Quando nos deparamos com tantos números, gráficos e contas dentro do mercado financeiro ‒ elementos tecnicamente objetivos ‒, pode ser fácil esquecer que, na verdade, as finanças são extremamente subjetivas. A história das finanças é, parafraseando Nietzsche, “humana, demasiadamente humana”.
Em “Breve História das Finanças e as suas lições práticas para os investidores”, o professor e economista Rodolfo Olivo conta toda essa trajetória, que vai desde Isaac Newton até Nassim Taleb. Uma história que ainda está sendo escrita ‒ e provavelmente continuará em construção enquanto existir a Humanidade.
“A discussão sobre finanças e economia, no seu âmago, é um debate sobre a natureza do ser humano. Os mercados não são mais que apenas o reflexo dessa natureza” ‒ Trecho de “Breve História das Finanças”.
O livro é dividido em cinco partes, o que o torna ainda mais didático. Olivo começa falando dos primórdios das finanças, a “pré-história” da teoria financeira moderna. Em seguida, ele se aprofunda nas Finanças Neoclássicas, para depois seguir para as Novas Finanças (as finanças comportamentais aqui inclusas) e enfim, reúne todos os conceitos apresentados em uma última parte sucinta e bem útil.
É interessante notar como as teorias de finanças “beberam de outras fontes”, como a física newtoniana e o evolucionismo darwinista. Para não deixar o leitor perdido, o autor explica todos os conceitos envolvidos, o que ajuda na compreensão do livro e das próprias teorias.
Leia até o final: última parte de “Breve História das Finanças” dá dicas para investidores
O trunfo da obra está na última parte, na qual o professor escreve quais lições os investidores podem tirar da história das finanças. Ao apresentar vários conceitos novamente, ele traz contraposições e faz adaptações para o momento atual do mercado financeiro. É quase como um guia para o investidor que quer saber como administrar melhor sua carteira.
Deixo aqui um spoiler de uma das dicas dadas por Olivo: “O investidor deve ser crítico ao kit padrão de conselhos da indústria financeira: nem sempre o tomar mais risco é recompensado com mais retorno potencial, isso não é automático.”
Um destaque especial vai para o último capítulo da obra, que se dedica à Nassim Taleb e suas teorias. São páginas que deveriam ser lidas por todos os investidores, antes mesmo de abrirem o home broker para negociar ações.
Em “Breve História das Finanças”, o autor nos guia por uma jornada entre universidades, eventos e publicações acadêmicas. O livro possui muitos personagens e pode ser bem difícil lembrar todos os nomes. Alguns, como Harry Markowitz, Eugene Fama, Daniel Kahneman, George Soros e Warren Buffett, já são “figurinhas carimbadas”. Para ajudar o leitor a se guiar por esse mundo cheio de importantes pensadores e financeiras, há um apêndice no final com o nome de todas as pessoas citadas e uma pequena biografia.
“Breve Histórias das Finanças” é um livro democrático e serve tanto para estudantes de Economia como para investidores leigos
Um dos diferenciais do livro escrito por Rodolfo Olivo é o fato dele ser bem democrático, algo que o próprio enfatiza na introdução: “Acredito que esse livro possa ser útil tanto como complemento de um livro-texto de finanças para quem está estudando formalmente o assunto em uma graduação ou pós-graduação, mas também e talvez até mais útil para alguém que apenas esteja interessado em conhecer sobre o tema”.
Os gráficos e tabelas podem assustar o leitor leigo que folheia o livro, mas Olivo não se aprofunda muito nos cálculos e explica o básico apenas para dar uma noção mais completa das teorias apresentadas. Para quem quer ir mais a fundo, o professor dedica quatro apêndices técnicos e uma seção de referências ao final da obra.
Ou seja: você não precisa entender muito de matemática para ter uma leitura prazerosa de “Breve História das Finanças”.
A orelha e o prefácio do livro foram escritos, respectivamente, por Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden, sócios-fundadores da Empiricus. Em um dos trechos, Miranda resume bem o que podemos esperar da obra de Olivo:
“Mergulhamos no passado para entender o presente e descobrimos ferramentas capazes de nos tornar investidores melhores. O conhecimento histórico a serviço de se ganhar dinheiro hoje”