Há muito que Bill Gates deixou de ter seu nome associado somente à Microsoft. Atualmente, o bilionário, que fez sua fortuna revolucionando a relação das pessoas com a tecnologia, se encaixa mais no termo “filantropo” do que “empresário”. Não é que ele tenha deixado a tecnologia de lado, mas em vez de pensar em novos modelos de computadores e softwares, Gates tem se dedicado mais a temas como saúde, educação e mudança climática.
O novo livro do multibilionário mostra como ele aposta também em tech para combater um dos problemas mais graves da Humanidade: a emissão de gases de efeito estufa.
“Como evitar um desastre climático: As soluções que temos e as inovações necessárias” acaba de ser lançado no Brasil pela Companhia das Letras e foi indicação do sócio-fundador da Empiricus, Felipe Miranda, no episódio #57 do podcast Puro Malte.
O interesse pelas causas do efeito estufa surgiu enquanto Bill Gates estava tentando combater outras mazelas da sociedade. Em suas viagens para países subdesenvolvidos, especialmente na África Subsaariana, ele notou a dimensão da pobreza energética e como isso tinha relação com a prosperidade econômica. “É impossível construir uma economia na qual todos tenham oportunidade de trabalho sem um serviço de fornecimento em grande escala de eletricidade confiável e barata para escritórios, fábricas e call centers”, relata no livro.
Foi a partir daí que o fundador da Microsoft, uma empresa que depende essencialmente de energia para sobreviver, começou a pensar em formas baratas e confiáveis de oferecer energia para as populações pobres. Só que apenas isso não bastava: além de tudo, a energia teria que ser limpa. “O mundo precisa gerar mais energia para que os pobres possam prosperar, mas sem liberar mais nenhum gás de efeito estufa”, resume Gates, no primeiro capítulo do livro.
“Eu sabia que os gases de efeito estufa vinham fazendo a temperatura subir, mas presumia que houvesse variações cíclicas ou outros fatores que naturalmente impediriam um desastre climático de fato. E era difícil aceitar que, enquanto os humanos continuassem a emitir esses gases, na quantidade que fosse, os termômetros seguiriam subindo”, escreve.
Em “Como evitar um desastre climático”, temos o resultado de todas as conversas do bilionário com físicos, químicos, biólogos, cientistas políticos e engenheiros para resolver esta grande questão: oferecer energia limpa às populações desfavorecidas e zerar as emissões de gases estufa. Em cada um dos capítulos do livro, Bill Gates apresenta dados sobre a situação atual do planeta e possíveis soluções para a questão energética e climática.
As propostas apresentadas por Gates todas têm enfoque em tecnologia e inovação, o que já poderia ser esperado do fundador da Microsoft. No livro, ele é direto: “Precisamos canalizar o empenho e o QI científico do mundo todo no emprego das soluções de energia limpa de que dispomos hoje e inventar novas soluções, parando de lançar gases de efeito estufa na atmosfera.”
“Não posso negar que sou mais um ricaço cheio de opiniões. Mas acredito que minhas opiniões são bem embasadas e sempre tento aprender mais.”
Bill Gates também não deixa de fazer uma certa mea culpa e reconhece que sua própria emissão de carbono é bem alta. Em uma das passagens do livro, ele ironiza que viajou com um jatinho privado para dar uma palestra sobre mudanças climáticas. No entanto, ele também mostra como apenas ações individuais não são suficientes para zerar as emissões de gases estufa.
Para provar isso, o americano usa o exemplo da pandemia de COVID-19: apesar da diminuição drástica da circulação de carros e aviões, a redução de gases estufa na atmosfera foi mínima. “Assim como precisamos de novos testes, tratamentos e vacinas para combater a Covid-19, também precisamos de novas ferramentas para combater as mudanças climáticas: maneiras de gerar eletricidade, fazer coisas, cultivar alimentos, aquecer ou resfriar dentro de edifícios e transportar pessoas e bens ao redor o mundo, tudo com uma pegada de carbono zero.”
É preciso uma mudança estrutural na matriz energética do mundo, o que ele reconhece ser uma missão extremamente difícil, mas essencial.
O bilionário, que durante muito tempo investiu em empresas que contribuem para o aquecimento global, também revela no livro que em 2019, encerrou todos os seus investimentos diretos em companhias de gás e petróleo e orientou a organização que gerencia o orçamento da Fundação Gates a fazer o mesmo.
Ao final, o livro faz jus ao seu título e apresenta um plano prático para zerar as emissões de gases estufa, que envolve políticas públicas e atuação individual de cada um dos cidadãos para monitorar o trabalho do governo e das empresas e de si mesmos.
Em busca de mais livros com soluções inovadoras…
A base das propostas de Bill Gates para combater a mudança climática é a inovação. Quem não inova, acaba ficando para trás ‒ isso vale para empresas, instituições e pessoas. No livro “O Dilema da Inovação”, escrito por Clayton M. Christensen, ele fala justamente sobre este tema e mostra como grandes empresas prosperaram sendo disruptivas em seus mercados.
A obra foi enviada para os assinantes do Empiricus Books, um clube do livro que se propõe a entregar ideias inovadoras para os assinantes. Os títulos enviados giram em torno de assuntos como empreendedorismo, finanças, negócios e são cuidadosamente selecionados pela equipe da Empiricus, a maior casa de análise financeira do país. A cada dois meses, os assinantes recebem uma caixinha em casa, com o livro e um marcador de páginas personalizado.
Se você deseja receber livros disruptivos que podem transformar a sua vida (e as suas finanças), fica aqui o convite para conhecer o Empiricus Books.
Veja abaixo as demais dicas do Puro Malte #57:
- Novo CD de Maria Bethânia, “Notuno”. Indicação de Roberta Scrivano;
- Livraria infantil “Pé de livro”, no bairro da Pompeia, em SP. Indicação de Roberta Scrivano.
- Livro “Narrative Economics”, de Robert Shiller. Indicação de Felipe Miranda;
- Livro “A última criança na natureza” de Richard Louv. Indicação de Bia Nantes;
- Livro “Anna Karênina”, de Liev Tolstói. Indicação de Rodolfo Amstalden;
- Filme “Cruella”, disponível na Disney+. Indicação de Bia Nantes;
- Documentário “O Começo da Vida 2 – Lá Fora”, disponível na Netflix. Indicação de Bia Nantes;
- Artigo “Geração Covid: marca e marco, estigma ou distintivo?”, de João Marcelo Borges, no Nexo Jornal. Indicação de Felipe Miranda.