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Renda fixa: um CDB IPCA+ e outro prefixado para investir diante do ciclo de queda de juros

Vemos hoje uma assimetria para baixo no patamar do contrato de DI, por isso, adicionamos ao cardápio desta semana um título prefixado com vencimento de 3 anos.

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Autor
Lais Costa
Data de publicação
5 de março de 2024
Categoria
Investimentos
melhores títulos renda fixa
Imagem: Freepik

Os mercados acionários e os juros operam em leve queda nesta terça-feira (5).

Durante a madrugada, o governo chinês iniciou o tradicional encontro anual do Congresso Nacional do Povo da China (NPC), que deve se estender até o dia 11. Entre os destaques, o governo chinês manteve a meta ambiciosa de crescimento real do PIB “em torno de 5% a/a”, com uma inflação de 3%, sem um teto muito restritivo. Além das diversas dificuldades que o modelo econômico chinês tem enfrentado, a própria base de comparação do ano anterior sugere que esse crescimento (cerca de 8% de crescimento nominal) dependerá da entrega de medidas de estímulo em diversas frentes.

Nessa linha, foi anunciado um déficit fiscal de 3%, além da emissão de $1 trilhão de yuan de dívidas do governo central (bonds) como um arranjo multianual, isto é, com provável continuação dessas emissões nos próximos anos. A extensão da emissão desses bonds para além de 2024 não era antecipada pelo mercado e, portanto, foi visto como uma surpresa positiva.

Por outro lado, foi cancelada a conferência de imprensa que tradicionalmente ocorria ao final do NPC. A medida foi vista com preocupação pelo mercado, uma vez que a crescente falta de transparência ascende rumores de maiores discrepâncias entre as narrativas do governo e o que os agentes de mercado conseguem quantificar.

É nítida a preocupação do governo chinês em reavivar a confiança dos investidores.

No Velho Continente, o dia começou com a divulgação das leituras finais de fevereiro de diversos PMIs (Purchasing Managers´ Index), indicadores antecedentes de atividade, na Europa. No compilado do bloco, o PMI de serviços ficou levemente acima do esperado (50,2 versus 50), ainda em expansão (acima de 50), enquanto o PMI composto (que engloba os setores de serviços e manufatura) surpreendeu positivamente, mas se manteve em território contracionista (49,2) pelo nono mês consecutivo.

Não é novidade que a atividade manufatureira europeia tem se arrastado por algum tempo. O indicador de produção industrial de janeiro da França contraiu 1,1% m/m (estimativa -0,1%) e a produção manufatureira caiu 1,6% (estimativa -0,1%) m/m, ambas com revisões para baixo dos dados do mês anterior.

No final da semana passada, foi noticiada a intenção dos partidos que formam o acordo político do governo alemão de aprovar um pacote de medidas de estímulos de cerca de $7 bilhões de euros. Segundo a matéria, o Chanceler da principal economia do bloco europeu pretende reduzir a carga tributária das empresas, em medida a ser aprovada antes do recesso de verão do hemisfério norte.

Grande parte das economias europeias tem sofrido com o enfraquecimento da economia chinesa ao mesmo tempo que tem sentido os efeitos disruptivos da indústria automobilística da gigante asiática. Além disso, os custos mais elevados de energia e a exposição às tensões geopolíticas também têm pesado sobre os indicadores de atividade do bloco.

Nos EUA, os primeiros dados de atividade de fevereiro foram divulgados na última sexta-feira (1). Os índices de atividade do Institute of Supply Management (ISM) frustraram as estimativas dos economistas.

Apesar do país norte-americano estar mostrando um crescimento econômico robusto, o mercado reagiu fortemente ao indicador antecedente de atividade divulgado na semana passada, revertendo a leve alta das taxas de juros no dia e do índice DXY (que mede a força da moeda americana frente os seus pares).

Embora os indicadores econômicos ainda confirmem tendências saudáveis para a economia americana, o mercado tem buscado avidamente por indicações de enfraquecimento econômico e arrefecimento da inflação para voltar a apostar na necessidade de uma antecipação do ciclo de corte de juros por lá.

Nessa mesma linha, nesta manhã, o indicador de pedidos de fábrica mostrou uma contração de 3,6% em janeiro, abaixo das estimativas (-3%), com revisão de 0,2% para -0,3% da leitura anterior. O ISM de serviços também ficou abaixo das expectativas (52,6 versus 53) e o ISM de emprego do setor de serviços caiu abaixo de 50, indicando contração em fevereiro.

Enquanto o mercado tenta ler as entrelinhas dos dados econômicos, o discurso das autoridades do Federal Reserve (Fed) se mantém inclinado para um tom mais firme (hawkish). Ontem (4), o Presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que os juros devem se manter altos por mais tempo que o estimado e que não é possível se dar ao luxo de iniciar o processo de relaxamento monetário assumindo que a inflação de serviços deve arrefecer mais a frente.  Bostic ainda indicou que os corte de juros que devem ser anunciados neste ano sejam intercalados com decisões de manutenção da taxa de juros.

Considerando o número de reuniões do Federal Open Market Commitee (FOMC) neste ano, seriam possíveis o anúncio de três cortes na taxa de juros americana neste ano, partindo da reunião do dia 12 de junho. Esse cenário não seria muito distante do que está sendo precificado hoje pelo mercado futuro e com a última versão do mapa de pontos (dot-plot) divulgado pelo Fed em dezembro. No dia 20 de março, o Fed se reunirá novamente e deve apresentar um novo Sumário de Projeções Econômicas (SEP) que deve reforçar esse entendimento.

No Brasil, como antecipamos no último relatório, a divulgação do IPCA-15 de fevereiro gerou falas dos diretores do Banco Central (BC) sobre a dinâmica doméstica de preços de serviços. Na última quinta-feira (29), o diretor de assuntos internacionais do BC, Paulo Picchetti, afirmou que a luta contra a inflação global ainda não está ganha e destacou que os preços de serviços estão sendo acompanhados e que ainda são fonte de preocupação para a autarquia.

Em relação às estratégias de renda fixa, o mercado precifica hoje um cenário que consideramos conservador. A taxa do contrato de DI com vencimento em 2027 indica um patamar de juros de 9,87% ao ano. Vemos hoje uma assimetria para baixo nesse patamar, por isso, adicionamos ao cardápio desta semana um título prefixado com vencimento de 3 anos.

VEJA TAMBÉM: Mesmo com novas regras para emissão de LCI, LCA, CRI e CRA, ainda há boas ofertas na renda fixa; confira aqui

Confira os títulos de renda fixa recomendados no cardápio da semana

Características do CDB IPCA+ do Banco Daycoval
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Daycoval
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máximaR$ 250 mil
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)06/03/2029 (1827 dias corridos)
Rentabilidade anualIPCA+ 6,01%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação18h
Características do CDB  prefixado do Banco BTG Pactual
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)05/03/2027 (1095 dias corridos)
Rentabilidade anual10,47%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h

As taxas das tabelas são referentes ao dia 5 março de 2024.

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