Imagem: iStock.com/mirsad sarajlic
O cenário para a bolsa brasileira, na margem, piorou, mas não o suficiente para alterar a trajetória positiva para o Ibovespa. Essa é a visão do CIO e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda.
Por que o cenário piorou para a bolsa brasileira?
Para Miranda, dois fatores deixaram o ambiente menos auspicioso.
O primeiro, o aumento da popularidade do presidente Lula, que reduziu, ao menos no curto prazo, a probabilidade de alternância no ciclo de política econômica para um candidato alinhado ao mercado financeiro em 2026.
“O trade eleitoral saiu da mesa e entrou o risco fiscal”, disse o estrategista-chefe no Morning Call do BTG Pactual (assista ao vídeo completo no final da matéria).
Segundo ele, o risco fiscal voltou acompanhado de preocupações com uma “heterodoxia mais generalizada” no ano que vem.
“Foi aventada a discussão sobre tarifas gratuitas de ônibus, mais populismo em um momento fiscal complicado para o Brasil”, afirmou.
Outro sinal de maior populismo, na visão de Miranda, são as notícias de que Lula teria autorizado membros do governo a serem mais vocais a favor de um corte de juros. “Ficou um pouco de medo sobre como o Galípolo, que tem tido um comportamento impecável até agora, se comportaria com uma eventual pressão”.
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Os ‘gatilhos’ mais importantes para o Ibovespa são outros, diz Felipe Miranda
A “boa notícia” é que esses fatores não devem alterar a trajetória positiva para o Ibovespa nos próximos meses, avalia Miranda.
O analista vê o “trade eleitoral” com pouco peso na precificação dos ativos no momento. “Começa a fazer preço em março e muito preço em junho. Até lá, vão ter idas e vindas”, disse ao lembrar que muita coisa pode mudar no período.
Sobre a questão fiscal, Miranda também não vê grandes novidades até 2026. “Depois, sim, vamos discutir de fato a mudança de regime fiscal no Brasil”.
Segundo o analista, dois gatilhos são mais importantes para a bolsa brasileira no momento.
O primeiro, a continuidade de um dólar mais fraco no mundo. “Essa força é pró-ouro, pró-bitcoin e vai de encontro a uma grande diversificação de portfólio a favor dos países emergentes”.
“O Brasil se beneficia dessa trajetória, é um mercado pouco líquido, com pouca penetração e profundidade. Ninguém tem Brasil [no portfólio]. Quem tinha para vender, já vendeu. É um bear market enorme desde julho de 2021, então qualquer coisa faz preço”, disse o analista.
Outro fator é a tendência de queda de juros no mundo, que o Brasil deve embarcar nos próximos meses.
“Tivemos uma ótima notícia esta semana que acabou em segundo plano: o IPCA, que teve uma dinâmica interna muito boa e muita gente passou a revisar as projeções de inflação para baixo”, disse Felipe Miranda.
Nesse sentido, a rotação de recursos para mercados emergentes e o ciclo de corte de juros global, juntos, podem alçar o Ibovespa a novas máximas – assim como tem sido ao longo de 2025.
Para ver outras análises de Felipe Miranda no Morning Call desta sexta-feira (10), clique no player abaixo: