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Investimentos

TSMC e ouro lideram rali global enquanto guerra comercial ganha fôlego nos bastidores; veja destaques

O ouro bateu sua marca histórica, com mais de 60% de alta em 2025. Confira os eventos mais relevantes do mercado hoje.

Por Matheus Spiess

16 out 2025, 09:29

Atualizado em 16 out 2025, 09:29

TSMC TSMC34 Taiwan Semiconduc Manufact (2)

Imagem: iStock.com/BING-JHEN HONG

Os mercados globais estão tendo uma quinta-feira (16) de alta, impulsionados pelos resultados expressivos de uma das gigantes de tecnologia, que temporariamente desviaram a atenção dos investidores do risco crescente de uma guerra comercial entre EUA e China. O grande destaque foi o ouro, que ultrapassou a marca histórica de US$ 4.200 por onça-troy, acumulando valorização superior a 60% no ano. A escalada do metal reflete a combinação entre o aumento das tensões comerciais e a expectativa de novos cortes de juros pelo Federal Reserve. Paralelamente, a TSMC — principal fornecedora de chips de empresas como Apple e Nvidia — revisou mais uma vez para cima sua projeção de receita para 2025, reforçando o otimismo em torno do ciclo global de investimentos em inteligência artificial, que já ultrapassa a marca de US$ 1 trilhão.

No campo geopolítico, as tensões seguem intensas. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sugeriu estender a atual trégua tarifária caso a China adie seus novos controles sobre exportações de terras raras, enquanto os países do G-7 discutem uma resposta coordenada às restrições planejadas por Pequim. Donald Trump elevou o tom ao afirmar que os EUA já estão “em uma guerra comercial com a China”, numa clara sinalização política antes do encontro com Xi Jinping. Além disso, o Reino Unido pressiona para renegociar os termos de sua embaixada em Pequim, em um contexto diplomático mais delicado, e a Índia sinalizou que interromperá as compras de petróleo russo, ampliando o alcance das disputas comerciais no tabuleiro global.

Na Ásia, as bolsas fecharam em território positivo, lideradas pela Coreia do Sul, onde o bom desempenho das ações de tecnologia foi reforçado pela expectativa de avanços em acordos comerciais com os EUA. Em Taiwan, o índice avançou com o otimismo em torno da TSMC; em Tóquio, as ações subiram apoiadas por ganhos expressivos do SoftBank. Na Europa, os mercados apresentaram desempenho misto, refletindo a combinação entre resultados corporativos positivos e preocupações persistentes com tarifas. Já nos Estados Unidos e no Brasil, o sentimento permanece sustentado pela expectativa de novos cortes de juros pelo Fed ainda neste ano, o que tem mantido o apetite por risco, mesmo diante da crescente incerteza geopolítica.

· 00:56 — Em busca de um novo pacote

No Brasil, o Ibovespa encerrou o pregão de ontem em alta, retomando o patamar dos 142 mil pontos, em linha com o movimento de recuperação dos mercados internacionais, enquanto os investidores acompanham atentamente a escalada comercial entre EUA e China. No front diplomático, o chanceler Mauro Vieira tem reunião marcada hoje com o secretário de Estado, Marco Rubio, para negociar a tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros — qualquer sinal positivo dessas conversas tende a ser bem recebido pelo mercado. Na agenda doméstica, o destaque fica para a divulgação do IBC-Br, que deve reverter a queda de 0,53% registrada em julho e mostrar alta de cerca de 0,70% em agosto, reforçando a leitura de que a atividade segue resiliente. Os dados de varejo e serviços publicados nesta semana corroboram esse cenário, apontando para um ritmo consistente de crescimento econômico. Ainda assim, a tendência é de desaceleração no terceiro e quarto trimestres, o que pode levar a um PIB mais fraco no segundo semestre, embora sem abrir muito espaço para cortes de juros já em dezembro — um movimento possível, mas menos provável neste momento, dependente da evolução da atividade, da inflação e também do ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos.

Vale lembrar que a principal razão por trás do patamar elevado da Selic é a desancoragem das expectativas, consequência direta da falta de credibilidade fiscal. Na ausência de uma âncora fiscal consistente, cabe à política monetária compensar, mantendo os juros em níveis mais altos por mais tempo. Nesse contexto, o governo corre contra o tempo para fechar um novo pacote fiscal após a derrubada da MP que compensaria a alta do IOF, medida que abriu um rombo de cerca de R$ 35 bilhões no Orçamento de 2026. Entre as alternativas em discussão estão o aumento da tributação sobre apostas online, de 12% para 24%, a criação de novas medidas de compensação tributária e a taxação de fintechs. A revisão de gastos, contudo, não parece estar no radar. Por outro lado, a equipe econômica descartou mudanças em impostos de importação, exportação ou em instrumentos de poupança isentos, como LCIs e LCAs, além de reafirmar que não pretende rever a meta fiscal — um sinal positivo para os mercados. Com esse cenário, a votação da LDO foi adiada para a próxima semana.

