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‘Empurrão’ de Donald Trump impulsiona Ibovespa e Bitcoin a máximas históricas; confira análise

Bitcoin em US$ 111 mil, Ibovespa em 140 mil pontos: no Podca$t, os analistas da Empiricus discutem como o cenário fiscal americano virou combustível para os mercados.

Por Mariana Pavão

26 maio 2025, 13:46 - atualizado em 26 maio 2025, 14:06

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Na última semana, dois ativos muito diferentes surpreenderam ao alcançar marcas históricas. O Ibovespa bateu 140.109 pontos e o Bitcoin ultrapassou os US$ 111 mil, ambos renovando recordes.

Mas o que eles têm em comum? Segundo os analistas do Podca$t, da Empiricus, a resposta envolve menos euforia e mais estratégia.

O novo empurrão veio dos Estados Unidos, mais precisamente do novo pacote fiscal proposto por Donald Trump, apelidado de “One Big and Beautiful Bill”.

“O fiscal americano voltou ao foco com o pacote de corte de impostos do Donald Trump, só que está estressando os mercados. A taxa de juros de 10 anos nos Estados Unidos está acima de 4,5%”, alertou a analista Larissa Quaresma na abertura do episódio.

Esse ambiente pressiona os ativos locais americanos, mas também abre uma janela para a realocação de capital global.

O plano trilionário de Trump que estressou o mercado

A proposta orçamentária aprovada pela Câmara americana prorroga cortes de impostos corporativos iniciados no primeiro mandato de Trump, o que pode adicionar mais de US$ 5 trilhões ao déficit até 2034.

O plano prevê compensações com cortes em programas como Previdência Social, Medicare e Defesa. Ainda assim, o mercado não comprou a ideia de austeridade.

“Parece que eles meio que desistiram de perseguir a austeridade fiscal”, avaliou João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, ao comentar o comportamento recente do Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

Com juros de longo prazo em alta, os analistas questionam o impacto desse desequilíbrio:

“Se você tem um déficit que deve se manter forte pelos próximos anos, e a economia não está em momento de crise… Quando entrar em crise, quanto é que vai esse juro?”, questionou o analista Enzo Pacheco.

A incerteza fiscal se refletiu diretamente na curva americana, mas o efeito colateral foi positivo para outros ativos considerados mais descontados ou “fora do radar” que ganham atratividade. 

Brasil entra no radar como ‘top pick’

Com o estresse fiscal nos EUA e os juros longos mais pressionados, o capital global encontra mais um gatilho para buscar alternativas fora do eixo tradicional.

“O capital não aguenta desaforo. Se os emerging markets corresponderem, esse capital pode entrar e gerar um movimento de bull market, afirmou Piccioni.

O movimento já está em curso. Relatórios recentes da Franklin Templeton, Fidelity, Bank of America, UBS, Goldman Sachs e Morgan Stanley voltaram a colocar o Brasil como destaque entre os emergentes. 

O Morgan Stanley, inclusive, elevou o Brasil a “top pick” na América Latina, substituindo o México, que anteriormente ocupava essa posição.

A valorização do Ibovespa, no entanto, ainda não reflete o otimismo do próprio brasileiro: “O que trouxe essa máxima histórica foi realmente fluxo gringo com R$ 20 bilhões positivos no ano”, destacou Larissa.

Enquanto isso, fundos de ações e multimercados locais continuam enfrentando resgates, o que sugere que parte do investidor local ainda hesita em realocar a carteira de renda fixa, que se beneficia com a alta Selic.

Bitcoin: de promessa especulativa a ativo estrutural

O movimento de alta não se restringe à Bolsa. O Bitcoin também brilhou por motivos semelhantes.

A criptomoeda superou os US$ 111 mil e parece ter descolado da volatilidade tradicional das bolsas americanas. Para Piccioni, isso mostra que o Bitcoin virou um ativo de portfólio, e não apenas de aposta:

“O Bitcoin virou um ativo descorrelacionado no mercado americano… Ele começa a fazer parte dos portfólios de investidores ao redor do globo.”

O avanço regulatório nos EUA também tem peso. Segundo Larissa, “a criptomoeda está subindo na expectativa para regulamentação das stablecoins pelo Congresso Americano”.

Essa institucionalização tem respaldo: Blackstone, JPMorgan, Goldman Sachs e outras casas começaram a incluir Bitcoin nos portfólios de clientes.

Entre realocações globais, crise fiscal americana e ativos alternativos ganhando status institucional, a semana marcou mais motivos para um possível ajuste de rota dos investidores globais.

E, na provocação de Piccioni: “Se o mundo está fugindo do dólar, para onde eu vou?”, alguns ganhadores já começam a mostrar as caras.

No episódio do Podca$t, os analistas da Empiricus explicam por que esse pode ser só o começo de um ciclo maior. 

Assista ao episódio completo no vídeo abaixo e entenda os sinais que o mercado está emitindo.

Sobre o autor

Mariana Pavão

Redatora dos portais Empiricus, Seu Dinheiro e MoneyTimes.