Investimentos

Priner (PRNR3): Emissão de debêntures dá sinal de novas aquisições à frente; entenda

A segunda emissão de dívida da Priner deve estar relacionada à formação de reserva para mais fusões e aquisições.

Por Ruy Hungria

07 mar 2025, 08:15 - atualizado em 10 mar 2025, 08:37

priner prnr3

Imagem: Divulgação

A Priner (PRNR3) divulgou a segunda emissão de debêntures não conversíveis em ações na semana anterior. O valor total foi de R$ 200 milhões a CDI +2,1% na primeira série e CDI +2,4% na segunda, com prazo de cinco anos. 

Com uma posição em caixa e alavancagem relativamente saudáveis para quem acabou de sair de uma grande aquisição (Real Estruturas), entendemos que a emissão de dívida da Priner esteja relacionada à formação de reserva para apoiar mais movimentos de fusão e aquisição (M&A, da sigla em inglês).

Fusões da Priner refletem foco em fit cultural e valuation

Como sabemos, o crescimento inorgânico faz parte da rotina da companhia e deve continuar assim por um longo período, dado o mercado ainda muito fragmentado e inúmeras oportunidades de crescimento. 

Ao contrário de muitas empresas que fazem aquisições apenas para satisfazer a vontade de crescer, durante sua trajetória a Priner mostrou que esse não é o seu caso.

Movimentos de M&A obedecem diretrizes claras de valuation e fit cultural. Aliás, já ouvimos do próprio CEO da Priner, Túlio Cintra, que várias aquisições deixaram de ser fechadas porque o dono da empresa alvo não tinha a mentalidade e/ou o perfil que a Priner gostaria de ver em um líder.

Como resumiu Túlio, todas as adquiridas até hoje possuíam fundadores “mão na massa”, com visão de negócio e valores muito bem definidos; verdadeiros exemplos de liderança. 

Expansão pode levar Priner a novo setor de atuação

Sobre a possível aquisição, o que não temos como saber é qual o setor de atuação desse possível novo alvo. Ele pode, inclusive, atuar em um segmento no qual a Priner nem está hoje.

Se você parar para pensar, a compra de empresas de segmentos que ainda não atua é relativamente comum para ela e faz parte de sua tática de crescimento. A Priner nasceu como uma empresa de andaimes e desde então sua expansão se pautou em uma pergunta: como gerar mais valor?

Na época dos andaimes, a resposta para essa pergunta foi adicionar pintura industrial e isolamento. Na sequência, a resposta veio com a aquisição de companhias de infraestrutura, inspeção e integridade, que tinham um retorno ainda mais interessante sobre o capital empregado (ROIC). Em 2024 a régua do ROIC estava mais alta, e a saída foi adquirir o ainda mais rentável segmento de montagem de estruturas. Apesar de desconhecer o próximo passo, sabemos que a missão da gestão é plugar empresas com retorno ainda melhor do que o da própria Priner para “puxar” o ROIC consolidado para cima. 

A melhor parte é que existem tantas oportunidades que ela nem precisa se preocupar em olhar companhias problemáticas, sobre as quais ela inclusive poderia conseguir preços melhores. 

Na verdade, ela prefere uma outra estratégia, que vem dando muito mais certo até aqui: abordar apenas ótimas empresas, cujo único “problema” é a limitação de capital. 

Além do dinheiro, a Priner oferece todo o suporte (administrativo, contábil, jurídico, etc) para que a companhia adquirida possa focar no que sabe fazer melhor, e ainda abre espaço para crescimento via cross-selling. Aliás, temos ouvido que a Priner tem conseguido mais espaço na Vale (VALE3) após a aquisição da Real Estruturas, que já prestava serviços para a mineradora. 

Mas é claro que nem todo o crescimento virá de M&As. Existem oportunidades orgânicas, mas que hoje esbarram na falta de mão-de-obra especializada. 

Mão de obra e robotização: Vertentes de avanço da Priner

Por isso, a Priner vem investindo pesado em formação, o que explica o fato de a linha de SG&A não estar sendo diluída nos últimos trimestres, mesmo com a entrada de negócios menos intensivos em mão-de-obra. À medida que os profissionais são formados e assumem novos serviços, devemos voltar a ver diluição dessa linha, o que será positivo para as margens. 

Além disso, não podemos esquecer das inovações tecnológicas. Priner é uma das poucas no Brasil com capacidade para investir pesado em robotização, que é uma via para melhorar produtividade, se diferenciar da concorrência e diminuir custos – lembrando que a folha de pagamento representa mais da metade dos gastos hoje. 

No que diz respeito aos desafios macro em 2025, vale lembrar que os três principais setores para os quais ela presta serviços hoje são Óleo & Gás (apenas empresas privadas), Mineração e Papel & Celulose. Em nossa visão, todos esses são segmentos nos quais o Brasil possui grande diferencial competitivo, e nos quais as empresas não precisam de subsídios ou quaisquer outros incentivos que possam depender de ciclos econômicos ou políticos. 

Com um portfólio cada vez mais completo e boas oportunidades de crescimento pela frente, Priner segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research.

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.