Em paralelo, o Tribunal de Contas da União (TCU) concedeu um alívio importante ao governo ao suspender a decisão que obrigava o Executivo a mirar o centro da meta fiscal do Orçamento. A medida, válida até julgamento do plenário, atende a um recurso da gestão Lula e reduz o risco de enquadramento em crime de responsabilidade, garantindo segurança jurídica para a elaboração do próximo relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para 22 de novembro. Ainda assim, a crítica original do TCU permanece relevante: com cerca de R$ 90 bilhões de exclusões da meta e a escolha deliberada pelo piso da banda, o governo vinha distorcendo o mecanismo fiscal. A suspensão, portanto, dá tempo à Fazenda para tentar recompor receitas e ajustar a estratégia, mas não elimina a necessidade de um plano fiscal mais sólido e crível para restaurar a confiança dos agentes econômicos. Ele só virá em 2027…

· 01:22 — Desescalada?

A mais recente escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China pairou sobre os mercados, mas o foco dos investidores esteve em outra frente: a temporada de resultados. Uma leva de balanços positivos dos grandes bancos americanos deu o tom do pregão de quarta-feira, sustentando o apetite por risco. O Nasdaq Composite avançou 0,7%, o S&P 500 subiu 0,4% e o Dow Jones recuou levemente, com queda de 17 pontos. No total, oito das dez companhias que divulgaram resultados superaram as estimativas de lucro, reforçando a percepção de solidez financeira no topo da economia americana. Em paralelo, o Livro Bege trouxe sinais mistos: registrou alta de preços e indicou uma desaceleração no consumo ao longo das últimas oito semanas, cenário que mantém os investidores atentos aos próximos dados econômicos oficiais.

No campo geopolítico, autoridades dos EUA buscam conter a deterioração das relações comerciais com Pequim e evitar que a disputa sobre exportações de terras raras evolua para uma guerra comercial de grandes proporções. O representante comercial Jamieson Greer e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, condenaram a decisão chinesa de ampliar os controles de exportação, classificando-a como parte de uma estratégia deliberada para consolidar o domínio sobre cadeias globais de suprimentos estratégicos. Apesar das críticas, ambos sinalizaram disposição para o diálogo: Trump mantém planos de se encontrar com Xi Jinping na Coreia do Sul, e, até o momento, nenhuma das partes implementou efetivamente as ameaças comerciais anunciadas, o que preserva espaço para uma eventual distensão. Essa perspectiva de negociação contribuiu para sustentar o otimismo dos mercados, que reagiram positivamente às falas das autoridades. Ao mesmo tempo, investidores aguardam novos balanços corporativos e indicadores do setor imobiliário, fundamentais para ajustar as expectativas sobre o ritmo da economia americana nos próximos meses.

· 02:39 — Até aqui tudo bem…

Os principais bancos dos Estados Unidos iniciaram a temporada de resultados com números impressionantes, superando amplamente as expectativas do mercado e reforçando um clima de confiança em relação à economia americana. Goldman Sachs, Citigroup, JPMorgan Chase, Bank of America e Morgan Stanley apresentaram fortes crescimentos nos lucros, impulsionados sobretudo pelo aumento expressivo nas atividades de negociação e investimento corporativo. O Goldman Sachs registrou alta de 37% em seus ganhos, alcançando US$ 4,1 bilhões no trimestre, enquanto o Morgan Stanley surpreendeu com um salto de 45% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já Citigroup, JPMorgan e Bank of America reportaram avanços robustos, variando entre 12% e 23%. O conjunto desses resultados sinaliza um ambiente de negócios aquecido no topo do sistema financeiro, refletindo um momento favorável para grandes operações e para os mercados de capitais, que permanecem dinâmicos.

Entretanto, esse vigor observado nas altas esferas contrasta com uma realidade mais moderada na base da economia. O aumento dos depósitos bancários não tem se convertido em maior demanda por crédito ao consumidor, indicando um comportamento mais prudente das famílias. Paralelamente, surgem sinais de fragilidade no mercado de crédito privado: o colapso de empresas altamente alavancadas, como Tricolor e First Brands, acendeu alertas entre investidores e reguladores. Líderes do setor têm advertido sobre valuations de mercado que se aproximam de níveis típicos de bolha, enquanto muitos expressam crescente preocupação com preços de ativos que parecem cada vez mais difíceis de sustentar. Assim, embora os grandes bancos estejam colhendo resultados recordes, o pano de fundo econômico traz elementos de vulnerabilidade estrutural que sugerem que esse ciclo de bonança pode não se estender indefinidamente.

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· 03:23 — Semana agitada em Washington, D.C.

