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Suzano (SUZB3) tem 1T25 de ajustes operacionais e financeiros, mas receita sobe com ajuda do câmbio; é hora de comprar ações?

O 1T25 da Suzano foi marcado por ajustes operacionais e financeiros difíceis e a ‘ajudinha’ da valorização cambial nos negócios. Confira.

Por Larissa Quaresma, CFA

09 maio 2025, 11:52 - atualizado em 09 maio 2025, 11:52

SUZANO SUZB3

Imagem: Divulgação | Edição CanvaPro

A Suzano (SUZB3) teve um trimestre difícil de ajustes operacionais e financeiros, marcado por menores volumes e margens pressionadas e preços menores, mas com geração de caixa sólida e resultado financeiro fortemente impactado pela valorização cambial.

A receita líquida da Suzano cresceu 22% na comparação anual, para R$ 11,6 bilhões (3,5% abaixo do consenso), puxada pela valorização do dólar e maior volume vendido, mas com uma queda de 19% t/t. O lucro líquido foi de R$ 6,3 bilhões (7% acima do esperado pelo mercado), refletindo principalmente o ganho contábil com derivativos e efeito cambial sobre a dívida.

Vendas de celulose caem e de papel sobem: Veja o desempenho dos negócios da Suzano

No negócio de celulose da Suzano, a companhia vendeu 2,65 milhões de toneladas, uma queda de 18% vs. o 4T24 por conta de paradas programadas para manutenção e estratégia de recomposição de estoques. Apesar disso, o volume foi 10% maior que no 1T24, sustentado pela entrada da nova planta em Ribas do Rio Pardo. O preço médio no mercado externo caiu para US$ 556/t (-11% a/a), pressionando o EBITDA por tonelada (R$ 1.605/t), que caiu 8% t/t e 1% a/a.

Na operação de papel, as vendas somaram 390 mil toneladas (+25% a/a), com melhora de preço médio e contribuição das operações nos EUA. O Ebitda do segmento foi de R$ 612 milhões, com margem ainda pressionada (21%), reflexo da sazonalidade, paradas em Mucuri e aumento nos custos de insumos.

SUZB3 começa ano com balanço abaixo do esperado; é hora de comprar ações?

O Ebitda ajustado consolidado da companhia totalizou R$ 4,8 bilhões, representando uma queda de 25% t/t e uma evolução de 7% a/a, mas 15% abaixo das expectativas do mercado para o 1T25. A geração de caixa operacional foi de R$ 2,6 bilhões, queda de 46% vs. o 4T24, e o fluxo de caixa livre ajustado foi de R$ 2,5 bilhões, gerando um yield de 18,5% nos últimos 12 meses.

A dívida líquida da Suzano encerrou o período em R$ 74,2 bilhões, com alavancagem de 3,0x em dólar. Apesar do capex elevado (R$ 3,6 bilhões no trimestre), o projeto Cerrado já teve 97% do investimento executado e caminha para a conclusão. A empresa reforçou seu compromisso com liquidez, mantendo R$ 24,2 bilhões disponíveis entre caixa e linha de crédito rotativo.

Os resultados ficaram aquém do esperado para esse começo de ano, mas vemos as ações da Suzano sendo negociadas a 5,3x EV/Ebitda para 2025 segundo o consenso de mercado, um valuation descontado em comparação ao seu múltiplo histórico. O cenário desafiador para commodities no geral ainda pode pressionar seus resultados no curto prazo, mas seu valuation já precifica muito dessas dificuldades.

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Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.