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Investimentos

Ibovespa hoje: Como o resultado da Petrobras (PETR4) e outras empresas no 2T25 podem impactar a bolsa? Veja os destaques desta sexta-feira (8)

Trump ainda declarou a intenção de indicar outro nome para o cargo vago no Fed. Confira os principais acontecimentos do dia.

Por Matheus Spiess

08 ago 2025, 09:18

Atualizado em 08 ago 2025, 09:56

mercado ibovespa ações bolsa brasileira b3

Imagem: iStock.com/KanawatTH

A semana foi amplamente favorável para os mercados globais, com o índice MSCI World avançando 2% — seu melhor desempenho desde junho. O otimismo foi alimentado, principalmente, pela crescente convicção de que o Federal Reserve dará início ao ciclo de cortes de juros em setembro, movimento que tem ganhado tração mesmo diante do aumento das tarifas. O dólar perdeu força no mundo, recuando 0,6% ao longo da semana, em linha com essa expectativa de afrouxamento monetário. Um dólar mais fraco costuma favorecer ativos de risco, sobretudo em mercados emergentes (gostam de ambientes com liquidez mais frouxa). Nesta sexta-feira (8), o pregão começa com viés positivo tanto na Europa quanto nos futuros americanos.

No Japão, os mercados locais reagiram positivamente após indicações de que os Estados Unidos podem recuar na imposição de tarifas sobre automóveis; além disso, tivemos movimentos muitos positivos nas ações do SoftBank, que atingiram novas máximas históricas impulsionadas pelos lucros do trimestre e pela forte exposição ao setor de inteligência artificial, incluindo apostas em nomes como Nvidia. Entre as commodities metálicas, o ouro subiu em resposta à indicação de que o metal pode entrar no radar tarifário de Washington, enquanto o petróleo caminha para sua pior semana desde junho, pressionado por realização e menor apetite global por risco.

No campo geopolítico, vence hoje o prazo dado por Donald Trump para que a Rússia aceite um cessar-fogo na guerra com a Ucrânia, embora o próprio presidente tenha suavizado o discurso nos últimos dias. Na política monetária, a atenção se volta para a nomeação de Stephen Miran a um mandato-tampão no comitê de mercado aberto do Federal Reserve, enquanto cresce a expectativa em torno de Christopher Waller como possível sucessor de Jerome Powell (outros nomes seguem no radar). A próxima semana será crucial para calibrar apostas sobre o rumo da política monetária nos EUA, com a divulgação de dados importantes de inflação e vendas no varejo. 

· 00:59 — Mesmo com o ruído de sempre, os ativos seguem firmes

No mercado doméstico, o Ibovespa voltou a ganhar tração, mesmo com a entrada em vigor das tarifas americanas sobre produtos brasileiros. O movimento foi impulsionado, sobretudo, pela temporada de balanços — com resultados majoritariamente positivos entre as companhias listadas —, em um cenário de múltiplos historicamente baixos e alocação ainda tímida dos investidores locais em ações. Após um mês de julho pressionado por fatores internos e externos, o começo de agosto tem sido positivo. Ontem, por exemplo, diversas ações apresentaram altas expressivas, à medida que os números do segundo trimestre surpreendem. O destaque ficou por conta da Eletrobras, que disparou 9,6% após divulgar um lucro acima das projeções. No câmbio, o dólar recuou globalmente e fechou cotado a R$ 5,42 contra o real, dando suporte ao ambiente externo mais favorável aos emergentes neste início de agosto que mencionei.

A atenção agora se volta à Petrobras, que divulgou seus resultados na noite de quinta-feira (7) e realiza a teleconferência com investidores na manhã de hoje. A estatal reportou um lucro líquido de R$ 26,6 bilhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 2,6 bilhões do mesmo período do ano passado — movimento amplamente antecipado após a divulgação da prévia operacional. O bom desempenho veio sustentado por maior volume de produção, mas os números completos trouxeram nuances: tanto a receita líquida quanto o Ebitda recuaram em relação ao mesmo trimestre de 2024, o que pode gerar alguma apreensão (apesar de esperado). Além disso, a distribuição de R$ 8,6 bilhões em dividendos e JCP, embora ainda relevante, ficou aquém dos R$ 12 bilhões aguardados pelo mercado, o que ajuda a explicar o tom levemente negativo das ADRs da companhia no pré-mercado em Nova York. Ainda é um bom nome para renda passiva, claro, mas sem o brilho de outrora (por enquanto, já que neste trimestre as coisas podem mudar com o governo precisando de dinheiro).

