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Na última semana estivemos presentes no Farm Day, na fazenda Pamplona (GO), para acompanhar as novidades apresentadas pela SLC Agrícola (SLCE3).
Mais do que apenas palavras, o CEO Aurélio Pavinato fez questão de apresentar uma sequência de dados que mostram entrega de resultados impressionantes da companhia ao longo dos últimos anos, com CAGR de duplo dígito em área plantada, receita líquida, Ebitda e lucro líquido.
Dados relevantes do Farm Day da SLC Agrícola 2025
Com exceção de 2024, muito afetado por quebra de safra e preços nas mínimas, o ROE tem se mantido em níveis interessantes e, mais importante, tem mostrado ganho de importância da operação agrícola (farming) nos últimos anos, o que deixa os resultados menos dependentes da apreciação de terras e refletem melhor a qualidade operacional da companhia.

É claro que a apreciação de terras é importante para o negócio, e o CAGR “mesmas fazendas” quase seis pontos percentuais acima do CDI nos últimos 18 anos mostra que a SLC também tem essa expertise. Mas esse não é o seu core business, e tende a ser menos relevante no atual estágio (fase de crescimento 3), focado em aumento de eficiência operacional, asset light e tecnologia.

Parte relevante da eficiência vem do ganho de produtividade, e como acompanhamos regularmente, a companhia tem conseguido reportar um desempenho de sacas por hectare bem acima da média nacional, mesmo com os desafios setoriais.
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Soja volta a patamar normalizado – veja destaques da safra atual
Sobre a safra atual, os executivos compartilharam que, depois de um período penalizado para a soja, o grão voltou a patamares normalizados próximos de 4 mil kg/ha com o bom desempenho de muitas fazendas da SLC.
Já no algodão houve uma queda de desempenho com o aumento das chuvas na primeira safra. No entanto, a boa recuperação da segunda safra compensou o desempenho consolidado do grão.
Por fim, no milho, a companhia colheu os benefícios de operar na melhor janela para plantio e cultivo, o que ajudou em uma melhora de produtividade de +11,8% frente a safra de 23/24 e +17,5% da média das últimas quatro safras.
Mas a melhora das condições climáticas na safra 2024/2025 não impediu a companhia de correr atrás de medidas capazes de amenizar intempéries futuras. O plano de irrigação – que deve aumentar em +21% a área irrigada na próxima safra, beneficiando a Bahia que possui grande oscilação produtiva – traz maior estabilidade, contribuindo para um aumento da produtividade, além de impulsionar o valor das terras (solo que produz mais, vale mais).
Além de ser uma medida de aumento de produtividade, o economics é muito atrativo. Segundo nossas pesquisas e feedbacks da gestão, o payback é de aproximadamente quatro anos, com uma geração extra de caixa de R$ 5 mil/ha a R$ 6 mil/ha já considerando as despesas com eletricidade. Isso porque além de melhorar a produtividade, a irrigação também permite a segunda safra em áreas que hoje não têm essa opção.
Para fins comparativos, essa prática é muito utilizada por países asiáticos, que correspondem a 76,8% das áreas irrigadas no mundo, o que permite até três safras de arroz no ano, por exemplo.

Com um crescimento de áreas irrigadas de 4,5% ao ano, o Brasil caminha para continuar ganhando espaço como um fornecedor global confiável. Inclusive, o ganho de confiança tem permitido o aumento de share nas exportações globais nos últimos anos.
Exportação do algodão ganha presença internacional
Nessa linha, a exportação do algodão ganhou força recentemente devido à maior confiabilidade na entrega de um produto de qualidade nos mercados internacionais, com possibilidade de obter um impulso extra com os planos de irrigação. Mesmo com baixos investimentos nessa vertente em comparação a outros países, a nossa produtividade está próxima dos maiores exportadores como Estados Unidos, China e Austrália. Como uma operadora relevante, esse é mais um ponto positivo do recém projeto de irrigação da SLC.

Como todos sabemos, a demanda contínua por alimentos por conta do aumento populacional deve continuar a render aumento da demanda de grãos.
Mas o grande driver para crescimento da demanda serão os biocombustíveis. Junto com os Estados Unidos, o Brasil figura entre os líderes de produção de biocombustíveis no mundo (CAGR de 14% nos últimos 15 anos) e deve continuar se aproveitando do crescimento desse mercado.

Nesse contexto, destaque para o etanol de milho, cuja produção no Brasil atingiu um CAGR de 36% nos últimos quatro anos.
Sobre a expectativa para preços dos grãos no curto prazo, a companhia não espera grandes mudanças para os patamares atuais, a não ser que tenhamos interferências climáticas em países produtores relevantes. Por outro lado, os preços já parecem bem próximos do piso.
Além do mais, com aumento dos custos de fertilizantes em decorrência da guerra no Oriente Médio, deve haver pressão de margem no setor. Esperamos efeitos mais brandos para a companhia, uma vez que até o último reporte mais da metade da ureia necessária para a safra 2025/26 estava adquirida.
Cenário da SLC Agrícola se mantém atrativo para o investidor de SLCE3
Esse cenário setorial ainda deteriorado deve continuar proporcionando M&A’s atrativos. Com uma alavancagem próxima de 3x, a SLC está com poder limitado para realizar novas aquisições e arrendamentos. Entretanto, caso surjam negócios interessantes, a companhia pode recorrer à prática de sale-leaseback, que consiste na venda de fazendas e seu posterior arrendamento, o que libera o valor correspondente do ativo com a permanência da operação.
Além de liberar caixa, esse movimento pode ajudar a destravar o valor das terras da companhia, que possuem um NAV correspondente por ação de R$ 32,90.
Apesar de um ambiente de preços baixos, o Farm Day serviu para mostrar que SLC segue em busca de novas avenidas de crescimento, seja por M&As ou ganho de produtividade. E quando o ciclo virar, essa estratégia tende a resultar em excelentes dividendos.
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