Investimentos

Vivo (VIVT3) adquire 50% da FiBrasil: Por que isso é bom sinal para a Desktop (DESK3)? 

Entenda como a negociação da grande empresa de telecomunicação por influenciar os negócios da Desktop.

Por Ruy Hungria

18 jul 2025, 10:22 - atualizado em 18 jul 2025, 10:22

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Imagens; Reprodução Montagem: Canva

Na semana passada, a Vivo (VIVT3) realizou a compra de 50% do capital da FiBrasil, que eram pertencentes ao fundo canadense CDPQ. Com a transação, a Vivo chegou a 75,01% do capital da Fibrasil, sendo o restante pertencente à Telefónica Infra, uma subsidiária da Telefónica, controladora da Vivo. 

Mas o que isso tem a ver com a Desktop (DESK3)? Com 4,6 milhões de casas passadas, a FiBrasil possui a segunda maior rede de fibra do país, atrás apenas da Desktop.

Essa subsidiária foi criada pela própria Vivo em 2021, com o objetivo de expandir a rede de fibra para cidades médias fora do Estado de São Paulo, em um modelo conhecido como rede neutra. Nesse modelo, a companhia investe na infra de acesso à internet, e aluga slots para outras operadoras venderem serviços de banda larga para os seus clientes finais. 

Modelo de rede neutra: Por que ele faz sentido para as Big Telcos?

Em resumo, empresas como Vivo, Claro e Tim costumam focar no jogo de escala e preço, sem se importar tanto com a qualidade da internet. Em alguns casos, elas podem inclusive utilizar a mesma infraestrutura (rede neutra), diferenciando-se apenas no atendimento e nos pacotes oferecidos. 

A vantagem para as grandes operadoras é que elas não precisam se preocupar com a infra, a desvantagem é que a qualidade da internet dependerá da infraestrutura de terceiros. 

Para as Big Telcos, as grandes empresas de telecomunicações, que muitas vezes são a única opção do cliente, esse não é um grande problema. Para empresas menores, que não podem brigar por preço e precisam se diferenciar pela qualidade, a rede neutra não é a melhor saída, e é por isso que a Desktop investe tanto em sua própria infraestrutura – o que inclusive já rendeu a ela diversos prêmios de qualidade de internet no Estado de São Paulo. 

Feito esse esclarecimento, voltemos à aquisição da Vivo: ela pagou R$ 850 milhões por 50% da FiBrasil, o que implica um valor da firma de R$ 2,5 bilhões e um múltiplo de 9x ebitda.

A Desktop possui uma das melhores, ou talvez a melhor infra de rede de fibra do país, com 4,7 milhões de casas passadas (100 mil a mais que a FiBrasil), Ebitda de R$ 579 milhões em 2024 (o dobro da “concorrente”) e mesmo assim negocia por um enterprise value de R$ 2,2 bilhões, -12% menor do que a Vivo avaliou a FiBrasil.

Isso apenas comprova que por apenas 3,5x valor da firma/Ebitda, a Desktop está muito descontada neste momento, e mesmo que o mercado esteja desacelerando por conta das condições macro difíceis, os ativos da companhia possuem muito valor estratégico para quem esteja interessado em continuar consolidando o mercado de fibra.

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.