Investimentos

Nova MP de ‘recalibragem do IOF’ que tributa investimentos é ‘incentivo perverso’, diz analista; entenda

Apesar da força de lei, MP ainda precisa ser aprovada pelo Congresso, mas já reverbera entre os investidores

Por Maisa Leme

12 jun 2025, 16:49 - atualizado em 12 jun 2025, 16:49

ministério da fazenda iof ir imposto de renda

Imagem: iStock.com/Rmcarvalho

A Medida Provisória e novo decreto publicados na quarta-feira (11) pelo governo Lula devem ser um “incentivo perverso” para os investidores, segundo o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research. 

A decisão é parte da estratégia do governo de compensar, mais uma vez através da arrecadação, os gastos da União, avalia o analista.

“A ‘recalibragem’ do IOF vem com novas alternativas de receita. Tem um ou outro ponto de gasto público, mas o grosso é arrecadação. O governo não consegue cessar essa sanha arrecadatória”, afirmou Spiess.

Entre as ações previstas pela MP, estão a criação de uma alíquota única de 17,5% em aplicações financeiras para pessoas físicas, o fim da isenção em LCI, LCA e CRI para novos papéis, e a equiparação da tributação de estrangeiros à de brasileiros.

As novas regras devem ser aplicadas a partir de janeiro de 2026.

O longo prazo é prejudicado com a Medida Provisória? 

Para o analista Matheus Spiess, a medida deixa de beneficiar o longo prazo nos investimentos ao equalizar todos impostos – antes, o IR cobrado variava a partir do tipo de investimento e do prazo.  

“É um incentivo perverso. Antes, você incentivava o investidor a deixar o investimento amadurecer. Na média, investimentos curto prazistas tendem a ser malignos para o setor dos investidores a longo prazo, no geral”, explica o analista.

Fim da isenção de IR para ativos de renda fixa

Outra medida que também causou controvérsias é o fim da isenção para determinados tipos de aplicações de renda fixa, como LCI, LCA, CRIs e CRAs. Para Spiess, a tributação não foi uma surpresa e aconteceria em questão de tempo, mas o problema está em como e quando a medida foi tomada. 

“O governo está fazendo isso como uma alternativa de um erro anterior, porque se recusou a revisar os gastos públicos. Se tivesse apresentado um ajuste no final do ano passado, estaria colhendo os frutos agora. E não aprendeu a lição”, conclui o analista. 

A Medida Provisória pode afetar o bom momento do mercado? 

O mercado brasileiro vem de um bom momento, em especial os ativos de risco, que mostraram uma recuperação significativa em 2025. Para Spiess, as decisões da MP e os problemas fiscais podem “limitar” o bom humor do mercado local.

“Tínhamos um caminho para ser melhor do que pode vir a ser por conta desses problemas. A entrada do investidor estrangeiro nessa grande rotação regional em nível internacional de recursos deve continuar. Mas esses impeditivos são problemáticos, e claro que atrapalham”.

Confira a entrevista com a análise completa de Spiess no bloco abaixo:

Sobre o autor

Maisa Leme

Jornalista em formação pela Faculdade Cásper Líbero. Atualmente, estagia em redação no site da Empiricus.