Investimentos

Cosan Day (CSAN3) trouxe novidades animadoras, segundo analista; confira destaques do evento

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, conta quais projetos da Cosan estão em andamento e as perspectivas para o conglomerado.

Por Nicole Vasselai

13 set 2023, 16:30 - atualizado em 13 set 2023, 16:30

Bradesco aporta na Compass, do grupo Cosan (CSAN3)

Ocorreu ontem (12) o Cosan Day (CSAN3), evento anual para investidores do conglomerado, composto por Rumo, Raízen (RAIZ4), Compass, Moove e Cosan Investimentos.

Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research, pode participar e traz um pouco de sua visão a respeito das perspectivas para a empresa: “A gente ficou com a sensação de que os projetos de crescimento, de expansão seguem avançando dentro do custo e do prazo esperado, em cada uma das verticais, o que é um alívio para os investidores”.

Passando por cada uma das divisões da companhia, a analista menciona os seguintes destaques:

Compass (distribuição de gás)

“A empresa deve concluir este ano o Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP). Trata-se de uma plataforma localizada na Bacia de Santos que recebe o gás natural na sua forma liquefeita, transforma em gás encanado, injeta via Cubatão no sistema de distribuição dos gasodutos do estado”, explica.

Com isso, a companhia inaugura uma nova vertical: conseguirá distribuir gás para clientes não conectados à rede encanada, como indústrias e consumidores que abastecem com gás veicular. “Uma avenida de crescimento importante em determinadas praças”, nas palavras de Larissa.

Na operação corrente, ela conta, a companhia segue aplicando a cartilha de eficiência nas distribuidoras adquiridas nos últimos anos, com a maior parte dos ganhos ainda por vir.

Por fim, o IPO (oferta pública inicial) continua nos planos, provavelmente para 2024, em uma eventual janela de oportunidade. “Não se sabe a data exata, mas o management deixa claro que o IPO está cada vez mais próximo”.

Moove (produção e distribuição de lubrificantes)

Segundo Larissa, a empresa de distribuição de lubrificantes do conglomerado, que começou com a compra da Esso em 2008, já entrou para o que os executivos chamaram no evento de “clube do bilhão”: nos 12 meses findos em junho, a Moove superou a marca de R$ 1 bilhão em EBITDA.

O plano, agora, é replicar essa história de sucesso na Europa e nos EUA, usando como plataforma os ativos que a Moove adquiriu nessas regiões“, explica.

A participação de mercado nessas regiões ainda é pequena, de 5% na Europa e 3% nos EUA, o que, para a analista, sinaliza um potencial de expansão robusto para os próximos anos.

Além disso, o IPO da Moove também está no horizonte, mas provavelmente um pouco mais distante: “Aqui, seria necessário um processo de educação maior dos investidores, para quem o modelo de negócios e as alavancas de geração de valor ainda não são muito claros. Por isso, esperamos que uma abertura de capital venha mais à frente, no médio prazo”.

VEJA TAMBÉM: As 10 ações mais promissoras para o 2º semestre, segundo Rodolfo Amstalden, analista-chefe da série Microcap Alert (que já entregou 62% de valorização este ano); acesse aqui

Rumo (logística ferroviária)

Um dos pontos de destaque de Rumo, segundo Larissa, é o potencial de reajuste tarifário no curto prazo, uma vez que, olhando para algumas transportadoras de grãos, o valor cobrado pela empresa estaria defasado: “A ideia é buscar um reajuste de pelo menos 20% para o ano que vem, o que pode favorecer o resultado em 2024”.

Além disso, a expansão da malha continua no prazo e dentro do orçamento, o que, para a analista, reafirma o potencial de crescimento para vários anos à frente.

“A empresa já tem uma extensa malha ferroviária, que cobre boa parte das principais regiões produtoras de grãos. Ainda assim, existem oportunidades de racionalização desse portfólio, com desinvestimentos de ativos não estratégicos, notadamente a Malha Oeste, e expansão de capacidade nas Malhas Central, Norte e Paulista”.

Raízen (açúcar, etanol e combustíveis)

A Raízen, que já havia realizado seu próprio encontro com investidores neste ano, trouxe algumas atualizações em relação aos projetos apresentados em junho. 

“Basicamente, o clima favorável nos últimos meses acelerou os ganhos de produtividade dos canaviais, que já atingiram a produção por hectare almejada para 2025. Em açúcar, os volumes e preços seguem se beneficiando do cenário competitivo global, com a Índia reduzindo suas exportações. Na agenda do E2G, a segunda planta já está com a inauguração prevista para ainda este ano, uma boa notícia”, conta a especialista.

Além disso, ainda que a vertical de mobilidade passe por um momento desafiador, Larissa acredita que deve ter um ambiente marginalmente mais favorável à frente.

“Durante o segundo trimestre (1º tri na visão ano-safra), o fato de o diesel nacional estar mais caro que o importado fez com que a companhia tivesse perdas na distribuição, já que priorizou o fornecimento nacional, via Petrobras. No terceiro trimestre, esse cenário se inverteu, e o diesel nacional passou a ficar mais barato, beneficiando os distribuidores com alta cota de compra junto à estatal, caso da Raízen. Isso deve gerar ganhos de inventário e distribuição no próximo trimestre”.

Ela também acredita que a Petrobras deve continuar suavizando os reajustes de preços dos combustíveis, perpetuando o cenário competitivo desafiador para os distribuidores, apesar do ganho previsto para o próximo trimestre. “A Raízen continua a privilegiar o fornecimento via Petrobras, justamente por essa visão. Acompanharemos de perto o resultado dessa estratégia”, afirma.

Cosan Investimentos (Terras, Vale e Porto São Luiz)

“Não tem nem um ano que a Cosan adquiriu participação em Vale, mas a gente já vê como vai se dar essa geração de valor para a mineradora”, acredita Larissa.

“Desde que a Cosan passou a ter um assento no conselho da mineradora, foi realizada a venda de participação na vertical de metais básicos, com a indicação de um Chairman Executivo para liderar essa divisão. Olhando à frente, há valor a ser destravado com a liberação das cavidades, discussão na qual a Cosan está envolvida diretamente”.

Em relação ao Porto São Luiz, ele é enxergado pela companhia como um ativo com valor em si mesmo, que pode oferecer opcionalidade para o grupo. “Os executivos seguem estudando a melhor forma de rentabilizar esse ativo, de forma que a decisão sobre a construção ou não da expansão do porto será tomada em 2024”.

Empiricus Research continua recomendando Cosan (CSAN3)

Para a casa de análise, Cosan continua sendo uma grande “compounder”, com crescimento sustentado, a um valuation razoável, ainda que a abertura de diversas verticais tenha aumentado significativamente a complexidade da empresa e seu desconto de holding.

“Exatamente por isso, seu valuation ficou penalizado: CSAN3 negocia a 12x seu lucro estimado para 2024”, finaliza Larissa.

Além de Cosan, a Empiricus Research também enxerga potencial em outras 10 ações selecionadas a dedo. Acesse aqui o relatório gratuito.

Para conferir o panorama completo sobre o Cosan Day, assista à entrevista da analista:

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.

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