Por fim, os investidores seguem monitorando as medidas de resposta de Brasília ao tarifaço, ainda que a tensão tenha arrefecido com a lista de isenções pelos Estados Unidos — que pode ser ampliada nos próximos dias com as negociações. A reação do governo, ao que tudo indica, virá em capítulos e não em um grande pacote, incluindo linhas de crédito subsidiadas, flexibilizações trabalhistas e possíveis compensações tributárias para exportadoras. Enquanto o risco de escalada no conflito comercial permanecer contido, o mercado local pode seguir se beneficiando dessa melhora relativa no humor global, especialmente diante de um cenário externo mais construtivo para emergentes e da perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos e no Brasil.

· 01:42 — Sinais

Nos Estados Unidos, a quinta-feira foi marcada por um desempenho desigual entre os principais índices de ações. O Nasdaq se sobressaiu, renovando sua máxima histórica com o impulso das gigantes de tecnologia, especialmente as integrantes do grupo Magnificent Seven. Já o S&P 500 e o Dow Jones não conseguiram sustentar o bom humor da abertura e encerraram o dia em queda, refletindo um movimento de realização de lucros. O ambiente ficou ainda mais sensível com a entrada em vigor das tarifas comerciais impostas por Donald Trump e por sinais técnicos que acenderam alertas nos mercados: a divergência entre o índice de força relativa (RSI) do setor de tecnologia e o dos demais componentes do S&P 500 resgatou um padrão histórico frequentemente associado a correções relevantes de curto prazo.

No campo macroeconômico, os dados mais recentes reforçaram a percepção de arrefecimento do mercado de trabalho americano. Os pedidos contínuos de seguro-desemprego subiram na última semana de julho para o maior patamar desde o início deste ciclo, indicando uma perda de tração nas contratações. Ainda que o número possa estar parcialmente distorcido por fatores sazonais, ele contribui para consolidar a expectativa de que o Federal Reserve iniciará um novo ciclo de cortes de juros ainda neste segundo semestre — possivelmente entre setembro e outubro. Os sinais para um corte se acumulam. Diante desse pano de fundo, o mercado segue em compasso de espera, com os preços sendo moldados tanto pelas dinâmicas setoriais quanto pela evolução de variáveis macroeconômicas cada vez mais delicadas. 

· 02:36 — A nomeação

Donald Trump anunciou sua intenção de nomear Stephen Miran para preencher temporariamente a vaga deixada por Adriana Kugler no Conselho de Governadores do Federal Reserve. Em publicação no Truth Social, o presidente afirmou que Miran — atual chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca — ocuparia o posto até o fim do mandato vigente, em 31 de janeiro de 2026. Trata-se, portanto, de uma indicação tampão, com horizonte limitado. Embora seja improvável que a confirmação aconteça antes da reunião de política monetária de setembro, sua eventual entrada no colegiado pode adicionar uma inclinação mais dovish às discussões internas do Fed, especialmente se os dados justificarem cortes de juros.

A escolha, no entanto, está longe de ser motivo de alarde. Pelo contrário: é, no mínimo, curiosa. Miran integrou a ala mais técnica e pragmática da equipe econômica de Trump. Foi ele quem delineou os primeiros contornos do diagnóstico sobre os desequilíbrios comerciais americanos — o que, na teoria, deu base à atual escalada tarifária. Na prática, porém, a execução coube ao setor mais ideologizado (e desorganizado) do governo, que acabou convertendo estratégia em ruído. O fato é que Miran não representa um risco imediato de ingerência política sobre o Fed, como chegou a se temer. Sua visão mais branda em relação à política monetária pode até encontrar respaldo nos fundamentos, desde que a guerra comercial não volte a escalar, comprometendo a previsibilidade. Além disso, não parece ser essa a tentativa de criação de um “shadow Fed” — hipótese que só se sustentaria se Trump já estivesse usando a cadeira para anunciar antecipadamente o sucessor de Jerome Powell.

Falando nele, o atual governador Christopher Waller passou a figurar como um dos nomes mais fortes para assumir a presidência do Fed após o fim do mandato de Powell. Kevin Warsh também aparece com boas chances — a meu ver, mais que Kevin Hassett, por exemplo. Ambos os nomes (Waller e Warsh) seriam, de maneira geral, bem recebidos pelo mercado. Até aqui, o tabuleiro permanece aberto, mas pelo menos as peças não parecem tão disfuncionais quanto se temeu num primeiro momento.

