Investimentos

XP (XPBR31): ‘inferno astral’ impacta 4T22 e deve continuar em 2023; análise

Lucro antes de impostos cai 25% no trimestre; ações despencam após divulgação dos resultados do 4T22

Por Larissa Quaresma, CFA

17 fev 2023, 16:01 - atualizado em 17 fev 2023, 16:02

Imagem do logo da XP sobre uma plataforma na cor escura (XPBR31)
Reprodução: Shutterstock

Ontem (16), após o fechamento do mercado, a XP (XPBR31) divulgou seus números do 4T22, que decepcionaram – hoje, o papel cai cerca de 20%.

O lucro antes de impostos foi de R$ 738 milhões, queda trimestral de 25%. A má performance foi causada pela perda de receita em função das eleições e da Selic alta; além de uma estrutura de custos desfavorável.

A receita líquida foi de R$ 3,2 bilhões, queda de 12% contra o 3T22. A diminuição é explicada pelos segmentos Institucional (-38% t/t) e Serviços para Emissores (-37% t/t), afetados pela antecipação de negócios para antes das eleições e da copa, além da piora do mercado depois dos resultados das urnas.

A situação também piorou na linha de custos, que subiu 10% na comparação trimestral, para R$ 1,1 bilhão. O aumento foi causado por um mix pior nas comissões devidas , com maior participação do varejo; além de uma mudança no reconhecimento das tarifas de intercâmbio do cartão em compras parceladas; e, por fim, uma despesa de término de contrato com AAIs no valor de R$ 35 milhões.

Com isso, a margem bruta ficou em 65,1% no período, queda de 7,1 p.p. na comparação trimestral.

Despesas ficaram estáveis no 4T22

Do lado positivo, já é possível enxergar algum controle das despesas comerciais e administrativas. Excluindo incentivos de performance recebidos do Tesouro Direto e da B3, as despesas ficaram estáveis trimestralmente.

A companhia informou que cortou o número de funcionários em 6% no começo de 2023, o que deve ajudar a diminuir essa linha ao longo do ano – mas não sem incorrer em despesas de rescisão inicialmente. Assim, a XP sinalizou que as despesas comerciais e administrativas devem cair cerca de 6% no ano fechado.

As quedas de receita e margem bruta, associadas à manutenção do patamar de despesas, fez com que a companhia perdesse alavancagem operacional, gerando queda na linha final e perda de rentabilidade.

O lucro antes de impostos (EBT), que tira o efeito favorável da baixa alíquota de imposto de renda da companhia, ficou em R$ 738 milhões (-25% t/t), com margem de 23,2% (-3,9p.p.).

Olhando à frente, a XP sinalizou que sua margem EBT deve ficar entre 26% e 32% entre 2023 e 2025, começando do piso dessa faixa e caminhando gradativamente até o topo, no final do período.

XPBR31: nem comprar, nem vender

Do nosso lado, enxergamos a XP como um negócio fundamentalmente cíclico: ele entrega crescimentos e retornos superiores quando o custo de capital está em trajetória de queda.

Sendo assim, acreditamos ser difícil haver melhora operacional sem que haja antes queda na Selic e/ou uma melhora sustentada do sentimento do investidor brasileiro. Até que isso aconteça, o múltiplo atual da ação, de 9x o lucro estimado para 2023, parece-nos justo para o ponto atual do ciclo. 

A Empiricus Research teve uma recomendação de venda para XP (XPBR31) durante boa parte de 2022. Hoje, diante do valuation já bem descontado, temos uma visão neutra para o papel.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.

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