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Ambipar (AMBP3) não vale mais a pena? Veja os motivos que fizeram o sócio-fundador da Empiricus Research tirar a ação da carteira recomendada Microcap Alert

O analista Rodolfo Amstalden se mostra receoso com o perfil agressivo da Ambipar em um momento que, para ele, “pede cautela”

Por Juan Rey

22 de setembro de 2022, 14:50

Ambipar
Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil

A Ambipar (AMBP3) não faz mais parte da carteira recomendada “Microcap Alert”, da Empiricus Research, comandada pelo sócio-fundador da casa, Rodolfo Amstalden. 

Em relatório, o analista explicou que o 2T22 da empresa o deixou apreensivo por três motivos principais:

  • Queima de caixa;
  • Piora dos resultados financeiros (custo de dívida acima de CDI + 2,75% ao ano);
  • Percentual elevado de investimentos em relação à receita.

Enquanto os juros estão nas máximas e a maioria das empresas está em posição defensiva, com foco em preservar liquidez, a Ambipar segue seu plano de crescimento audacioso. Para Rodolfo, a combinação é perigosa.

“Caso o cenário de juros altos se mantenha por muito mais tempo, a companhia poderia caminhar para uma situação de escassa liquidez, sendo obrigada a recorrer a um dinheiro ainda mais caro”, explica.

Estudos mostram que outras empresas ao redor do mundo que, assim como a Ambipar, executam estratégias de crescimento via M&As (fusões e aquisições) com financiamento via dívidas, desaceleram o ritmo em alguns períodos.

Neste momento, de acordo com Rodolfo, as empresas focam em gerar caixa, integrar as aquisições e reduzir o endividamento. 

“Em muitos casos, ativos são inclusive desinvestidos para financiar uma nova rodada de crescimento”, relata.

Empresa mantém perfil agressivo de aquisições

Essa era a expectativa que o analista tinha com relação a Ambipar: uma desaceleração com foco nas integrações das aquisições realizadas – foram mais de 50 desde o IPO – e na preservação de caixa.

“Certamente há muito trabalho interno em curso e ainda a ser realizado. Por maior que seja a oportunidade diante da Ambipar, o momento nos parece ser de prudência”, pondera Rodolfo.

A indicação de que a Ambipar não mudaria o perfil agressivo de aquisições veio no início do mês de setembro.

Na ocasião, a empresa concluiu uma nova emissão de dívidas – debêntures sustentáveis, não conversíveis em ações – no montante de R$ 1 bilhão, ao custo de CDI + 2,85% ao ano. 

Por se tratar de uma emissão sustentável e há um plano a ser respeitado sobre como serão alocados os recursos, o motivo da emissão era claro: mais aquisições de empresas na linha ESG.

Ambipar Response anunciou sua maior compra da história

Já no dia 14 de setembro, a companhia anunciou a compra de 100% da Witt O’Briens (WOB) – empresa com valor de mercado de aproximadamente R$ 838,2 milhões. A aquisição foi a maior da história da Ambipar Response.

A operação é parte da estratégia de expansão da empresa no mercado norte-americano.

Mais recentemente, no dia 20, a Ambipar anunciou uma outra aquisição: a BIz Recicla, que coleta e trata garrafas de vidro reutilizáveis.

Fato é que, mesmo com o sinal de alerta ligado em decorrência do resultado do 2T22, a empresa parece não mudar o perfil.

Rodolfo Amstalden valoriza a experiência e a qualificação dos profissionais envolvidos para executar o plano, porém não ignora o risco de as aquisições e o efeito “colcha de retalhos” comprometa a rentabilidade do papel.

“Se, nos próximos meses, os juros caírem rapidamente, a Ambipar será muito beneficiada. Se isso não acontecer, entendemos que ela será mais do que proporcionalmente prejudicada, especialmente agora, depois de contratar mais uma rodada de crescimento em tais circunstâncias”, finaliza.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br