.

Fonte: Prio

Existe uma segunda fase de sinergias, que entram como opcionalidade e não estão incluídas no cálculo de retorno. Elas envolvem a otimização da plataforma (FPSO) de Polvo+TBMT, utilizando capacidade ociosa desta para escoar a produção de Peregrino. No longo prazo, uma das duas plataformas (de Peregrino ou Polvo+TBMT) poderia ser eliminada, à medida que a produção de ambos entrarem em declínio.

PRIO3 é recomendação de compra da Empiricus Research

No todo, consideramos que a transação, já ventilada pela Prio desde a aquisição minoritária, é positiva, e contribui para a construção de um 2026 com bastante crescimento para a companhia: não só Peregrino entra integralmente no portfólio, como, também, Wahoo.

Lembramos que o aumento do custo de extração no 4T24 se deveu à absorção dos 40% de Peregrino, que atualmente é mais ineficiente que o portfólio legado da Prio. Com a absorção das sinergias operacionais, é possível vislumbrar um 2025 com mais eficiência também. Negociando a 5,4x seu EBITDA estimado para 2025, Prio segue recomendada pela Empiricus.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.