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O Federal Reserve implementou o terceiro corte consecutivo de 25 pontos-base na taxa básica de juros, agora posicionada entre 3,50% e 3,75% ao ano, em uma decisão marcada por três dissidências — o maior grau de divergência desde 2019. A reação inicial dos mercados foi positiva, com o S&P 500 se aproximando de sua máxima histórica, mas o Fed manteve a projeção de apenas um corte adicional em 2026, classificando a política atual como próxima ao nível “neutro”. Na coletiva, Jerome Powell adotou seu tom cauteloso, enfatizando a necessidade de proteger o mercado de trabalho sem, contudo, acenar com estímulos adicionais diante de uma inflação ainda resistente. A crescente fragmentação dentro do FOMC — combinada à expectativa pela transição na presidência do Fed em 2026 — sugere um ambiente mais complexo para a condução da política monetária.
No pano de fundo, seguem pesando as tensões tecnológicas e geopolíticas, como as suspeitas de que a DeepSeek teria contornado restrições ao operar chips Nvidia Blackwell na China, além da volatilidade internacional associada ao desempenho mais fraco de grandes empresas do setor de tecnologia.
Nesta manhã, o entusiasmo com o corte de juros arrefeceu após resultados decepcionantes da Oracle desencadearem uma realização ampla em ações de tecnologia, contaminando Ásia, Europa e os futuros em Nova York. No Brasil, o Copom manteve a Selic em 15%, reforçando o diferencial de juros e sustentando o apetite por carry trade, fator que tende a favorecer o câmbio. Entre as commodities, o petróleo opera de forma errática após a apreensão de um petroleiro pela Marinha dos EUA na costa da Venezuela e diante das projeções da Agência Internacional de Energia.
· 00:54 — Manteve a postura hawkish
Por aqui, o Ibovespa encerrou o pregão em alta, em meio à expectativa pela decisão do Copom. Como amplamente antecipado, o Banco Central manteve a Selic em 15%, mas frustrou parte do mercado ao não flexibilizar o discurso: o comunicado preservou integralmente o tom hawkish, mesmo após revisões baixistas nas projeções de inflação. Na prática, a ausência de qualquer indicação prévia reduz a probabilidade de um corte já em janeiro — apesar de menos provável, ainda possível, especialmente porque o presidente Gabriel Galípolo tem reiterado que não pretende recorrer ao tradicional forward guidance (“não precisa dar seta”) antes de decidir.
A postura ainda muito dura encontra respaldo no diagnóstico de expectativas ainda desancoradas. Em um ambiente de fragilidade fiscal, no qual uma das pernas do tripé macroeconômico segue manca, a política monetária acaba obrigada a compensar, o que mantém os juros elevados por mais tempo. Soma-se a isso o esforço do BC para reforçar sua credibilidade, após um período em que parte do mercado demonstrou ceticismo quanto à nova composição da diretoria. Embora a atividade econômica esteja desacelerando e a inflação caminhe gradualmente para a meta, o corte de juros parece mais plausível a partir de março — sempre condicionado aos dados, tanto domésticos quanto dos EUA, onde novos cortes também abrem espaço adicional para flexibilização aqui. No curto prazo, a leitura tende a pressionar a Bolsa e favorecer o real.
No campo fiscal, justamente o ponto que sustenta essa política monetária mais contracionista, a Câmara sinalizou que pode votar ainda nesta semana — na sexta-feira — o projeto que prevê o corte linear dos benefícios tributários. A medida é considerada essencial para recompor cerca de R$ 20 bilhões em receitas e viabilizar o Orçamento de 2026, e o governo trabalha para aprová-la antes da votação da LOA.
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· 01:47 — Duro, porém nem tanto…
A decisão do Federal Reserve de reduzir os juros em 25 pontos-base trouxe um alívio imediato aos mercados, que reagiram positivamente à percepção de um ambiente mais favorável para 2026. Embora o corte sinalize maior preocupação com a desaceleração do mercado de trabalho, o Fed também revisou para cima suas projeções de crescimento e para baixo suas estimativas de inflação, reforçando a leitura de um ciclo econômico mais equilibrado. A coletiva de Jerome Powell — menos hawkish do que o temido e aberta à possibilidade de novos cortes — ampliou o apetite por risco, ainda que o Fed tenha reiterado sua dependência dos dados, o que tende a intensificar a volatilidade a cada nova divulgação. A reunião também expôs o FOMC mais dividido desde 2019: três votos dissidentes e diversas “dissidências silenciosas” evidenciaram a tensão entre um risco inflacionário e sinais de arrefecimento no emprego.
