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Investimentos

Trump pode demitir diretora do Fed? Entenda o caso de Lisa Cook e as consequências para o mercado

Veja por que o anúncio de demissão da diretora do Federal Reserve está mexendo com os mercados nesta terça-feira (26)

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

26 ago 2025, 10:55

Atualizado em 26 ago 2025, 10:55

lisa cook federal reserve fed

Imagem: Reprodução/ Federal Reserve

O presidente Donald Trump anunciou a demissão da diretora do Federal Reserve, Lisa Cook, na última segunda-feira (25). A justificativa do republicano é que a economista teria cometido fraude hipotecária. 

Em uma disputa sem precedentes, Cook declarou à imprensa que não irá renunciar ao cargo e seu advogado afirmou que serão tomadas as medidas necessárias para impedir a “tentativa de ação ilegal”.

Cook, a primeira mulher negra no conselho, foi indicada pelo ex-presidente Joe Biden e seu mandato tem duração prevista até 2038. Nos últimos meses, entretanto, a doutora em Economia vem sofrendo ameaças da administração e dos aliados do atual presidente americano, como forma de aumentar a pressão sobre o banco central dos EUA para redução dos juros.

Segundo o CIO da Empiricus Research, Felipe Miranda, o poder de Trump para esta decisão é uma subjetividade. “Há uma prescrição formal de que ele pode demitir diretores do Fed desde que haja justa causa, que deveria estar associada a uma grande negligência ou má conduta”, comentou. 

Em sua coluna diária, o analista de macroeconomia da Empiricus, Matheus Spiess, afirma que a medida de Trump desafia o risco de ingerência política sobre a condução da política monetária.

“O caso inevitavelmente seguirá para a Justiça e, caso prevaleça a posição da Casa Branca, abrirá espaço para que o presidente indique outro nome ao conselho, ampliando sua influência política sobre uma instituição que, até aqui, era vista como pilar de autonomia técnica”, diz Spiess. 

Por que a ameaça de demissão de Lisa Cook estremece os mercados?

Felipe Miranda explica que o mercado encara a decisão de Trump pela demissão de uma forma cautelosa diante de duas facetas diferentes.

Primeiro, o analista enxerga que há uma falta de liturgia na demissão, pela qual as instituições americanas sempre foram caracterizadas. “O mercado sempre viu nos Estados Unidos uma coisa mais ritualística, institucional e formal, de forma que não cabe a um presidente arbitrariamente determinar a diretoria do Fed”, contextualiza Miranda. 

Diante desta incerteza, nesta manhã os futuros do S&P 500 recuaram e os juros longos de 30 anos subiam, demonstrando um desconforto com as instituições. “O dólar apresentou forte volatilidade e o ouro chegou a subir, refletindo a percepção de risco institucional”, comenta. 

Spiess ainda levanta que, caso Trump consiga emplacar a destituição, o presidente teria a oportunidade de consolidar maioria no Conselho de Governadores do Fed, abrindo espaço para reforçar sua agenda de cortes de juros com vistas a estimular a economia. 

“Trata-se, portanto, de um ataque direto à autonomia da instituição e evidencia a delicada fragilidade do equilíbrio entre política monetária e ingerência política nos EUA, ainda que parte do mercado mantenha a aposta de que o Senado e os tribunais servirão como barreiras de contenção às investidas de Trump”, escreve o analista em sua newsletter diária

Por outro lado, essa abertura para Trump fazer mais uma nomeação no Fed implicaria no acirramento desta perseguição do presidente pelo juro curto, o que Miranda enxerga que poderia ser uma vantagem para os mercados no curto prazo. 

“Um corte de juros seria pró-lucro para as empresas no curto prazo e permitiria também um menor retorno sobre o dólar. Assim, o dinheiro poderia ir para outros mercados, uma medida que poderia ser até positiva no curto prazo para mercados emergentes”, pontua Miranda. 

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.