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Investimentos

Selic mantida a 15% e corte de juros nos EUA; qual deve ser a reação do mercado nesta quinta (11)?

Enquanto o FOMC optou pelo corte de juros, o Copom manteve a taxa Selic estável – dentro do previsto; veja mais destaques.

Por Matheus Spiess

11 dez 2025, 09:49

Atualizado em 11 dez 2025, 09:49

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Imagem: iStock/ studiocasper

O Federal Reserve implementou o terceiro corte consecutivo de 25 pontos-base na taxa básica de juros, agora posicionada entre 3,50% e 3,75% ao ano, em uma decisão marcada por três dissidências — o maior grau de divergência desde 2019. A reação inicial dos mercados foi positiva, com o S&P 500 se aproximando de sua máxima histórica, mas o Fed manteve a projeção de apenas um corte adicional em 2026, classificando a política atual como próxima ao nível “neutro”. Na coletiva, Jerome Powell adotou seu tom cauteloso, enfatizando a necessidade de proteger o mercado de trabalho sem, contudo, acenar com estímulos adicionais diante de uma inflação ainda resistente. A crescente fragmentação dentro do FOMC — combinada à expectativa pela transição na presidência do Fed em 2026 — sugere um ambiente mais complexo para a condução da política monetária.

No pano de fundo, seguem pesando as tensões tecnológicas e geopolíticas, como as suspeitas de que a DeepSeek teria contornado restrições ao operar chips Nvidia Blackwell na China, além da volatilidade internacional associada ao desempenho mais fraco de grandes empresas do setor de tecnologia.

Nesta manhã, o entusiasmo com o corte de juros arrefeceu após resultados decepcionantes da Oracle desencadearem uma realização ampla em ações de tecnologia, contaminando Ásia, Europa e os futuros em Nova York. No Brasil, o Copom manteve a Selic em 15%, reforçando o diferencial de juros e sustentando o apetite por carry trade, fator que tende a favorecer o câmbio. Entre as commodities, o petróleo opera de forma errática após a apreensão de um petroleiro pela Marinha dos EUA na costa da Venezuela e diante das projeções da Agência Internacional de Energia.

· 00:54 — Manteve a postura hawkish

Por aqui, o Ibovespa encerrou o pregão em alta, em meio à expectativa pela decisão do Copom. Como amplamente antecipado, o Banco Central manteve a Selic em 15%, mas frustrou parte do mercado ao não flexibilizar o discurso: o comunicado preservou integralmente o tom hawkish, mesmo após revisões baixistas nas projeções de inflação. Na prática, a ausência de qualquer indicação prévia reduz a probabilidade de um corte já em janeiro — apesar de menos provável, ainda possível, especialmente porque o presidente Gabriel Galípolo tem reiterado que não pretende recorrer ao tradicional forward guidance (“não precisa dar seta”) antes de decidir.

A postura ainda muito dura encontra respaldo no diagnóstico de expectativas ainda desancoradas. Em um ambiente de fragilidade fiscal, no qual uma das pernas do tripé macroeconômico segue manca, a política monetária acaba obrigada a compensar, o que mantém os juros elevados por mais tempo. Soma-se a isso o esforço do BC para reforçar sua credibilidade, após um período em que parte do mercado demonstrou ceticismo quanto à nova composição da diretoria. Embora a atividade econômica esteja desacelerando e a inflação caminhe gradualmente para a meta, o corte de juros parece mais plausível a partir de março — sempre condicionado aos dados, tanto domésticos quanto dos EUA, onde novos cortes também abrem espaço adicional para flexibilização aqui. No curto prazo, a leitura tende a pressionar a Bolsa e favorecer o real.

No campo fiscal, justamente o ponto que sustenta essa política monetária mais contracionista, a Câmara sinalizou que pode votar ainda nesta semana — na sexta-feira — o projeto que prevê o corte linear dos benefícios tributários. A medida é considerada essencial para recompor cerca de R$ 20 bilhões em receitas e viabilizar o Orçamento de 2026, e o governo trabalha para aprová-la antes da votação da LOA.

· 01:47 — Duro, porém nem tanto…

A decisão do Federal Reserve de reduzir os juros em 25 pontos-base trouxe um alívio imediato aos mercados, que reagiram positivamente à percepção de um ambiente mais favorável para 2026. Embora o corte sinalize maior preocupação com a desaceleração do mercado de trabalho, o Fed também revisou para cima suas projeções de crescimento e para baixo suas estimativas de inflação, reforçando a leitura de um ciclo econômico mais equilibrado. A coletiva de Jerome Powell — menos hawkish do que o temido e aberta à possibilidade de novos cortes — ampliou o apetite por risco, ainda que o Fed tenha reiterado sua dependência dos dados, o que tende a intensificar a volatilidade a cada nova divulgação. A reunião também expôs o FOMC mais dividido desde 2019: três votos dissidentes e diversas “dissidências silenciosas” evidenciaram a tensão entre um risco inflacionário e sinais de arrefecimento no emprego.