Mesmo com o entusiasmo inicial, o cenário segue desafiador. As projeções oficiais indicam apenas mais um corte em 2026, bem abaixo do que o mercado embute na curva, sugerindo um ciclo potencialmente mais lento — ou até interrompido — caso a inflação volte a ganhar tração ou a atividade surpreenda para cima. As divergências internas no comitê, somadas à proximidade da sucessão de Powell em 2026, aumentam a incerteza sobre a condução da política monetária. Paralelamente, o Fed anunciou operações de gestão de reservas para atenuar pressões de liquidez, sem configurar um novo QE. Em síntese, apesar da recepção positiva e de um pano de fundo ainda construtivo, a combinação de inflação persistente, mercado de trabalho em moderação e um FOMC fragmentado indica um caminho complicado no ano que vem.
· 02:35 — Mesmo com tarifas
O superávit comercial da China superou a marca de US$ 1 trilhão em 2025, sinalizando que, mesmo diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos e do ambiente geopolítico mais tenso, o país mantém sua posição como o principal centro manufatureiro do mundo. As exportações continuam a crescer, enquanto as importações seguem fracas, refletindo a demanda interna ainda debilitada. Esse desempenho tem sido impulsionado por uma política industrial fortemente orientada à exportação, que inundou mercados globais com uma ampla gama de produtos chineses — desde veículos elétricos de baixo custo e maquinário avançado até plataformas de varejo digital como AliExpress e Temu. Esse dinamismo levou o Goldman Sachs a estimar um acréscimo de 0,6 ponto percentual ao crescimento anual da China nos próximos anos, ao mesmo tempo em que pressiona o desempenho de outras economias e intensifica a tendência de protecionismo ao redor do mundo.
Apesar da força aparente desse modelo, a estratégia exportadora chinesa envolve fragilidades relevantes. A priorização da produção em detrimento do consumo doméstico, os subsídios volumosos que distorcem setores inteiros e a vulnerabilidade a choques globais — como uma eventual recessão internacional — podem ameaçar a sustentabilidade do crescimento no longo prazo. Assim, embora o superávit recorde reforce o poder industrial da China no presente, ele também evidencia desequilíbrios estruturais que podem limitar a resiliência econômica do país nos próximos anos.
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· 03:21 — Fabricando foguetes
Sam Altman, CEO da OpenAI, chegou a considerar a aquisição ou parceria com uma fabricante de foguetes — incluindo tratativas com a Stoke Space — em uma iniciativa que poderia colocá-lo em disputa direta com a SpaceX de Elon Musk. A motivação combina a rivalidade já conhecida entre os dois bilionários e a percepção de Altman de que, diante da expansão acelerada da inteligência artificial, o planeta tende a se tornar fisicamente limitado para acomodar o volume crescente de data centers. Assim, o espaço surge como uma possível próxima fronteira para a infraestrutura computacional. Embora esse projeto específico tenha sido posteriormente abandonado, o simples sinal de que Altman poderia entrar na corrida espacial foi suficiente para impulsionar fortemente ações como AST SpaceMobile, Planet Labs e Rocket Lab.
· 04:19 — Sem acesso
A Austrália tornou-se a primeira grande democracia a adotar uma proibição formal do uso de redes sociais por menores de 16 anos, exigindo que plataformas como TikTok, Instagram, YouTube e Snapchat bloqueiem o acesso desse público sob pena de multas substanciais. A medida, voltada a mitigar impactos negativos à saúde mental e reduzir a incidência de cyberbullying, encontrou resistência imediata das grandes empresas de tecnologia, que argumentam que a implementação é tecnicamente inviável e que a regra ameaça a liberdade de expressão. Ainda assim, governos ao redor do mundo acompanham atentamente o desdobramento: para que iniciativas semelhantes ganhem tração internacional, a Austrália precisará demonstrar que consegue fazer cumprir a proibição e que ela de fato gera benefícios mensuráveis para os adolescentes.
· 05:02 — IPO espacial
A SpaceX se movimenta para realizar um IPO em 2026 que pode entrar para a história como a maior abertura de capital já registrada. Elon Musk pretende captar ao menos US$ 30 bilhões, buscando uma avaliação de US$ 1,5 trilhão — um valor que superaria o recorde estabelecido pela Saudi Aramco em 2019. Mesmo projeções conservadoras, que apontam para uma captação de US$ 25 bilhões com valuation de US$ 1 trilhão, colocam a operação em um patamar extraordinário. Um IPO dessa magnitude tende a catalisar movimentos no universo das empresas privadas, como OpenAI e Anthropic, que também estudam listagens em um mercado que passou por anos de morosidade. Apenas o fato de a SpaceX avançar em seus planos já provocou impacto setorial: empresas espaciais como EchoStar e Rocket Lab registraram fortes altas.
Para investidores, a possível abertura de capital da SpaceX adiciona uma camada adicional de…