O ‘rali de fim de ano’ do Ibovespa é real? Checamos os dados históricos para responder a pergunta; confira

Caso o leitor seja um investidor de longa data, provavelmente já ouviu por aí a expressão ‘rali de fim de ano’. Mas será que, de fato, o Ibovespa performa melhor nos três últimos meses do ano? 

Para responder a pergunta, o co-fundador e estrategista chefe da Empiricus, Felipe Miranda, recorreu aos dados históricos do Ibovespa desde 1999, quando foi implantado no país o sistema de metas de inflação dentro do tripé macroeconômico, período marcado por significativa modernização do mercado brasileiro. 

‘Rali de fim de ano’ do Ibovespa ocorre em 66% das vezes

De fato, os dados permitem otimismo com o desempenho dos ativos de risco nos meses restantes do ano. Mas, como lembrou Miranda no relatório publicado na série Palavra do Estrategista, a média positiva não significa uma certeza de que o rali vai ocorrer sempre.

De 1999 até 2022, em 66,7% das vezes houve um rali nos meses de outubro, novembro e dezembro – isto é, em 16 dos 24 anos analisados.

Durante esse período, o retorno médio do Ibovespa entre outubro e dezembro foi de 9,41%, com uma mediana de 5,80%.

“Vale destacar o valor máximo acumulado no último trimestre do ano, atingindo 54,90%, em contraste com o mínimo registrando uma queda de 24,20%, verificado durante a crise de 2008”, escreveu Felipe Miranda.

Os dados mostram que o mês de dezembro se destaca na maioria das vezes, com média de retorno de 4% e máxima de 24,04%.

“Ao observarmos mais recentemente, nos últimos cinco anos, constatamos um retorno positivo em 60% das vezes, com média de aumento de 8,21% e mediana de 10,30%”, apontou o relatório.

Rali é mais intenso em ciclos de queda da Selic

Se considerarmos o último ciclo de queda da taxa básica de juro brasileira, Selic, entre 2016 e 2019 (excluindo a queda para 2% em 2021), a média de ganho do Ibovespa no último trimestre desses anos foi de 6,77%.

Para além do Ibovespa, o desempenho do índice de small caps é ainda melhor. No quarto trimestre dos últimos cinco anos, a média de retorno foi de 9,05%, com mediana de aumento de 20,46%.

No último ciclo de flexibilização (2016 a 2019), a média também foi superior: 10,48%, com mediana de 11,67%. O ganho máximo do índice de small caps da B3 foi de 21% no período.

“Vemos que a análise histórica do Ibovespa revela um padrão consistente de desempenho positivo nos últimos meses do ano. Com isso, o ‘rali de fim de ano’ encontra respaldo em dados consistentes desde a implementação do sistema de metas de inflação em 1999”, escreveu Felipe Miranda.

Mais uma vez, é importante lembrar que retornos passados não são garantia de retorno no futuro. Mas, para o estrategista chefe, as informações presentes nesta análise “oferecem valiosos insights para investidores que buscam compreender os padrões sazonais do mercado brasileiro e auxiliar na formação de estratégias de investimento para o final de cada ano”.

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