· 03:27 — Distensão?

A mais recente escalada da política tarifária dos EUA trouxe à tona novos desdobramentos. O governo americano decidiu tarifar as importações de barras de ouro de um quilo e cem onças, afetando diretamente investidores que buscavam proteção contra a inflação. A medida retroage a abril e coloca a responsabilidade do pagamento nas mãos dos importadores, com sanções legais em caso de descumprimento. Enquanto contratos futuros de ouro permanecem isentos, a decisão reposiciona o comércio internacional de metais preciosos: países como Austrália e Reino Unido devem ganhar participação frente à Suíça, principal fornecedora afetada. 

No front mais amplo da guerra comercial, o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, sinalizou que é provável uma extensão de 90 dias na trégua com a China, cujo prazo se encerra no próximo dia 12. A afirmação ecoa o discurso recente de Donald Trump de que um acordo com Pequim estaria próximo — embora o presidente ainda não tenha formalizado a decisão. A Índia, por sua vez, busca vantagens pontuais oferecendo concessões em setores sensíveis como agricultura e laticínios. Mesmo assim, o ambiente segue volátil: além da ameaça de tarifas sobre a União Europeia caso promessas de investimento não se concretizem, Trump prometeu divulgar taxas sobre chips na próxima semana e iniciou planos para sobretaxar produtos farmacêuticos, com alíquotas que podem chegar a 250% em pouco mais de um ano. O cenário tarifário, portanto, segue incerto, com impactos relevantes para o comércio.

· 04:11 — GPT-5

A OpenAI revelou ontem sua mais recente criação: o GPT-5, novo modelo de linguagem que simboliza um passo mais evolutivo do que disruptivo na corrida da inteligência artificial. Longe de representar uma ruptura radical, o novo sistema traz melhorias significativas em fluidez, velocidade e precisão, refinando ainda mais a experiência de interação — tanto por texto quanto por voz. Sam Altman, CEO da empresa, resumiu bem o salto qualitativo: se o GPT-4 lembrava um estudante universitário promissor, o GPT-5 se aproxima de um especialista com doutorado, capaz de lidar com tarefas complexas com mais naturalidade e profundidade. Em demonstrações públicas, o modelo chamou atenção pela capacidade de transformar linguagem natural em código funcional com agilidade e por sua integração fluida com plataformas do Google, como Gmail e Agenda. É um avanço, sem sombra de dúvidas.

Apesar dos avanços, o lançamento também reacende uma discussão latente: o ritmo de progresso da IA generativa estaria desacelerando? É possível. As avaliações iniciais, embora favoráveis, apontam para um padrão de incrementos marginais entre versões, o que alimenta a tese de que o setor pode estar entrando em uma fase de maturação, com ganhos cada vez mais difíceis e custosos. É nesse contexto que a OpenAI — agora avaliada em US$ 500 bilhões — tenta demonstrar que a relevância da inteligência artificial será medida, daqui em diante, pela aplicabilidade no mundo real, e não apenas por benchmarks técnicos. O GPT-5, portanto, pode marcar o fim da euforia da primeira onda da IA generativa e o início de um ciclo em que a sofisticação precisa vir acompanhada de impacto concreto e, claro, de retorno financeiro.

· 05:04 — O dólar…

O dólar americano, tradicionalmente visto como um porto seguro em tempos de instabilidade global, tem perdido força desde seu pico em setembro de 2022 — acumulando uma desvalorização de cerca de 15%. Esse enfraquecimento reflete não apenas a imprevisibilidade da política econômica dos EUA, mas também a crescente pressão fiscal e institucional no país. Embora o dólar historicamente se fortaleça em momentos de crise global, sua função como ativo de refúgio está sendo questionada, especialmente quando as fontes de incerteza partem dos próprios Estados Unidos.

A política comercial errática adotada por Donald Trump, particularmente o choque tarifário de abril de 2025, intensificou a desvalorização do dólar. Medidas como o “One Big Beautiful Bill”, que consolidou déficits elevados e piorou a sustentabilidade fiscal americana, aumentaram a desconfiança dos investidores em relação ao dólar. Soma-se a isso a …

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.