Os ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais de todo o mundo estão reunidos nesta semana em Washington, D.C., para o encontro anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). A pauta, desde segunda-feira, concentra-se em três grandes desafios que moldam a agenda econômica global: a necessidade de mobilizar mais capital privado para financiar o desenvolvimento, diante da escassez de recursos públicos; a busca por soluções para o crescente endividamento soberano, que coloca várias economias mais pobres à beira da inadimplência; e a dificuldade de estimular um crescimento global lento e desigual. O tom das discussões tem sido definido pelo mais recente Relatório Perspectivas Econômicas Mundiais do FMI. 

A diretora-geral, Kristalina Georgieva, descreveu o cenário como “melhor do que o temido, mas pior do que o necessário”, projetando expansão em torno de 3% em 2025 — um resultado resiliente, embora ainda aquém dos níveis pré-pandemia. As projeções do FMI traçam um quadro de economia global em que as tensões começam a se tornar mais evidentes. O principal vetor de instabilidade identificado é a política comercial americana, caracterizada por tarifas amplas e medidas protecionistas decorrentes da guerra comercial promovida por Donald Trump. Apesar disso, os indicadores de curto prazo surpreenderam positivamente: o Fundo elevou sua previsão de crescimento global para 3,2% em 2025, ante 3% em julho, impulsionado pelo aumento da demanda antecipada — à medida que empresas e consumidores se adiantam às tarifas — e pela desvalorização do dólar, que favoreceu o comércio internacional. 

No entanto, a tendência para 2026 é de desaceleração, com projeção de 3,1%, refletindo os efeitos cumulativos dos impostos sobre a atividade econômica, inclusive nos EUA, onde inflação e desemprego avançam simultaneamente. Além disso, o FMI chama atenção para o delicado equilíbrio fiscal: altos níveis de endividamento, deterioração dos saldos primários, juros elevados e crescimento mais fraco exigirão cortes de gastos, sobretudo na Europa, pressionada pelo envelhecimento populacional, pelo aumento dos gastos com defesa e pelas demandas da transição energética.

· 04:18 — Interdependência excessiva

O mercado começa a demonstrar inquietação diante da intricada rede de relações que conecta algumas das maiores empresas do setor de inteligência artificial — Microsoft, Nvidia, Oracle, CoreWeave e OpenAI. Esse ecossistema movimenta centenas de bilhões de dólares em um circuito fechado de contratos, investimentos cruzados e acordos estratégicos, criando um nível elevado de interdependência entre os participantes. O risco central é que, caso um desses players não consiga honrar seus compromissos, os efeitos podem se propagar rapidamente por toda a cadeia, comprometendo os fluxos financeiros. Essa configuração guarda paralelos históricos com o setor aeroespacial entre as décadas de 1920 e 1950, quando empresas como Boeing e Lockheed não apenas financiavam seus clientes e fornecedores, mas também detinham participação direta em diferentes elos da cadeia produtiva — uma estrutura igualmente complexa, porém mais transparente do que a atual.

A principal preocupação hoje é a falta de clareza nas informações financeiras. As divulgações contábeis dessas companhias muitas vezes não detalham adequadamente os fluxos de capital entre si, e alguns números parecem excessivamente otimistas, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade de determinadas operações. Embora não haja qualquer indicação de práticas irregulares, a opacidade desse sistema de relações — que combina empresas consolidadas e startups altamente capitalizadas — cria desafios relevantes para investidores e reguladores, sobretudo em um segmento que cresce em ritmo acelerado e assume papel estratégico na economia global. Não se trata de questionar o potencial da inteligência artificial, mas sim de reforçar a necessidade de padrões contábeis mais transparentes e consistentes, especialmente nas divulgações de partes relacionadas, à medida que o setor se torna um dos principais vetores de transformação dos mercados internacionais.

· 05:01 — Investimento em setores críticos

O JPMorgan revelou um plano para investir até US$ 10 bilhões em setores estratégicos da economia americana, como parte de uma iniciativa ainda mais ampla, de US$ 1,5 trilhão, voltada a fortalecer a segurança e a resiliência nacional dos Estados Unidos. A estratégia concentra-se em áreas consideradas vitais para a soberania do país — como defesa e aeroespacial, minerais essenciais, indústria farmacêutica e computação quântica — e combina investimentos diretos em capital próprio com aportes em capital de risco, ao longo de um horizonte de dez anos. Segundo o CEO Jamie Dimon, trata-se de um movimento empresarial, sem coordenação com o governo Trump, e que buscará oportunidades não apenas em território americano, mas também em outras regiões estratégicas do mundo. Para sustentar essa agenda, o banco está estruturando uma equipe robusta de banqueiros, especialistas e profissionais de investimento, capaz de operar com profundidade e alcance nessa frente de longo prazo.

Os primeiros setores de foco incluem…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.