Um dos grandes receios dos investidores com a nova gestão da Petrobras (PETR4) era um possível aumento desordenado dos investimentos em energias renováveis.
Mais especificamente, que o novo governo “sequestrasse” a maior parte da geração de caixa que seria distribuída para os acionistas na forma de dividendos e começasse a investir pesado em projetos renováveis de baixo (ou nenhum) retorno.
Nesta semana, os amantes dos dividendos da companhia puderam respirar um pouco mais aliviados.
Segundo comunicado divulgado ontem (1), a Petrobras disse que o seu Conselho de Administração vai aumentar o investimento previsto para projetos de “baixo carbono” para uma faixa entre 6% e 15% do Capex total no próximo plano quinquenal.
Como base de comparação, o plano estratégico 2023-2027 previa um investimento de 6% do Capex (US$ 4,4 bilhões).
Investimento em energias renováveis está longe de ser suficiente para acabar com dividendos da Petrobras
Em termos de alocação de capital, a notícia não é ótima, já que destina mais recursos para projetos com retorno abaixo daqueles oferecidos no pré-sal. Por outro lado, o limite superior de 15% está bem mais comportado do que boa parte dos investidores temiam, e mostra mais uma vez racionalidade nas decisões estratégicas.
Utilizando como premissas os dados do plano estratégico mais recente, o os investimentos nessa área passariam de R$ 4,5 bilhões por ano para até R$ 12,5 bilhões por ano, comparativamente a um Ebitda anual que deve permanecer por volta de R$ 250 bilhões e um lucro líquido acima de R$ 100 bilhões – ou seja, está longe de ser o suficiente para acabar com os dividendos.
A notícia é positiva e mostra mais uma vez que no meio de diversas narrativas do governo, existe racionalidade na nova gestão da Petrobras, e mesmo que a alocação de capital não possa seguir à risca as melhores práticas corporativas por conta de interesses políticos, a geração de caixa é tão absurda que, mesmo após algumas pequenas aventuras, ainda sobra muito dividendo.
Para falar a verdade, já tínhamos comentado em janeiro que seria muito difícil a nova gestão da Petrobras (PETR4) conseguir dizimar os dividendos, mesmo acelerando o plano de investimentos. O comunicado desta semana apenas reforça o nosso argumento.
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