Mesmo com o entusiasmo inicial, o cenário segue desafiador. As projeções oficiais indicam apenas mais um corte em 2026, bem abaixo do que o mercado embute na curva, sugerindo um ciclo potencialmente mais lento — ou até interrompido — caso a inflação volte a ganhar tração ou a atividade surpreenda para cima. As divergências internas no comitê, somadas à proximidade da sucessão de Powell em 2026, aumentam a incerteza sobre a condução da política monetária. Paralelamente, o Fed anunciou operações de gestão de reservas para atenuar pressões de liquidez, sem configurar um novo QE. Em síntese, apesar da recepção positiva e de um pano de fundo ainda construtivo, a combinação de inflação persistente, mercado de trabalho em moderação e um FOMC fragmentado indica um caminho complicado no ano que vem.

· 02:35 — Mesmo com tarifas

O superávit comercial da China superou a marca de US$ 1 trilhão em 2025, sinalizando que, mesmo diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos e do ambiente geopolítico mais tenso, o país mantém sua posição como o principal centro manufatureiro do mundo. As exportações continuam a crescer, enquanto as importações seguem fracas, refletindo a demanda interna ainda debilitada. Esse desempenho tem sido impulsionado por uma política industrial fortemente orientada à exportação, que inundou mercados globais com uma ampla gama de produtos chineses — desde veículos elétricos de baixo custo e maquinário avançado até plataformas de varejo digital como AliExpress e Temu. Esse dinamismo levou o Goldman Sachs a estimar um acréscimo de 0,6 ponto percentual ao crescimento anual da China nos próximos anos, ao mesmo tempo em que pressiona o desempenho de outras economias e intensifica a tendência de protecionismo ao redor do mundo.

Apesar da força aparente desse modelo, a estratégia exportadora chinesa envolve fragilidades relevantes. A priorização da produção em detrimento do consumo doméstico, os subsídios volumosos que distorcem setores inteiros e a vulnerabilidade a choques globais — como uma eventual recessão internacional — podem ameaçar a sustentabilidade do crescimento no longo prazo. Assim, embora o superávit recorde reforce o poder industrial da China no presente, ele também evidencia desequilíbrios estruturais que podem limitar a resiliência econômica do país nos próximos anos.

· 03:21 — Fabricando foguetes

Sam Altman, CEO da OpenAI, chegou a considerar a aquisição ou parceria com uma fabricante de foguetes — incluindo tratativas com a Stoke Space — em uma iniciativa que poderia colocá-lo em disputa direta com a SpaceX de Elon Musk. A motivação combina a rivalidade já conhecida entre os dois bilionários e a percepção de Altman de que, diante da expansão acelerada da inteligência artificial, o planeta tende a se tornar fisicamente limitado para acomodar o volume crescente de data centers. Assim, o espaço surge como uma possível próxima fronteira para a infraestrutura computacional. Embora esse projeto específico tenha sido posteriormente abandonado, o simples sinal de que Altman poderia entrar na corrida espacial foi suficiente para impulsionar fortemente ações como AST SpaceMobile, Planet Labs e Rocket Lab.

· 04:19 — Sem acesso

A Austrália tornou-se a primeira grande democracia a adotar uma proibição formal do uso de redes sociais por menores de 16 anos, exigindo que plataformas como TikTok, Instagram, YouTube e Snapchat bloqueiem o acesso desse público sob pena de multas substanciais. A medida, voltada a mitigar impactos negativos à saúde mental e reduzir a incidência de cyberbullying, encontrou resistência imediata das grandes empresas de tecnologia, que argumentam que a implementação é tecnicamente inviável e que a regra ameaça a liberdade de expressão. Ainda assim, governos ao redor do mundo acompanham atentamente o desdobramento: para que iniciativas semelhantes ganhem tração internacional, a Austrália precisará demonstrar que consegue fazer cumprir a proibição e que ela de fato gera benefícios mensuráveis para os adolescentes.

· 05:02 — IPO espacial

A SpaceX se movimenta para realizar um IPO em 2026 que pode entrar para a história como a maior abertura de capital já registrada. Elon Musk pretende captar ao menos US$ 30 bilhões, buscando uma avaliação de US$ 1,5 trilhão — um valor que superaria o recorde estabelecido pela Saudi Aramco em 2019. Mesmo projeções conservadoras, que apontam para uma captação de US$ 25 bilhões com valuation de US$ 1 trilhão, colocam a operação em um patamar extraordinário. Um IPO dessa magnitude tende a catalisar movimentos no universo das empresas privadas, como OpenAI e Anthropic, que também estudam listagens em um mercado que passou por anos de morosidade. Apenas o fato de a SpaceX avançar em seus planos já provocou impacto setorial: empresas espaciais como EchoStar e Rocket Lab registraram fortes altas.

Para investidores, a possível abertura de capital da SpaceX adiciona uma camada adicional de…

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.